Duplo Clique

#2 O fim do TikTok, dos programas de diversidade, e a crise climática

Andrea Janer e Fernanda Belfort

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Nesse episódio exploramos as complexas interações entre tecnologia, política e crise climática, abordando o iminente encerramento do TikTok nos EUA, as implicações da posse de Trump no Fórum de Davos, e a crescente preocupação com refugiados climáticos. Através de uma análise abrangente, discutimos mudanças nas políticas de diversidade corporativa e os impactos dos incêndios em LA, levantando questões cruciais sobre o futuro do planeta e dos indivíduos que o habitam.

"As opiniões expressas aqui são estritamente pessoais e não devem ser interpretadas como representativas ou endossadas pela Salesforce, empresa onde a Fernanda Belfort trabalha."

Speaker 1:

Eu sou a Fernanda Belfort E eu sou a Andréa Janer, e bem-vindos a mais um episódio do Duplo Clique.

Speaker 2:

E aí Fê, como foi Semana boa, tudo certo.

Speaker 1:

Boa, não foi né Porque tive A minha sogra faleceu, então foi uma semana difícil. Estava contando aqui pro Mi até, mas também faz parte da vida, né, então indo em frente. Mas essa semana você vai ter que me carregar em algumas notícias aqui, porque eu não consegui ler tudo que eu queria Com nível de profundidade.

Speaker 2:

Você me perdoa né Imagina. A gente está aqui pra discutir o que chamou atenção. A gente acaba sendo impactado de várias formas para essas notícias e a ideia do Duplo Clique é isso escolher alguns temas muito quentes e a gente bater um papo sobre eles. Eu tenho certeza que a sua. Quando você fala que você não leu nada, pode ter certeza que você leu coisa pra caramba, talvez um pouco menos do que você faz nas outras semanas, mas te conhecendo, eu tenho certeza que você mergulhou em muitas dessas coisas. Bom, essa semana e você querida preparada pra.

Speaker 1:

Canes você embarca quando Canes.

Speaker 2:

Não pra.

Speaker 2:

Davos fiquei com essa coisa europeia, assim na cabeça sim, embarco amanhã via Paris e segunda-feira começa o encontro do Fórum Econômico. Esse ano tem tudo para ser uma semana eletrizante, para dizer o mínimo, já que o Fórum esse ano coincide com a posse do Trump. Eu tenho para mim que isso foi feito até provavelmente com essa intenção. Acho que quando eles marcaram a data do Fórum lá atrás, devem ter planejado manter o fórum uma semana mais tarde, porque no ano passado foi uma semana mais cedo pra poder contar com a eventual presença do presidente eleito, fosse quem fosse, né. Então eu acho que certamente foi uma estratégia aí pra poder ter essa possibilidade. Existe um rumor muito forte de que o Trump vai estar em Dav. Certamente foi uma estratégia para poder ter essa possibilidade.

Speaker 2:

Existe um rumor muito forte de que o Trump vai estar em Davos entre quarta e quinta-feira da semana que vem. Ele não confirma, claro, tem só uma confirmação de que ele vai participar de uma reunião virtual. Então ele já avisou que vai entrar por vídeo. Mas como ele gosta de um holofote, eu acho que ele não vai perder essa chance por nada. E numa semana que tem muita coisa acontecendo. A gente está aí vendo um quase acordo de cessar fogo entre Israel e Hamas, que tem até uma discussão super interessante sobre quem vai levar o crédito por esse acordo, por esse feito, porque ambos os presidentes estão tentando capitalizar em cima disso o Biden dizendo que foram anos, ano e meio, costurando esse acordo e o Trump dizendo que foi apenas porque ele ameaçou o Hamas que isso aconteceu. Então tem uma guerra aí de narrativas na imprensa muito interessante e acho que isso vai ser tema semana que vem em Davos. Também Tem as intenções dele de anexar o Canadá, comprar a Groenlândia.

Speaker 1:

Tudo isso vão ser provavelmente temas muito abordados semana que vem se ele não for, talvez ele mande o filho, igual ele fez na Groenlândia pode ser, pode ser. Deia. Eu acho que tem que fechar a janela. Tá com ruído, não tá, mig? eu tô ouvindo os carros passarem atrás da Deia, pode ser? eu não pensei nisso, boa, eu tô ouvindo os carros passarem atrás da ideia.

Speaker 2:

Pode ser, eu não pensei nisso. Boa, será que a gente começa de novo. Pra não ficar feio esse fundo, eu fiquei esperando.

Speaker 1:

Não, acho que não tem problema. Eu fiquei esperando o momento só pra ter um momento de silêncio, pra o Miguel conseguir cortar. Ah, mas acho que tudo bem, né, não precisa também. Vamos que vamos, o cabelo fica meio parecido. Daí que eu ia falar o quê da Gorilândia, acabou que eu tô tentando lembrar. Ah, já voltando Dea, e quando você volta de Davos Você vai gravar o próximo da onde Eu vou estar na Suíça, no próximo.

Speaker 2:

Nossa, a gente vai se encontrar por lá, né Espero estar com o fundo mais bonito, assim Eu também acabei de ter que fechar a janela aqui por causa da chuva Volto. Bom, depois eu vou pra Londres, passo uns quatro, cinco dias lá. Eu tenho filhos morando pelo mundo, né O meu do meio estuda na Espanha. Vai encontrar comigo, comigo meu marido que vai estar trabalhando em Londres. Lá, então a gente vai aproveitar um final de semana pra curtir um pouco em família.

Speaker 2:

E logo depois a gente volta pra se preparar aí pro reta final de SXSW também.

Speaker 1:

que promete, A gente vai gravar um de lá não vai, vamos com certeza. Talvez mais do que um. Né, talvez essa semana justifique ter mais de um. Vamos ver.

Speaker 2:

Boa, vamos ver. Bom, mas essa semana a gente também teve aqui no Brasil uma discussão muito forte sobre as redes sociais. A gente tem aí várias novidades nesse mundo. A gente falou bastante disso na semana passada no nosso primeiro episódio e alguns desdobramentos essa semana. Acho que o grande fato dessa semana é a data limite para uma solução para o TikTok nos Estados Unidos. Por esse processo, por essa determinação de que até dia 19,.

Speaker 2:

Ou seja domingo, ele precisa ser vendido. Ou ele precisa ser vendido ou ele vai ser encerrado nos Estados Unidos. E isso está mexendo com todo o ecossistema de influenciadores que vivem muitas vezes do TikTok, mexendo com anunciantes, marcas que enfim usam o TikTok para promover seus produtos. Então é realmente um caso assim inédito. Né A gente viveu coisas parecidas aqui com o X que ficou mais de 30 dias fora do ar, mas isso que está acontecendo nos Estados Unidos realmente é super interessante. Aí houve aquela botaria que talvez o Elon Musk comprasse o TikTok. Né Foi uma solução aí, uma possível solução que seria dada, e a gente está esperando pra ver o que vai acontecer nesse domingo.

Speaker 1:

E acho que esse assunto é um assunto que vale a gente dar um pouco de background aqui, né de contar um pouco por que que chegou nisso. Eu acho que é uma das poucas pautas americanas que unem democratas e republicanos, porque acho que esse é um tópico super importante. Mas e vou começando a contar aqui, me interrompa quando você quiser pra complementar. Mas eu acho que um dos pontos principais aqui é esse de que o TikTok nos Estados Unidos acabou tendo uma penetração muito grande. Ele tem um potencial de viciar as pessoas e tudo muito grande. Quem está começando a ouvir a gente hoje? no nosso episódio 2, semana passada a gente estreou o podcast falando bastante de mídias sociais. Então acho que tem bastante contexto lá. Mas o TikTok acabou ficando muito grande, tendo uma influência muito grande, principalmente nos jovens. E ele é um aplicativo chinês E pelas leis na China o governo pode exigir dados, informações e coisas de qualquer empresa E isso acabou sendo por mais que as pessoas que trabalham no TikTok, os executivos e todos neguem e falem que não, isso não acontece e tudo existe essa possibilidade.

Speaker 1:

E aí tem um poder que o TikTok passa a ter, ainda mais quando ele está num país que mesmo se você confiar na empresa, a empresa é obrigada a seguir algumas diretrizes e coisas, se o governo quiser, em que ele pode ser usado de diversas formas. Ele pode ser usado para potencialmente eu estou falando pode. Aqui não tem nenhuma prova de que isso acontece, mas só a possibilidade já é um problema grande o suficiente para os Estados Unidos Ele pode estar capturando dados das pessoas e eventualmente isso ser fonte para uma série de ações e coisas. Assim ele tá pode estar manipulando as pessoas.

Speaker 1:

Então as mesmas coisas que a gente tava falando lá de Cambridge Analytics na semana passada, né de como que pode ter um potencial de manipulação política, e tudo isso pode estar acontecendo. Tem toda essa discussão ainda né do uso do celular, de uso de mídias sociais, de quando isso é maléfico para os jovens. Então tem uma série de pautas que fizeram com que houvesse essa preocupação e essa lei dando um ano para que o TikTok ou passasse a ter uma outra empresa controlando e deixasse de ser uma empresa chinesa que está sujeita a esse tipo de ação do governo chinês, ou ele teria que ser banido dos Estados Unidos, o que você complementa, bea.

Speaker 2:

Vocês viram que ela disse que ela estava se desculpando que ela não tinha lido muito, Mas isso não é conteúdo dessa semana né gente, esse é anterior.

Speaker 1:

Eu sou espertinha também, né Eu vou puxar lá, entendeu.

Speaker 2:

Muito bom, muito bom, é, eu acho que esse é um. São 170 milhões de usuários nos Estados Unidos. Né, então, logo quando saiu essa determinação um ano atrás, fê, não sei se você lembra como teve um backlash né Os usuários, os influenciadores, muita gente fez quase que assim, fizeram motins pra tentar mostrar a importância que o TikTok tem na vida dessas pessoas que tem a ver com isso que você falou, desse vício que hoje tá sendo super questionado, super combatido, inclusive. Então a gente não sabe exatamente o que vai acontecer a partir de domingo.

Speaker 2:

Tem algumas possibilidades uma é o Trump conseguir através de uma manobra política executiva, porque ele toma posse no dia seguinte, então esse prazo acaba na véspera da posse dele. Então existe uma possibilidade de que ele use algum recurso, alguma manobra enfim basada pela lei para que ele consiga adiar esse momento. Então essa é uma possibilidade. Outra possibilidade é que o aplicativo realmente vá eles chamam de go dark, que é desapareça, as pessoas não consigam mais abrir. E a terceira possibilidade é que as pessoas continuem utilizando normalmente, mas a empresa não vai mais conseguir atualizar o aplicativo, fazer enfim mudança de versões, etc. E nesse caso ele vai ficando obsoleto lentamente de uma forma que as pessoas vão parando de usar. E tem uma quarta aí que as pessoas estão esperando, contando com essa possibilidade que é usar VPN pra poder acessar.

Speaker 2:

Como se tentou na época da proibição do X aqui no Brasil. Mas alguns especialistas americanos que têm sido ouvidos sobre esse assunto dizem que o VPN não funciona muito bem para celular, que é a mídia principal do TikTok. Então talvez essa solução, que é uma solução que está sendo apontada como a principal pelos usuários, talvez não funcione.

Speaker 1:

Então VPN, para quem não sabe, é quando você faz uma Virtual Private Network, se não me engano. Estou tentando aqui lembrar essas siglas do passado, mas é basicamente é como se você fizesse um túnel ali de conexão junto com uma empresa. Então quando eu estou de repente me conectando com a empresa onde eu trabalho e estou acessando dados e tudo, se eu tenho uma conexão por VPN, eu acabo tendo uma conexão segura fechada e aí vale onde está o servidor dessa VPN? Então você não consegue mais identificar que essa pessoa está no Brasil ou que essa pessoa está em tal lugar. Passa a contar se eu estou numa empresa de São Francisco, passa a ser São Francisco.

Speaker 1:

Muita gente usava isso para Netflix e coisas assim no passado, e depois vieram tecnologias que mesmo as VPNs eles conseguiam segurar. Então a gente vai ter que ver tudo isso. mas tem todas essas discussões. Tem discussões de se você acessar via web, se você fizer desse jeito ou daquele, então obviamente agora vão nascer também esses workarounds, todos. mas existe aí toda essa situação. Eu pessoalmente me preocupo bastante com o potencial que poderia ter desses tipos de condutas ruins, entendeu?

Speaker 1:

Eu acho que quando teve essa parte de bloquear o TikTok e tudo, eu achei que foi algo positivo, porque eu acho que é realmente algo, depois do que a gente conversou semana passada, do quanto as mídias sociais têm poder, hoje você de repente, no seu país, ter uma das redes potencialmente mais usadas pela população que está sob a ação e o potencial uso de um inimigo seu porque existe.

Speaker 1:

não chega a ser uma guerra fria, mas existe sim uma situação bastante conflitante. E eu acho que uma outra coisa que apareceu também nessas últimas semanas foi essa lei, essa regulamentação em relação aos chips americanos, classificando quais são os países que são os países amigos que poderiam comprar tecnologia de chips americanos e tal outros que precisariam pedir autorização e tal, e quais que são os que realmente não poderiam. Então, cada vez mais tem um entendimento de que todo esse tipo de poder de processamento, de acesso e acesso aos dados e tudo isso das pessoas são coisas que podem dar vantagens que não são mais simplesmente vantagens econômicas, são possivelmente vantagens de manipulação, vantagens que chegam a ser até potencialmente militares em relação aos outros países.

Speaker 2:

A gente vem de um mundo em que até recentemente os países que tinham petróleo eram os países mais ricos e mais poderosos. E hoje a gente está caminhando para uma nova configuração geopolítica e acho que os chips têm muito a ver com isso em que países que têm alguns minérios que são fundamentais para esses novos, para essa nova economia, né então a gente está falando aí não só de lítio, mas de cadmium, de várias outras coisas países inclusive pouco relevantes num cenário econômico mundial vão se tornando super importantes. Né então essa economia do futuro, da tecnologia e que privilegia esse tipo de coisa vai mudar o xadrez geopolítico. Essa questão dos chips que a gente falou já bastante, essa questão da Nvidia, por exemplo, taiwan, onde os chips são fabricados ali, tem sempre essa ameaça de ser invadida pela China.

Speaker 2:

O fato de o Biden mesmo ter injetado muito dinheiro nos Estados Unidos pra tentar ressuscitar a Intel, né porque eu sou da época que a Intel era o chip. Mais a Intel foi a Nvidia um dia, né a Intel foi a Nvidia muitos e muitos e muitos anos atrás. Acho que nos anos 90, assim a Intel era uma potência. Né E tinha foi a primeira. Quem tá ouvindo aqui que tem mais de 50, tipo vai lembrar do Intel Inside. Então a Intel foi realmente essa potência E ter soberania, por assim dizer, em chips hoje é estratégico. Então essa tentativa de revitalizar a indústria de chips americana passa por isso, para não depender desses outros países, dessas outras indústrias, e quem tem esse poder na mão está super por cima do jogo.

Speaker 1:

E aí tem. Para quem não sabe, a Nvidia é uma empresa americana, que é a empresa. Né. Quem de alguma forma é investidor, investe ações. Sabe, já deve ter ouvido falar quantas ações da NVIDIA valorizaram nos últimos anos, porque eles são a empresa que tem os melhores chips para treinar essa inteligência artificial que faz né essa IA generativa e tudo hoje que são essas GPUs. Né E apesar da NVIDIA ser uma empresa americana, ela desenvolve toda a tecnologia. Mas quem efetivamente produz é uma empresa, a maior parte é uma empresa que fica em Taiwan, como a Dea falou, que é uma empresa que chama TSMC Taiwan Semiconductor Manufacturing Company. Estava olhando aqui né gente, essa, eu colei fato Então.

Speaker 1:

E tem toda essa discussão de que se a China, por exemplo, invade Taiwan, de repente os Estados Unidos param de ter chip E quem passa a ter chip é a China. Então tem N discussões e até uma situação geopolítica grande acontecendo aí, em que a gente não viu os Estados Unidos intervindo de uma forma tão direta e forte no conflito de Gaza, por exemplo. Mas a gente fala cara, se a China invadisse Taiwan, possivelmente ia ter um monte de coisa e talvez cortar o acesso da China a esse tipo de chips por esse tipo de embargo, seja até algo que esquente politicamente essa briga toda.

Speaker 2:

A gente teve uma escassez de chip recentemente. Acho que foi em 2022, talvez foi meio pós-pandemia, ali 21, talvez 22, eu não me lembro direito agora, mas houve uma dificuldade de abastecimento enorme de chips e com isso a gente teve atraso na produção de iPhones, atraso em produção de computadores, atraso na produção de carro, gente, tudo hoje em dia tem chip Enfim. Então a gente realmente é um produto que ganhou uma relevância nesse mundo tecnológico, que a gente realmente é um produto que ganhou uma relevância no mundo, nesse mundo tecnológico que a gente vive gigante. Então hoje ter chip ou ter um domínio nessa indústria ou ter alguma matéria-prima que essa indústria valoriza muito, virou realmente estratégico.

Speaker 1:

Dea, vamos para a próxima, vamos. Bom, a gente também viu várias notícias essa semana em relação às políticas de diversidade e inclusão nas empresas. Tudo que a gente falou da meta semana passada. Não só a meta tirou todo aquele sistema de checar fatos e tudo isso, como também acabou cancelando eu acho que é a palavra adequada os projetos e as políticas internas de diversidade e inclusão. A gente sabe que essa é uma discussão grande, que tem acontecido também. Pelo que eu pesquisei, outras empresas como Amazon, microsoft, também já tinham cancelado E pelo meu entendimento, e me conta até o que você entendeu disso tudo não quer dizer que essas empresas não se preocupam mais com isso, mas quer dizer que essas empresas não se preocupam mais com isso, mas quer dizer que eles não têm mais políticas estruturadas, né imagino que deve ter algumas possíveis tô colocando aqui porque eu não sei exatamente o que tá acontecendo em cada uma delas, né mas possíveis implicações, como por exemplo não ter vaga afirmativa de falar puxa, essa é uma vaga que vai ser exclusivamente pra uma mulher. Né de ter igual.

Speaker 1:

A gente tem política de cotas, toda essa parte de reparação histórica e coisas assim. E no meio disso tudo apareceu a Apple, que algum investidor da Apple fez um questionamento pedindo para que a Apple cancelasse tudo isso também e a Apple acho que esse vai ser um dos temas que vai ser votado na reunião de de acionistas e a Apple está fazendo uma campanha para que isso não seja cancelado. Então a gente teve até algumas discussões nos grupos que a gente tem né de puxa. Que tristeza ter que ter uma campanha para não cancelar isso. A gente avançou tanto né nessas políticas e coisas no passado e você já vinha falando isso na Oxygen há algum tempo, né Dea que tava tendo você vai ter que explicar esses termos um backlash dessa onda woke e eu vou deixar você pra explicar todas essas palavras difíceis que eu vou aprendendo com você.

Speaker 2:

Ah, imagina, gente, nós voltamos a 2019,. Né, isso tudo que tá acontecendo tá fazendo com que a gente é um retrocesso. Nós voltamos a 2019. Isso tudo que está acontecendo está fazendo com que a gente é um retrocesso que remonta a era pré-Me Too, a era pré-George Floyd. A gente está voltando para 2019, quando essas coisas ainda não eram mainstream, não eram ainda populares naquele momento. Acho que nos últimos cinco anos, acho que esses dois movimentos Matthew e a morte do George Floyd, o Black Lives Matter foram dois movimentos muito, muito relevantes que ganharam muito apoio, muita participação de muita gente acabou entrando nas empresas e parecendo que era a coisa certa a ser feita, e acho que a gente fala muito também de movimento pendular. A gente acabou indo para um lado que, enfim, muita gente estava desconfortável com o que eles consideravam um excesso de políticas de diversidade, equidade e inclusão, em que pessoas negras, por exemplo, eram privilegiadas em algumas vagas sobre pessoas brancas igualmente qualificadas. E a gente sabe que meritocracia é um conceito muito bonito mas não existe na prática, especialmente num país com a desigualdade que a gente tem no Brasil, um país como o nosso país com a desigualdade que a gente tem no Brasil, um país como o nosso que tem uma desigualdade gigante. Então, meritocracia, é até engraçado falar disso assim no Brasil, quando as pessoas não têm as mesmas condições para chegar nos mesmos lugares, mas a verdade é que tinham muita gente incomodada com essas políticas. Que tinham muita gente incomodada com essas políticas tanto que na primeira brecha que aconteceu e o Zuckerberg não foi o primeiro a fazer um anúncio como esse acho que outras empresas já tinham começado a fazer, principalmente empresas americanas, cujo público tem esses mesmos valores. Talvez um caso emblemático aqui para ilustrar isso tenha sido da Bud Light, que fez uma campanha de PR, uma campanha com influenciadores, em que ela mandava para a casa de alguns influenciadores um kit, como muitos fazem hoje, para o influenciador fazer um post, mostrar, comentar, fazer story, etc. E uma dessas influenciadoras que recebeu o kit da Bud Light chamava-se Dylan Mulvaney, que era um ativista trans E no kit, a lata da Bud Light inclusive, tinha uma ilustração com o rosto do influenciador que recebia o presente né o kit. E quando ela abre a caixa ela mostra uma lata que tem uma imagem dela né do rosto dela e faz uma super. Ela não era a primeira vez que ela trabalhava com a Bud Light, ela já tinha uma relação com a marca e isso gerou uma comoção nos Estados Unidos, o consumidor médio da Bud Light, que é esse homem hétero, cis, de sei lá 35 anos, 30 anos, que é aquele americano meio redneck, aquela pessoa com valores muito conservadores, fizeram assim N vídeos que viralizaram, mostrando, dando tiros em latas. Fizeram assim N vídeos que viralizaram, mostrando assim, dando tiros em latas, de Bud Light, reclamando, fazendo assim uma verdadeira campanha contra Bud Light, mostrando um grande descontentamento com aquilo. Bom, encurtando a história, as ações despencaram e acho que até hoje não voltaram ao patamar que elas tinham antes desse acontecimento as ações da Bembev.

Speaker 2:

A Bud Light despencou enfim seu consumo nos Estados Unidos e a diretora de marketing foi demitida, mostrando que a empresa não bancou a sua equipe, seu time. Houve até uma carta na época pedindo desculpas ao público que se sentiu ofendido por aquilo e tudo mais. E isso acabou se tornando um episódio muito emblemático para todos os marqueteiros, publicitários, comunicadores americanos, porque ali Todo mundo entendeu Que o risco de você abraçar uma causa, de você tomar partido Era muito alto. E de lá para cá A gente vem vendo a diminuição, é muito sensível isso. A gente vê nitidamente a diminuição Do engajamento das empresas, das marcas, em pautas de diversidade, equidade e inclusão. Então, depois disso, vem enfim Mês da Consciência Negra, pride Month, tudo isso que são datas que homenageiam essas populações minorizadas, tudo isso perdeu muita força depois desse episódio nos Estados Unidos. As marcas ficaram com medo, elas ficaram acuadas E isso vai enfraquecendo o movimento, vai enfraquecendo, vai enfraquecendo As pessoas, vão perdendo talvez a motivação para fazer isso E estamos chegando aí. Já em 2024, vem a eleição do Trump e quando o Trump é eleito, todas essas pessoas saem do armário e dizem puxa, finalmente, agora eu não vou mais me sujeitar a essa onda.

Speaker 2:

Woke né, woke sendo um termo que vem de acordar, que é wake, wake up é acordar. Em inglês Woke foi um nome usado lá atrás quando a pessoa acordar, que é wake, wake up é acordar. Em inglês Woke foi um nome usado lá atrás quando a pessoa acordava. Né Woke é passado de wake. Então era um termo que significava eu acordei, significava que você passou a enxergar certas coisas, você passou a ver a luz, digamos assim.

Speaker 2:

Então esse termo acabou depois sendo a direita se apropriou desse termo e começou a usá-lo de forma pejorativa, tratando essas pessoas que tem pautas progressistas, que tem valores mais humanitários. Passaram a ser consideradas woke e aí toda a narrativa da extrema direita passou a ser anti-woke, e isso tem a ver com esse mundo polarizado que a gente vive, em que não existe um meio de caminho. A pessoa ou é super a favor das pautas progressistas, pautas de costume, etc. Ou a pessoa é super contra tudo isso, acha tudo isso uma balela. Então isso é o cenário americano hoje em dia e acho que essa decisão do Mark Zuckerberg é uma pena, porque acho que é uma empresa muito grande, muito influente, e cada vez que uma empresa influente como essa toma essa decisão, ela impacta todo o mercado.

Speaker 2:

Então assim é uma notícia muito triste. A gente só tem a lamentar essa notícia. Claro, como você bem ressalvou, não significa que eles não vão mais prestar atenção nesse tema, mas ele perde força. Os times que foram montados nos últimos anos para tocar essas pautas dentro das empresas já têm sido desmontados. De uns tempos para cá A gente começa a ver as empresas demitindo as suas áreas de diversidade, equidade e inclusão, mostrando que a prioridade não é essa.

Speaker 1:

Odé e eu acho que uma outra coisa que aconteceu nesse meio tempo também foi desde a pandemia começou todo um processo econômico e aí, também relembrando um pouco isso, veio a pandemia, de repente começou a ter um monte de ajuda financeira às pessoas. Por outro lado, muitas empresas pararam. Então o que aconteceu com chips, por exemplo, que demorou um bom tempo depois né para esse mercado se refazer, começou a faltar produto e tinha uma demanda, né Gente com dinheiro, com poder aquisitivo na mão, querendo comprar coisas, poucos produtos para serem vendidos. Isso gerou inflação E de repente começou esse processo que há muito tempo nos Estados Unidos. Para segurar a inflação, eles acabaram aumentando a taxa de juros E os Estados Unidos, que era um mercado que há muito tempo vinha com taxas de juros tipo zero.

Speaker 1:

Então o único jeito de você ganhar dinheiro com aplicação financeira é você investir em uma empresa. Era um mercado que tinha muito dinheiro para investir em empresas E a hora que, sem nenhum risco, essas pessoas puderam começar a fazer aplicação em bonds americanos, em coisas assim, e ter uma rentabilidade, a quantidade de dinheiro disponível para as empresas diminuiu. Isso fez com que o mercado passasse a olhar mais para a rentabilidade e que todas as empresas tivessem que começar a olhar para a eficiência E aí, junto com esse processo todo desses últimos anos e acho que é muito o que está acontecendo com a Apple agora essas empresas passaram a muitas vezes ser questionadas se esse tipo de política não era uma distração, Porque no fim do dia eles estão lá para gerar valor para o acionista, para deixar o cliente feliz, para um monte de coisa.

Speaker 1:

E acho que um papo super recente também, que eu não li tanto, mas eu ouvi alguns podcasts essa semana que eu ouço- todo dia quando acordo é gente um pouquinho que bom que um pouquinho foi mas de que um dos pontos tá sendo o quanto o próprio Elon Musk e algumas outras pessoas e todo esse pessoal de direita tá começando a culpar todas essas políticas de diversidade e inclusão, inclusive na Califórnia, no departamento dos bombeiros, de tudo isso, falando que isso é uma grande distração. E aí isso se juntou a uma série de fake news, né de que sei lá, eu vi umas fake news, assim que eles tinham dado os baldes pra Ucrânia e que então não tinha balde pra combater um incêndio, de que tinha caído o budget por causa disso tudo. Eu acho que a chefe de polícia ou a chefe dos bombeiros, ou alguma mulher envolvida nisso poderosa, que tá ligada a toda essa ação nos Estados Unidos, que tem um super currículo incrível e tal tem, né nas mídias sociais dela a primeira coisa que ela é gay, que ela é mulher, eles falando tá vendo, é uma distração, tá se preocupando com isso enquanto devia, tá organizando as coisas pra combater um fogo como esse, e aí gera até uma narrativa que tem toda a parte de clima, né todo todo esse cenário que acontece lá, né em relação aos ventos, né como é que chama os ventos. Não sei se é hoje você lembra o nome Santa Ana Winds, né que é isso, né esses ventos de Santa Ana, que é essa coisa que acontece lá e que estão gerando esses ventos super rápidos E começou um super conflito, nisso. E eu acho que o que está acontecendo um pouco com a Apple é esse negócio tipo peraí, eu sou acionista da Apple, só que para eu decidir se eu vou manter meu dinheiro na Apple ou se eu vou colocar numa outra empresa.

Speaker 1:

Eu quero entender quão focados vocês realmente estão socialmente, tão em gerar valor para o acionista e para os consumidores versus quererem ajustar a sociedade. Então acho que entra em tudo isso que está muito ligado a essa lei da selva que a gente falou do Ian Brenner na semana passada, que é esse lance de que os Estados Unidos deixando cada vez mais de ter essa posição de alguém que tem um papel importante pelo poder que tem no mundo e até das empresas deixando, ou muita gente crendo que as empresas deixem de ter esse papel transformador de sociedade progressista e tudo pra focar simplesmente em cara, me dá o meu lucro e boa.

Speaker 2:

É aquela história do Larry Fink lá em 2020, eu acho, quando fez aquela carta da BlackRock, que ele propôs um capitalismo de stakeholder. Né o stakeholder capitalism versus o shareholder capitalism, que é o que impera, vem imperando, né desde sei lá quando. Então, assim eu acho que essa visão de que a empresa existe pra contribuir, pra abraçar a comunidade, ajudar os funcionários e ter um papel mais ativo no bem-estar da sociedade como um todo vem sendo colocado em xeque. Quando a economia fica ruim, as coisas vão pra esse lado.

Speaker 2:

Eu só queria fazer um adendo aqui que a gente tá vendo essa semana esse assunto muito forte, o Zuckerberg dizendo que as empresas tem que voltar a ter energia masculina e tudo mais sendo a gente foi muito chocante assim, né pai de três filhas, pai de três filhas, de três meninas, disse no podcast de claro não podia ser o outro podcast que não o do Joe Rogan, que também é um, é uma pessoa que gravita nesse mundo também dos bros que as empresas podem se beneficiar de ter um pouco mais de energia masculina, entre outras pérolas. Ele gravou um podcast de três horas com o Joe Rogan semana passada em que ele explica tudo isso. E a Apple foi uma das acho que foi a única empresa dessa semana que se manifestou contra o desmantelamento dessas políticas de DEI, de diversidade, equidade e inclusão nos Estados Unidos. Ela se manifestou porque vai haver uma votação lá de diversidade, equidade e inclusão nos Estados Unidos. Ela se manifestou porque vai haver uma votação lá, como você falou, e eles pedem para os shareholders votarem pela manutenção dessas políticas. E só para dar o crédito aqui, tim Cook, ceo da Apple, é gay E eu acho isso muito emblemático.

Speaker 2:

Assim, no momento em que a gente fala de cultura corporativa, né, como essa questão da cultura é top-down, não tem jeito, né É preciso um CEO que acredite, que tenha valores, que tenha princípios mais progressistas, mais humanitários, para que a empresa inteira reflita e pratique essas iniciativas. Então eu acho super bacana a iniciativa da Apple. Tem todo meu respeito, minha admiração por ter ido contra um movimento muito forte, um movimento maga da Corporate America. Tem uma matéria ótima no Wall Street Journal, desculpa, no Financial Times dizendo isso né Corporate America is going MAGA, né make America great again. E assim tá todo mundo tentando se alinhar aí ao Trump, né então eu acho que são raras as empresas que vão se posicionar de uma forma independente, isenta. Tá, todo mundo. A gente viu aí nas últimas semanas quantas empresas de tecnologia doaram, fizeram doações robustas pra posse do Trump. Todo mundo ali tentando se alinhar a ele, tentando ficar bem na fita, porque nunca se sabe o que vem por aí.

Speaker 1:

E acho que é interessante também entender um pouco desses movimentos. Então, como você falou, esse MAGA M-A-G-A é, no fundo, é a sigla que representa esse Make America Great Again, que é toda a campanha do Trump, de todas essas pessoas de direita e tudo nos Estados Unidos. E uma outra matéria que você me mandou, dé, super interessante é o quanto também agora todos esses caras de tecnologia, aliás, um dos pontos de Davos não é simplesmente o fato do Trump ir, mas gente, já pensou o Elon Musk, esses caras todos terem que decidir se eles iam na posse do Trump ou se eles iam para Davos, porque o público é o mesmo, né? Então acho que isso ia ter um super conflito.

Speaker 2:

Eles pegam o jatinho e vão pra lá. Né, é o que vai acontecer vai ter uma revoada.

Speaker 1:

Climate change pra quê né Vão lá?

Speaker 2:

discutir descarbonização da economia de jatinho.

Speaker 1:

Então assim às vezes é uma coisa super, é um metaverso de Davos um pouco, né Eu amo ir pra lá, mas assim são as críticas que se faz aquele mundo todos os anos, né Totalmente, mas contando né que assim, pela primeira vez, essas grandes empresas de tech e tudo estão juntos né Estão presentes, vão estar presentes de uma forma mais forte em Washington, coisa que o mercado financeiro americano já tem esse fit. faz tempo brincam que a Goldman Sachs devia se chamar Government Sachs, porque sempre tem alguém do governo e tudo. mas agora começa um pouco dessa relação, mas que, por outro lado, com essa lei da imigração, por exemplo, essa lei, não essa discussão em relação à imigração, esse já está sendo o primeiro crack nessa relação, porque assim todo esse pessoal, quase todos eles, são imigração. esse já está sendo o primeiro crack nessa relação. né Porque assim todo esse pessoal Quase todos eles são imigrantes né.

Speaker 1:

Então quase todos eles são imigrantes. A indústria de tecnologia depende de trazer mão de obra hiperqualificada, de desenvolvedor, de engenheiro, de um monte de gente para os Estados Unidos e eles querem que seja fácil para essas pessoas conseguirem visita para trabalhar nos EUA. Por outro lado, toda essa galera que é um pouco mais protecionista e que não quer imigrante, que não quer nada disso, já começou a ter uma certa tensão com o pessoal de tecnologia. E eu estava até ouvindo, também em relação ao incêndio, que muito bonito, muito bonito, todo mundo ali, todo mundo, não todo esse pessoa de direita arrumando briga com o México, Não só ter um monte de bombeiro mexicano e bombeiros do mundo inteiro indo pra lá ajudar como vai precisar de uma mão de obra pra reconstruir Los Angeles.

Speaker 1:

Que, no fim do dia, todos esses imigrantes e tudo sempre foram muito importantes pra esse tipo de atividade nos Estados Unidos. Então acho que tem várias coisas acontecendo, mas tem uma briga política acontecendo em volta desse incêndio, da razão do negacionismo em relação à mudança climática e tudo que está aparecendo de uma forma forte e a gente vai ver como vai evoluir nas próximas semanas.

Speaker 2:

Sim, eu acho que, com relação a isso, um ponto que eu queria chamar atenção, que merece um duplo clique aqui, é o custo desse incêndio. Né, porque essa região que tá queimando tem algumas, algumas delas são assim o metro quadrado mais caro dos Estados Unidos, tem casas ali, mansões que enfim vir pó, viraram cinzas, que eram na casa de 50, 60 milhões de dólares. Muitas dessas casas não tinham seguro. E a gente está falando só da casa. A gente não está falando do que tinha dentro, obras de arte, enfim. O que a gente até apontou nas Oxytrends do final do ano passado, que é o relatório de tendências que a gente até apontou nas Oxytrends do final do ano passado, que é o relatório de tendências que a gente publica na Oxygen, é que essa é uma questão super séria da emergência climática, da mudança climática.

Speaker 2:

Algumas regiões do mundo simplesmente vão se tornar cada vez mais inabitáveis e as seguradoras já não aceitam segurar determinados lugares porque a chance daquilo viver daquela região, ser vítima de um evento climático extremo como esses que a gente tem visto cada vez mais, é enorme. Então simplesmente não aceitam mais fazer esse tipo de seguro. Vários desses lugares que estão queimando no sul de LA já não tem as seguradoras, já optaram por não segurar. Então existe lá uma outra taxa que é meio obrigatória, compulsória, mas também não tem dinheiro suficiente pra ressarcir todas essas pessoas. Então agora vai entrar numa outra, numa outra fase da conversa sobre como a gente vai viver nesses lugares, como é que a economia vai funcionar, na medida em que o mercado imobiliário vai ter que fazer escolhas.

Speaker 2:

Hoje já existem muitas imobiliárias, por exemplo nos Estados Unidos, que oferecem rankings de risco de eventos climáticos extremos em determinadas regiões, para que você faça, tome uma decisão bem informada de que aquele lugar, se é no litoral, por exemplo, existe uma chance grande da elevação do nível do mar. Então você tem que se preocupar se aquilo ali de repente não vai desvalorizar muito no futuro. E existem muitos modelos preditivos que já mostram sei lá, fort Lauderdale na Flórida já tem uma projeção muito clara de que daqui a 10 anos vai ter subido sei lá 10 centímetros. Então isso tudo não são mais apostas, já tem modelos, a tecnologia já nos ajuda a prever com uma acurácia muito grande que lugares são mais propensos a perder valor.

Speaker 2:

Então isso vai impactar todo o mercado imobiliário como um todo E o que está acontecendo em Aleia agora é muito sério E a gente vai ver isso daqui para As pessoas por enquanto ainda estão de luto, lamentando as suas perdas, as suas casas, as suas coisas, muita gente desabrigada. O fogo ainda nem foi debelado totalmente, mas já já a gente vai entrar nessa discussão porque terá sido o evento climático extremo, talvez o incêndio mais caro da história dos Estados Unidos com certeza e eu estava lendo inclusive que muitas pessoas tiveram a parte de cobertura de incêndio das suas casas cancelado nos meses anteriores.

Speaker 1:

então não só que assim já não tinha seguro, Tinha muita gente que tinha esse tipo de seguro, mas foram cancelados pelo risco.

Speaker 2:

Imagina a judicialização disso E eu acho que talvez nunca é bom usar esse exemplo como uma forma de. Parece até meio alienado a gente dizer que bom que isso aconteceu, para ver se de repente muda a narrativa. Mas assim todo esse dinheiro que é gasto pelos governos e pelas empresas na reconstrução de um lugar que foi vítima de um evento climático extremo, poderia ter sido utilizado nessa prevenção, na descarbonização da economia, em todas essas iniciativas de mitigação, enfim mesmo de adaptação da crise climática, sempre lembrando que a gente está num momento em que ainda tem muita mitigação para ser feita da mudança climática. Mas tem algumas áreas humanas que a gente vai ter que fazer as pazes com a realidade e já trabalhar para adaptação, porque a gente não vai conseguir cumprir as metas.

Speaker 2:

Então, como é que as cidades vão se preparar para novos eventos climáticos extremos? cada vez mais a gente vê nos festivais, quando a gente vai para fora, essa pauta resiliência urbana, a resiliência das cidades, cidades resilientes. Que é para tentar pensar como você diminui o número de mortos, de afetados, de pessoas afetadas, porque a gente não está nem falando do custo humano. Aqui Eu estava falando do custo financeiro porque eu acho que pode ser uma maneira de sensibilizar governos, empresas, pessoas a mudar um pouco a maneira de enxergar a crise climática, né. Mas quando a gente ainda fala das perdas humanas, é muito sério né.

Speaker 1:

Eu tava até dando uma pesquisada né Achei algumas notícias disso mesmo né Uma das maiores empresas de seguros na Califórnia chama State Farm e eles cancelaram assim mais de mil. Na verdade tem um dos números aqui. né Tô lendo no Los Angeles Times Fala que eles cancelaram mais de 7.600 policies ou não renovaram né Naquela área de Palisades que foi uma área super afetada. Pacific Palisades é E aí e esse negócio todo né afetada. Pacific Palisades é, é E aí e esse negócio todo né Puxa assim. tá bom vai, se não tem nada a ver com a mudança de clima, com o que tá acontecendo, se isso poderia ter acontecido, como sempre aconteceu, por que essas áreas antes tinham esse tipo de seguro e passaram a não ter. O que mudou na condição ali, então acho que tem aí muita coisa.

Speaker 2:

obviamente vai ter que ser investigado, mas é bem triste e aí serve, como sempre, como alerta pra gente olhar aqui, como a gente, como as cidades brasileiras, como o governo tá pensando em resiliência climática, o que a gente tá fazendo pra não ser a próxima, pra não viver uma próxima, o que a gente está fazendo para não ser a próxima, para não viver uma próxima enchente, a gente precisa pensar nisso e colocar energia e investimento para essa adaptação, porque agora não é mais. Se a gente vai viver essas coisas, é quando a gente vai viver essas coisas, porque está muito claro que o clima está realmente em desequilíbrio. A natureza está em desequilíbrio. A natureza tá em desequilíbrio por tantos, né a gente já sabe porquê, anos e anos de negligência humana, né com todas essas pautas, e agora a gente tá pagando esse preço.

Speaker 1:

Sim, outra expressão que aprendi. aprendo muita coisa com a Deia gente. outra expressão que aprendi com você ideia em alguma das aulas incríveis da Oxygen é a de refugiados climáticos Refugiados climáticos.

Speaker 2:

Eu acho esse tema tão sensibilizado.

Speaker 1:

Explica o que é isso Eu sou sensibilizada.

Speaker 2:

A gente tem uma população gigante. Os números são variam de acordo com a fonte, mas se fala em 100 milhões de refugiados pelo mundo. E são refugiados climáticos, ou seja pessoas que tiveram que sair dos lugares onde elas viviam por conta de algum evento climático extremo, E também os refugiados de guerra, dos conflitos. São esses dois tipos de refugiados que se enquadram aí nesse número grande que eu dei Os refugiados de conflitos. A gente está vendo todo dia Quem estava na Palestina, quem estava no Líbano e de repente precisa sair de casa. A gente teve na Síria os ucranianos, pessoas que precisam sair urgentemente de onde vivem para fugir de uma guerra. Desde que o mundo é mundo, a gente tem isso, só que os números estão ficando muito assustadores E essa é uma população que é uma responsabilidade de todo mundo. Existem várias pesquisas que mostram que essas pessoas não fogem para um lugar tão distante por uma questão de sair andando e tudo mais. Eles vão para alguns lugares próximos às fronteiras E a gente está vendo na Europa, de uns anos para cá, um movimento de tentar repelir esses migrantes. Agora nos Estados Unidos, com essa história do Trump, então nem se fala Uma tentativa de fechar as fronteiras, porque é muito difícil lidar com todas essas pessoas. Mas, gente, essa é uma questão dessa década desse século. Muitos lugares vão se tornar inabitáveis.

Speaker 2:

A gente viu, por exemplo, no Rio Grande do Sul ano passado, que a gente já esqueceu dessa enchente. Isso que é uma coisa muito característica do ser humano a gente se sensibiliza, a gente ajuda, a gente doa. Três meses depois ninguém mais lembra daquilo. a vida segue e eu acho que assim no Rio Grande do Sul, quando a gente viu aquela tragédia, tinha cidades ali que foram inundadas, que era a terceira vez que sofriam uma inundação. Então, lugares assim, ninguém mais deveria poder voltar para uma cidade ou para um lugar que viveu isso. E aí você entra nessa questão, tá, mas aí o que a gente faz com essas pessoas, né A gente aloca essas pessoas aonde, o que a gente faz com essa cidade que existia o cartório, o hospital, a escola, né A gente tá vendo isso agora, com mais recentemente as pessoas dizendo que a escola das crianças em L em LA queimou.

Speaker 2:

Como é que você reconstrói aquilo? Em que lugar você tem que reconstruir? Será que essas pessoas que perderam suas casas em Los Angeles vão querer reconstruir suas casas em Los Angeles Ou vão procurar um outro lugar? São pessoas que a maioria ali tem plenas condições de escolher onde vai morar, de construir uma outra casa. Muitos ali a gente via eram atores de Hollywood, pessoas que escolheram morar ali. Claro que nem todos. Muita gente menos favorecida também perdeu tudo. Mas o que fazer? quando você mora numa ilha que vai desaparecer, quando você mora num lugarha que vai desaparecer, quando você mora num lugar que frequentemente passa por secas ou por inundações? essas pessoas precisam ser realocadas. E esse refugiado climático, ele é errante, ele vai andando pelo mundo até encontrar um lugar para ele se assentar. Então, essa é uma pauta dessa década A gente vai precisar lidar com todas essas pessoas que estão sendo deslocadas por causa da mudança climática.

Speaker 1:

E eu acho até interessante de que no passado as pessoas fugiam do frio né. E tem até uma teoria de que no hemisfério norte, nos países em que tem invernos mais severos, acabam sendo países mais ricos porque o que o governo e a população, o sistema consegue absorver de número de pessoas, de emprego e tudo é quem sobrevive? Porque no fim do dia, cara, você não consegue morar na rua, sei lá na Finlândia, não tem jeito. Então se você tem sistema pra absorver duas mil pessoas, são duas mil pessoas que vão sobreviver, o resto não sobrevive. Isso acaba acontecendo ao longo de anos e anos e anos e anos e leva a não ter populações tão grandes.

Speaker 1:

E quando você olha né ali, mais todo o hemisfério sul, isso é diferente E de repente agora tem uma tendência de que as pessoas não vão fugir do frio pra vir pro calor. Elas vão fugir do calor potencialmente pra ir pra outros lugares. Então tem todo um fluxo que eu acho que é interessante. Também tinham cidades e países que eram péssimos pra morar porque tinha inverno super né difíceis, que eram péssimos para morar porque tinha inverno super difícil, e talvez agora as pessoas fujam dos trópicos.

Speaker 2:

Isso está acontecendo, isso é pauta para um outro. A gente já está falando há bastante tempo aqui. Talvez a gente tenha que guardar isso para o próximo, mas a pauta do turismo também. O turismo está mudando por causa da emergência climática. A gente começa a ver que agora, por exemplo, janeiro é a temporada de esqui no hemisfério norte, várias estações sofrendo com falta de neve. Isso é uma coisa que aconteceu já três, quatro anos atrás. Agora voltou a acontecer, em que estações chegam a nem abrir porque não tem neve suficiente. Não nevou o suficiente no final do ano passado para formar aquela base, então estão sofrendo da mesma forma. A gente vê cidades no sul da França, no sul da Itália, que são muito procuradas no verão, também chegando no limite. Né as pessoas, não o que aconteceu esse ano, por exemplo, em Barcelona, né que os locais atacaram os turistas com metralhadoras de água e tudo mais pra tentar afugentar os turistas, né pedindo pras pessoas não irem, eles devem ter gostado né do calorzão.

Speaker 1:

uma metralhadora é uma ótima solução. Desculpa gente a piada.

Speaker 2:

Não, mas é isso. Assim, tipo a gente vai ver uma mudança também nos destinos, nos lugares que as pessoas escolhem pra passar férias e tudo mais.

Speaker 1:

Mas isso é pauta pra outro duplo clique olha eu que ainda tô com filhos bem na idade escolar, minhas meninas tem 11, 11, nada, 13, 16, eu queria muito mudar as férias no mundo, entendeu de julho e janeiro pra tipo setembro e abril, assim acho que a gente devia fazer um projeto no mundo, bem agenda, bem agenda de rico mimado, que não tem mais o que. Um projeto no mundo, bem agenda, né Bem agenda de rico mimado, né Que não tem mais o que se preocupar na vida Nossa total é Total. Why to reach?

Speaker 2:

né.

Speaker 1:

First world forever.

Speaker 2:

Entendeu Porque daí dá pra viajar, entendeu, mas quando eu acho que essa história de Quando a gente pensa em mudança climática, a gente vai ter que rever muitas coisas, é uma agenda muito grande que a gente vai ter que rever muitas coisas hábitos, quando a gente fala de rever hábitos de consumo. Por exemplo, eu vou para Davos agora eu vou até Paris de avião porque não existe outra maneira de ir e de lá eu vou para Zurich de trem, por quê Eu decidi que toda vez que tiver um trem possível, tiver uma distância que possa ser coberta de trem, eu vou de trem e não de avião. Não é um grande sacrifício, vamos combinar, né Porque hoje em dia para você pegar às vezes um voo de uma hora e meia, porta a porta, isso dá cinco horas, quatro horas, né Então de trem você vai levar quatro e vai dar certo, você vai ainda com conforto e tudo mais. Às vezes sai do centro de uma cidade, chega no centro de uma cidade.

Speaker 2:

Então eu acho que essas pequenas mudanças que a gente vai podendo fazer na nossa vida são ínfimas, perto de uma mudança muito maior que a gente precisa. Mas é aquela história se todo mundo pensasse assim, a gente teria avançado um pouquinho mais em algumas coisas. A Europa está muito ligada nessa coisa dos trens. Tem muito trem novo sendo lançado, trens estão sendo retrofitados porque o europeu encampou isso mesmo e sempre, inclusive na França, é lei, se você tem certos trechos que são muito próximos, que não pode mais ter avião, é obrigado a usar trem Lindo.

Speaker 1:

Na França tem a lei que todo mundo ficou falando na época das Olimpíadas né Do ar-condicionado, de quantos graus pode ter Hoje você vai pra Europa no verão, você morre de calor.

Speaker 2:

Não pode mais, assim como eles também não tem aquecimento, aquele aquecimento de antigamente que você tinha nos lugares. Você chegando nos lugares, no inverno chega a ser meio frio mesmo dentro dos lugares, dentro dos hotéis e tal. Então acho que são hábitos assim que a gente vai ter que realmente repensar.

Speaker 1:

Sim, sim. Bom, então a próximo Duplo Clique a gente vai gravar da Europa cada um num canto, né Dea. Você vai ter todas as novidades de Davos. Você vai contar pra gente Ou só pra Oxygen?

Speaker 2:

Vou ser generosa aqui com os nossos ouvintes.

Speaker 1:

Maravilhoso, tô louca pra saber, eu vou estar de férias mesmo. viu, gente, é viagem sem conteúdo dessa vez, mas super obrigada, e gente quem ouviu e gostou. eu acho que agora a gente pode começar a fazer pedidos. né Dea O que você acha, acho que a gente já tá no segundo né Acho que no primeiro a gente fez um pouco de cerimônia.

Speaker 2:

Né, a gente fez um pouco de cerimônia Porque agora no segundo, a gente já começa a pedir Compartilhem, assinem. Exato Compartilhem assinem mandem pros colegas, pros coleguinhas, mandem pros coleguinhas, avisem que tem uma conversa boa aqui rolando.

Speaker 1:

Exatamente e você também pode avaliar o podcast. Então, em várias coisas né no Spotify, em alguns desses players você pode ir lá e colocar suas estrelinhas, colocar os comentários, e isso ajuda a gente porque é um projeto né Dea, em que a gente faz do puro amor, mas receber amor de volta ajuda a gente a ficar motivada e continuar fazendo.

Speaker 2:

A gente vai continuar fazendo se a gente começar a. A gente vai continuar fazendo, porque se a gente começar a ver que ninguém gostou, né Fê, Não tem jeito.

Speaker 1:

A gente vai continuar mesmo assim, porque esse é o tipo de conversa que a gente, até a gente né Imagina o que que era eu, andré e as duas nerds, né Saindo pra almoçar, não, porque daí eu não sei o quê. Então tudo bem, tudo bem, a gente continua conversando.

Speaker 2:

Então é isso, gente. Um ótimo fim de semana pra todos. Mig, obrigada aí pela sua edição sempre primorosa. Miguel Matarazzo, nosso super editor, e é isso, nos vemos semana que vem de algum lugar nos Alpes.

Speaker 1:

Exatamente, com mais um duplo clique pra vocês, valeu pessoal.

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