Duplo Clique

#11 SignalGate e Adolescência

Andrea Janer e Fernanda Belfort

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Neste episódio, falamos da falência do 23andMe, do escândalo SignalGate e da série mais falada do momento: Adolescência da Netflix. E tudo isso da casa nova da Andrea, que ama uma mudança. 

Links citados:

The Trump Administration Accidentally Texted Me Its War Plans

https://www.theatlantic.com/politics/archive/2025/03/trump-administration-accidentally-texted-me-its-war-plans/682151/

The State of Personal Online Security and Confidentiality | SXSW 2025

Meredith Whittaker, President of Signal 

https://www.youtube.com/watch?v=AyH7zoP-JOg

"As opiniões expressas aqui são estritamente pessoais e não devem ser interpretadas como representativas ou endossadas pela Salesforce, empresa onde a Fernanda Belfort trabalha."

Andrea Janer:

Oi gente, bem-vindos a mais um Duplo Clique. Hoje a gente começa batendo papo sobre mudança de casa, que é uma coisa que eu adoro fazer, e depois a gente entra em dois temas super quentes Primeiro o Signalgate, um fiasco, o maior escândalo do governo Trump até agora, e depois a série do Netflix Adolescência, que está mexendo com tanta gente e trazendo tantas pautas importantes aí à tona. Vem com a gente.

Fernanda Belfort:

Oi Déia.

Andrea Janer:

Tudo bom, E aí Fê. Que delícia começar mais uma sexta com você aqui.

Fernanda Belfort:

Nem fala, fica até com saudades. Né Que faz tanto tempo que a gente gravou o último.

Andrea Janer:

Faz dez dias que a gente gravou o último duplo clique.

Fernanda Belfort:

E dessa vez não foi nem difícil, né Porque é tanta pauta pra essa semana que, pelo amor de Deus, né Nossa não para, não para E você mudou de casa. Pelo menos foi bom que esses dez dias você conseguiu mudei, tô rodeada, de livros no chão, fios aparecendo, sabe aquele caos pós, mudança a gente não tá vendo nada.

Andrea Janer:

Pra gente tá tudo mais perfeito tem nada atrás de mim, essa paredona aí. Depois eu vou decorar pra instantes vai ficar mais bonitinho. Mas a gente fez aquele sprint pra mudar rápido e agora leva meses pra poder colocar tudo no lugar. Enfim, eu adoro mudar. Preciso confessar, as pessoas que me conhecem não acreditam que eu mudei de novo. Vai ter gente que vai estar ouvindo aqui não acredito que ela mudou de novo. Mudei gente. Eu adoro mudar de casa. A cada dois anos eu mudo. Eu acho que tem um ganho aí nessa coisa de abrir armário, tirar as coisas de dentro, fazer energia circular, se desfazer de coisas que não estão mais funcionando, rever rotinas, Porque cada vez que você muda de casa você revê uma porção de coisas que não estavam funcionando. É uma oportunidade. Eu vejo as mudanças como oportunidades da gente, sei lá, mudar um pouco algumas coisas e se sentir sempre fresh de novo.

Fernanda Belfort:

Você vai mudar daqui a pouco. também não vai Maravilhoso A minha, se tudo correr bem comecinho de agosto. Mas tá indo bem. a obra tava até adiantada, mas tem que ficar esperando o armário, não sei o que lá.

Andrea Janer:

É então, daqui a pouco você vai estar nessa.

Fernanda Belfort:

É gostoso. Eu acho eu não estou tão animada. Não mentira, estou super animada para ir para o apartamento novo, mas o processo para a mudança em si até porque assim né tenho duas filhas adolescentes. O trabalho é maior ainda não tem uma autonomia. De cada um faz sua parte.

Andrea Janer:

Então acho que é trabalhoso, dos Aqui em casa, dos meus três filhos só tinha um em casa né. Os outros dois estão fora E esse um também fica se escapando né Tentando arrumar um programa.

Fernanda Belfort:

Exato.

Andrea Janer:

Não, não, não, não, não Vem aqui, entra no seu quarto, vai ajudar a abrir caixa, tirar as coisas de dentro, separar as coisas por padrão, camiseta de manga comprida na outra. Vai tentando criar né essas lógicas né de arrumação que eu acho assim super bom pra gente. enfim, reorganizar a vida.

Fernanda Belfort:

Eu gosto. Mas você sabe uma coisa legal Minha arquiteta recomendou uma personal organizer com que ela trabalha, que ajuda a revisar os armários antes. Então, quando a gente fez o projeto dos armários, ela veio na minha casa Aliás, coitada, tinha agenda também não sei o quê. Ela veio assim já tipo dia 23 de manhã de dezembro, sabe aquelas coisas, assim já no meio do negócio, mas ela foi vendo tudo que eu tenho em casa, revisando o que eu vou ter no próximo apartamento de espaço, falar não, aqui tem a mais, aqui tem a menos, isso vai vir aqui, nossa sonho. Então pelo menos a minha cabeça Não me deu uma tranquilidade de falar não tudo vai ter onde guardar, sabe. E acho que já Eu tava até pensando nesse processo da mudança, pelo menos eu já meio que sei o que vai pra onde, que eu jamais teria sabido se não fosse isso. Sim, sim.

Andrea Janer:

Não maravilhoso. Então eu acho que a gente precisa aproveitar dessas oportunidades. Eu acho que a gente tem muito medo dessas mudanças. Eu já mudei muito de cidade também. Eu acho que isso tem a ver um pouco com esse meu perfil um pouco mais inquieto. Eu sou uma pessoa que gosta de mudança, gosta dessas coisas, e eu acho que isso enfim se reflete em vários campos da vida.

Fernanda Belfort:

E vocês escolheram morar de aluguel também, né Dé? Então, para me dar essa flexibilidade De morar, perto do trabalho, morar perto da escola.

Andrea Janer:

Agora eu não estou mais perto da escola. Quer dizer, estou perto da escola. Agora meus filhos não vão mais estar na escola, mas até que a pouco a gente vai para uma coisa menor, porque eles não. Não sei se eles vão continuar morando fora, será que eles vão voltar, será que eles vão voltar e querer morar na minha casa? Eu acho que assim morar de aluguel é uma maneira de você ter uma flexibilidade, uma liberdade que eu acho super interessante E você está super na tendência, né?

Fernanda Belfort:

Porque aquilo que a gente estava até conversando na STCW, de que hoje em dia, dependendo da situação, comprar imóvel é um risco do ponto de vista ambiental, do que acontece, sim, ambiental.

Andrea Janer:

Acho que a vida da gente também Climático, Essa coisa do Quando a gente pensa em longevidade. né, Eu estou com 52, o Lars também. Nós dois somos empreendedores. A gente tem uma liberdade geográfica de trabalhar de onde a gente quiser. por exemplo, os dois empreendem e trabalham. nosso tipo de trabalho você pode fazer de onde quiser, então isso também dá uma tremenda liberdade a gente vai estar act nest daqui a pouco, né o nosso terceiro filho sair de casa.

Fernanda Belfort:

E aí era a escola dos filhos, né o que realmente segurava agora então eu acho interessante assim manter.

Andrea Janer:

Acho que muita gente na nossa idade, na idade que eu estou, eu e o Laris, muita gente está se questionando E agora, qual vai ser o próximo passo? Tem muita gente que resolve tirar um sabático, tem gente que resolve acompanhar. A gente brinca, né, a gente vai ter dois filhos no mesmo país pela primeira vez, porque a Laura estava nos Estados Unidos, o Antônio tava na Espanha, agora o Henrique vai pra Espanha também. Então, quem sabe, ano que vem a gente já passa um mês na Espanha.

Andrea Janer:

Sei lá, o Hugo Mermenby fica lá, tem oportunidades diferentes que surgem em diferentes fases da vida E eu acho que a gente tem que tentar estar aberto pra isso também. É muito legal.

Fernanda Belfort:

Maravilhoso É que eu assim Apartamentos são ciclos mais longos, né, mas eu falo não vamos pra apartamento maior que faz sentido na idade das crianças. Provavelmente o apartamento vai fazer sentido durante 10 anos.

Andrea Janer:

Exatamente. Talvez a gente mude de novo. É que eu sou mais velha que você, né vizinha. Não, eu tenho 47. É que as minhas filhas estão planejando.

Fernanda Belfort:

Não, não.

Andrea Janer:

A gata dentro delas. Mas faz diferença. Faz diferença É que a Bibi tem 13, né Então?

Fernanda Belfort:

essa A gente teve idade. Acho que teve filho mais ou menos com as mesmas idades, Mas a Bibi tem 13, mas elas não planejam no momento fazer faculdade fora, Então provavelmente o meu ciclo de ter filho em casa vai ser mais longo.

Andrea Janer:

Sim, sim, sim, mas tem todo mundo. E nisso entra também assim o que acontece, por exemplo, com os eu sou uma X, você também é X. Eu acho geração X é uma geração que tá muito imprensada ali, entre os filhos que ainda estão em casa e os pais que ainda estão vivos, porém em situações, em diferentes pontos de vida. Né então assim meus pais, graças a Deus, super saudáveis.

Fernanda Belfort:

Meus pais estão ótimos, mas tem situações que eu já tenho amigos que os pais já estão precisando de cuidados, Exato Então você fica ali entre uma coisa e outra.

Andrea Janer:

Então muitas vezes um sabático ou essa liberdade que os filhos não estão mais em casa, você está vivendo um momento em que te nessa, mas os seus pais estão precisando de você naquele momento, então é um eterno pratinhos no ar. né Pratinhos no ar a gente tentando equilibrar tudo, mas tentando aproveitar essas oportunidades que a vida dá e viver de um jeito dinâmico. Eu gosto disso. Pra mim é o que me alimenta assim, viver de uma forma dinâmica.

Fernanda Belfort:

Maravilhoso, muito bom. E eu lembrei da Laurinha essa semana porque eu vi uma matéria de que Duke tá super incomodado por causa de White Lotus 3. Que aparece lá, o negócio de Duke? Depois eu te mando a matéria.

Andrea Janer:

Ah, quero ver, quero ver A terceira temporada os caras fizeram Duke.

Fernanda Belfort:

Parece que tem umas cenas que ele tá com uma camiseta, sabe tipo Duke gente não sabia, não vi ainda.

Andrea Janer:

Eu com essa história da mudança, fiquei super atrasada nos seriados, super atrasada nas minhas leituras não nas leituras, você não tá mais atrasada.

Fernanda Belfort:

Você se atrasou nos seriados, se atrasou no Netflix, no Max, mas o resto você também. Que inclusive é um tema que a gente vai falar hoje né Fê. Adolescência, vamos fazer o nosso roundup rapidinho do que rolou, e aí a gente já cai pra dentro e entra aí.

Fernanda Belfort:

Né, já adiantando que acho que temos dois temas principais para hoje. Um, essa famosa série, né Adolescência Eu já assisti. Vou tentar não dar nenhum spoiler, fiquem tranquilos, eu aprendi com meu irmão que se eu falar qualquer coisa ele me mata. Então fui bem educada em casa, tá pra não dar spoilers, mas que eu acho que é uma conversa super importante E eu acho que o segundo passo papo é o Signalgate, né que agora tem nome. Entendeu, achei o máximo isso E já adiantando aqui para o pessoal, no que a gente vai dar um duplo clique, mas acho que coisas que aconteceram essa semana, o 23andMe então vai a falência. Acho que você conhece melhor esse caso do que eu comenta aí.

Andrea Janer:

Bom, o 23andMe é aquela empresa de testes genéticos que na verdade tornou ac. Aquela empresa de testes genéticos que na verdade tornou acessíveis os testes genéticos, fez um lá em 2018, 2019. Foi um grande frenesi. Ela fez com que os testes genéticos custassem cerca de 90 dólares e chegaram até, acho que, a baixar mais do que isso. Estavam à venda nas farmácias Walgreens, cvs americanas e foi uma febre naquele momento. Muita gente, uma grande parcela da população, fez esses exames, muitas com o objetivo apenas de curiosidade, entender sua ancestralidade. A 23 não foi a única. Talvez ela tenha sido a mais impactante porque a fundadora era a Anne Wojcicki. Anne Wojcicki é uma das três filhas da Esther Wojcicki, que é uma educadora que foi uma lenda no Vale do Silício. Ela foi mentora de grandes founders que hoje em dia estão à frente de grandes empresas, que hoje em dia estão à frente de grandes empresas de tecnologia. Estudaram na Palo Alto High School, onde ela era professora, e ela escreveu um livro que ficou muito famoso, chamado Como Criar Crianças para o Mundo. Talvez vocês tenham lido esse livro. A gente até levou a Esther Wojcicki para dar uma palestra na Oxygen uns dois anos atrás. Ela é bárbara, ela fala muito bem sobre criação, sobre educação dos filhos e ela teve três filhas extremamente bem-sucedidas.

Andrea Janer:

Uma delas, a Susan Wojcicki, que foi a funcionária número 16 do Google e acabou vindo a ser enfim CEO do YouTube por sete anos. Se afastou no ano retrasado da presidência do cargo de CEO do YouTube de uma forma muito discreta. Ela estava com câncer e não revelou e ela acabou falecendo no ano passado, no final do ano passado, em decorrência desse câncer. Deixou quatro filhos enfim três filhos porque um dos filhos dela também faleceu. E ela, a Susan Moditsky, foi uma das mulheres em tecnologia muito importantes, uma das raras mulheres que trabalhou em tecnologia no Vale do Silício. E a irmã dela, a Anna Moditsky, acabou casando com o Sergey Brin Olha todos os laços aí. Né Ele é do Google, ele é o fundador do Google, co-founder do Google. E a Anne veio a fundar a 23andMe.

Andrea Janer:

Era uma ideia genial na época, um modelo de negócio super interessante em que ela venderia os testes genéticos para as pessoas fazerem e aqueles dados que ela venderia os testes genéticos para as pessoas fazerem e aqueles dados que ela reuniria com toda aquela população testada. Ela ia vender para a indústria farmacêutica para ajudar no desenvolvimento de novas drogas e tudo mais. Então era um modelo vencedor. Era uma ideia genial. As pessoas poderiam até opt-out de vender seus dados para a indústria farmacêutica, mas de forma geral as pessoas se sentiam colaborando para o futuro da saúde.

Fernanda Belfort:

Então acho que foi um modelo que deu muito certo, Essa é uma dúvida que eu tinha, se estava claro esse tema de privacidade ou não. Então estava claro desde o início Você podia opt-out.

Andrea Janer:

Eu não sei o quanto as pessoas liam, eu não cheguei a fazer.

Andrea Janer:

Eu não sei o quanto que as pessoas liam ali as letrinhas miúdas dos contratos e talvez muita gente não soubesse que seus dados poderiam ser comercializados de forma anônima. óbvio, mas esse foi o modelo que a Ann criou. Durante muito tempo ela foi uma das empresas mais valorizadas, mais promissoras ali do Vale do Silício. Chegou a valer bastante, fez o IPO E no final de 2023, teve um vazamento de dados. Isso prejudicou tremendamente a reputação da empresa, a imagem da empresa. Ao mesmo tempo, ela não conseguiu fazer novas parcerias com a indústria farmacêutica.

Andrea Janer:

isso não avançou não sei o que houve ali que eles não conseguiram criar essa, desenvolver essa linha de receita. Os testes também depois que a pessoa faz uma vez, é muito difícil monetizar aquele cliente. Então assim a pessoa fazia o teste. Eles até criaram modelos de, tentaram criar um modelo de recorrência em que a pessoa continuaria, pagaria um valor baixo por mês e teria acesso a novas informações e tudo mais, mas isso não deu certo também. Então acho que ela começou a enfrentar uma série de dificuldades. A ação começou a cair. A ação no final estava valendo centavos de dólar. Ela tentou recomprar. A ideia dela era recomprar as ações e fechar a empresa que já tinha aberto seu capital e não conseguiu. E agora, semana passada, essa semana, eles anunciaram que bankruptcy. Então assim acho que foi um caso mais um caso de uma empresa do Vale do Silício que enfim foi do céu ao inferno Exato.

Fernanda Belfort:

Que chegou a ter uma reputação, uma importância, o 22andMe também, que era o que a galera descobria. Irmão, descobria tudo isso né Porque conseguia vincular não só você fazer os testes, né pra entender, tá bom, a minha ancestralidade, tudo, mas ele te dizia se você tinha quem eram as pessoas Tem gente que descobriu o lado da família que não imaginava.

Fernanda Belfort:

tem várias histórias muito boas disso e tinha uma questão dessas empresas de Meu pai tem um amigo que descobriu assim que não era filho do E assim os pais já falecidos, e ele descobriu que o pai não era o pai E que não sei o quê.

Andrea Janer:

Exato tem E todos os irmãos começaram a fazer E tudo, Então teve várias descobertas, né Sim. Sim, ela chegou a valer 6 bilhões de dólares em 2021. Então assim ela está hoje abaixo de um dólar a ação. Então assim é uma empresa que realmente foi muito Teve, muita expectativa. Até porque eu contei um pouquinho da história das Wojcicki's, porque a fundadora é muito respeitada, ela foi casada com o Sergey Brin, ou seja, elas são muito conectadas, todas essas irmãs.

Fernanda Belfort:

A terceira irmã é um PHD em pediatria em São Francisco. Como você diria, eles são da realeza do Vale do Silício, Da realeza do Vale do Silício total.

Andrea Janer:

E ela tinha acesso. Essa empresa foi funded, foi financiada por muita gente grande, ela circulava muito bem no Vale. Então, uma dessas empresas realmente que tinham tudo pra ser assim, essas empresas transformadoras, e a gente até fez uma aula na Oxygen no ano passado em que a gente contava a história da 23andMe, do MeWork, da Peloton, também outra empresa que já teve também entre as principais assim promessas no mundo dos negócios, que muitas teve também entre as principais assim promessas né no mundo dos negócios. Acho que muitas empresas dessas depois acabaram.

Andrea Janer:

Os ciclos são mais curtos né foi uma aula mesmo, né de ascensão e queda, Ascensão e queda dessas empresas de tecnologia, porque elas passaram de né unicórnios e empresas extremamente bem avaliadas pra um modelo de negócio que não parou de pé queimando caixa. Então acho que isso da 23andMe é um alerta, porque o problema é que agora os dados de todo mundo que fez os DNAs de milhões de pessoas estão aí navegando a deriva pela internet. Agora as pessoas se tocaram né.

Fernanda Belfort:

É, teve um vazamento, né, E o vazamento foi. E agora o que está acontecendo é que é um ativo e a empresa vai vender os ativos para pagar os credores, E aí vai ser vendido esse banco de dados com esses DNAs todos. Então assim começou a rodar na internet.

Andrea Janer:

Sei lá, para quem né?

Fernanda Belfort:

Depois saiu no New York Times e tudo isso de falar nossa, se você fez e você não quiser que seus dados sejam vendidos para quem comprar, entra lá e deleta seus dados. Aí um amigo meu do meu time, que é mais técnico, falou e quem deleta o backup? Entendeu, mas eu falei bom, se você está preocupado com o uso não correto ou ilegal do seu dado, ele provavelmente já vazou, muitos vazaram e já estão aí na internet. Mas pelo menos do ponto de vista de estar no banco de dados da venda, então muita gente entrou para deletar os próprios dados. Então isso foi também uma notícia que correu a internet essa semana.

Andrea Janer:

É e tem aí alguns boatos que ela vai ser comprada. Os dados vão ser comprados e colocados na blockchain de forma que eles vão poder ficar protegidos e vão enfim as pessoas vão poder ser donas dos seus dados, que é uma promessa.

Andrea Janer:

Esse assunto da privacidade de dados é um assunto que dá uns quatro duplos cliques aqui só pra gente falar disso. Né Porque existe uma promessa antiga, uma expectativa antiga de que na Web3 a gente vai poder ser dono dos nossos dados e escolher para quem que a gente vai abrir ou até mesmo para quem que a gente vai vender os nossos dados. Então essa é uma expectativa que se tem com o futuro da internet, de forma que a gente não seja explorado por essas plataformas que a gente usa. Muitas vezes muita gente nem sabe que seus dados estão sendo comercializados, estão sendo usados como moeda de troca. Enfim.

Andrea Janer:

Então acho que essa questão de posse, propriedade dos dados, que é uma teoria, uma tese que tem sido bastante falada nos festivais que a gente vai, no Web Summit de Lisboa teve muito esse assunto. Esse não é o STCW, não vi tanto, não, mas na Europa se fala muito mais disso. Né, obviamente, que a Europa tem essa preocupação de privacidade muito maior que nos Estados Unidos e eu acho que esse é um tema que a gente enfim até se conecta com o assunto, com o segundo assunto da semana.

Fernanda Belfort:

Tem que ser a mesma coisa. Falei, gente, a Dea está muito boa de costurar assuntos, o Dea E só ensinar algo aqui para os nossos ouvintes que muitos talvez já saibam. Tenho certeza que muitos não sabem. Mas, gente, assim, se você está usando um produto de graça, um serviço de graça, muito provavelmente o produto é você Exatamente. Então a gente vai entrar no segundo tópico, que tem a ver aí com o Signalgate, e vamos contar um pouquinho do que aconteceu dar um duplo clique, contar o que é o Signal, contar o que a gente está vendo. Então acho que tem alguns assuntos interessantes. Mas o Signal é um aplicativo que é como se fosse um WhatsApp. A experiência de uso é muito parecida do que é um WhatsApp, com a diferença e eu falei muitas vezes porque o Signal é gratuito. Ele pede doação para as pessoas e ele não vende os seus dados. Então esse é um caso específico. Mas quando você está conversando no WhatsApp, por exemplo, toda aquela riqueza de conteúdo, você está No Instagram clicando em alguma coisa.

Fernanda Belfort:

Você está usando essas outras coisas. Depois, essas empresas, como a Meta, que é dona do Facebook, como o Google, eles estão vendendo advertais, eles estão vendendo anúncio E eles estão sim usando esse tipo de informação. Não necessariamente, e a maior parte das vezes não de forma, eles não vão revelar né, ah, essa é a Andrea e é ela que está interessada em tal assunto. Mas elas vão pegar e vão vender para uma marca de sei lá o que tem de mudança, entendeu Uma marca de móveis, a informação de que a Andrea está falando de mudança, está mudando de casa. Então quer dizer ela passa a ser uma audiência para aquilo, então, de repente. Então quer dizer ela passa a ser uma audiência para aquilo. Né, então, de repente, aquilo tá sendo usado. E existem também temas de criptografia, um monte de coisas assim. E aí chegamos no Signal. Né Dé O Signal conte para a gente o que é o Signal Dé Você que já acompanha a Meredith. Há muitos festivais, são muitos festivais.

Andrea Janer:

Sim, são muitos festivais, são muitos festivais. Sim, são muitos festivais porque a Meredith agora está todo mundo descobrindo a Meredith, mas ela já está nos festivais de inovação há muito tempo. Ela já veio inclusive para o Web Summit Rio, se não me engano, em 2023 ela já esteve aqui.

Andrea Janer:

Ela é uma figura muito conhecida no meio enfim da tecnologia. Ela é uma das raras mulheres CEO em um ambiente muito marcado pela liderança masculina. A gente pode ver assim. Ela está liderando uma rede que, enfim, os mais parecidos com ela são o Mark Zuckerberg, são o Elon Musk, essas pessoas que a gente vê como sendo sempre os grandes nomes aí no mundo da tecnologia. E ela é uma mulher assim, com uma firmeza, com uma propriedade para falar. Ela tem uma segurança para falar. Todo mundo que assiste a Meredith fica muito impressionado com a desenvoltura dela, com a autoconfiança que ela tem para falar E ela tem sido uma voz muito ativa sobre a questão da privacidade dos dados. O Signal é open source, é uma ferramenta open source, é um aplicativo de mensagens muito utilizado no mundo todo, um pouco na linha do Telegram. Também são novas redes que estão funcionando. Eu acho que no Brasil nem Signal nem Telegram tem a penetração do WhatsApp.

Andrea Janer:

O WhatsApp chegou primeiro aqui, então ele tem realmente uma base muito grande. E a questão desse tipo de aplicativo de mensagem é que ele tem que ter massa crítica. Você tem que estar onde as pessoas estão E como uma coisa puxa a outra, o WhatsApp acabou ficando gigante no Brasil. Acho que o Brasil até pouco tempo atrás, era o primeiro. Estava em primeiro lugar em uso de WhatsApp do mundo. Não sei se é primeiro ou segundo hoje em dia.

Fernanda Belfort:

Mas é realmente. A Índia também é muito forte, mas é um dos maiores mercados no mundo.

Andrea Janer:

Sim, e assim nos Estados Unidos, por exemplo, o uso do WhatsApp é infinitamente menor. As pessoas lá ainda usam o SMS né Text Message.

Fernanda Belfort:

E eu comecei até a ver umas mensagens nos Estados Unidos. O WhatsApp está crescendo lá porque a Meta está investindo nisso agora E existe um tema nos Estados Unidos que quando você usa nessas mensagens de texto, se um tema nos Estados Unidos que quando você usa nessas mensagens de texto, você, se você está mandando mensagem de Apple para Apple ou de Android para Android, você tem as mensagens criptografadas. Se você muda de uma plataforma para outra, você tem o Android. Eu tenho uma conta da Apple, eu te mando uma mensagem por SMS. A mensagem não é criptografada.

Fernanda Belfort:

Então existe essa indicação de que você tem que usar o mesmo aplicativo e o WhatsApp está até puxando um pouco isso nos Estados Unidos do ponto de vista de criptografia. Isso pré-signal, tá gente, isso antes do que estava rolando. E uma coisa interessante. Assim, muito do crescimento de WhatsApp nos países em desenvolvimento coloquemos assim é porque na Europa e nos Estados Unidos no início, quando começou essa parte de mensagem de texto, não era cobrado adicionalmente por envio de mensagem de texto No Brasil, em vários países de desenvolvimento, a mesma coisa que aconteceu na Índia e tudo lembra A gente pagava, a gente tinha plano que a gente pagava tantas mensagens de SMS. Cada mensagem que você pagava tinha um custo. Então começaram a aparecer aplicativos que você usava simplesmente o plano de dados do celular e que não tinha a cobrança por mensagem. Então eles acabaram ganhando por causa disso, só para dar um duplo clique um pouco nesse histórico Muito bom, nem lembrava.

Andrea Janer:

Nossa, é verdade, até ontem era assim. Né Que loucura a gente esquece. Mas assim, voltando ao explicar o que é o Signal, ele é realmente um aplicativo de mensagem, troca de mensagens. Sempre foi. Os seus diferenciais sempre foram privacidade e segurança. Ele tem esse sistema de criptografia de ponta a ponta ou seja. Ele é considerado extremamente seguro. É o aplicativo recomendado por especialistas em segurança. Quando você precisa lidar com informações sensíveis, ele é o aplicativo mais recomendado. É considerado um dos mais seguros do mundo. Mesmo o código é open source. Como eu falei, ele é um código aberto. Não coleta dados dos usuários. Isso é uma diferença incrível em relação aos outros por isso que as pessoas.

Andrea Janer:

Ele é usado tanto para Essa questão da privacidade. Ela é uma faca de dois gumes também porque é um lugar também onde pessoas podem falar de assuntos como corrupção, como lavagem de dinheiro, tudo isso Essas identidades estão protegidas lá também. Então, mensagens, lista de contato, foto, localização geográfica nada disso fica guardado, fica armazenado nos servidores deles e eles tem o diferencial de ser mantidos por uma fundação é a Signal Foundation. Então eles não tem fins lucrativos.

Andrea Janer:

Eles são uma empresa um pouco parecida com o Blue Sky, só que é uma outra figura jurídica. Mas o Blue Sky, que a gente já falou em outros duplos cliques anteriores, também é uma outra rede que também é uma empresa de benefício público, um public benefit, tem um outro modelo de governança também. Então é muito diferente do que a gente experimenta no WhatsApp, por exemplo, que é uma empresa que tem capital aberto. O Zuckerberg tem uma ingerência na plataforma. Se o mercado, se algum juiz manda abrir os dados de uma conversa, isso acontece, a empresa é obrigada a abrir. Então são uma série de recursos de privacidade que o Signal oferece que está fazendo com que ele esteja crescendo muito no mundo E essa semana, por causa do Signalgate ou seja por causa desse episódio, ele bateu o recorde de downloads nos Estados Unidos. E aí eu vou deixar a Fê contar um pouquinho dessa história do Signalgate, porque é super interessante Até antes de entrar nisso.

Fernanda Belfort:

Queria só dar mais uns comentários de algumas coisas legais, já que esse podcast é um duplo clique né E a gente entra nos assuntos e vai ensinando as coisas que a gente sabe e tudo eu acho que tem. Quando a gente fala de segurança e de uso de dados, tem isso né. Tem um lado que é O dado é criptografado, ele é seguro. Então quando o dado está saindo do meu celular, indo para o celular da Adéia ou de volta, ele pode ser de alguma forma interceptado nesse envio. Então isso é a criptografia e eu estava até vendo aqui o signo foi lançado em 2014 pelo criptógrafo Moxie Marlinspike. Então quer dizer ele nasceu dessa parte de criptografia. Então ele tem essa criptografia de ponta a ponta, esse ponto todo de código aberto. O que é código aberto Quer dizer que o código fonte, o código que faz o aplicativo, está publicado. Ele é aberto. Qualquer desenvolvedor eu e você, provavelmente se a gente entrar lá, a gente não vai entender exatamente todas as coisas. A gente pode ir lá e pode ver esse código. Então isso também traz uma transparência muito grande, porque eles falam que, como você explicou muito bem, os dados não estão copiados num servidor ou alguma coisa assim, por mais que eu confio na meta, em que a meta está cuidando da privacidade dos meus dados no WhatsApp e eu confio que ela é uma empresa que cuida da segurança desses dados. Mas a partir do momento que esses dados estão num servidor da meta, eventualmente pode ter alguma coisa de segurança. Alguém pode roubar esses dados se esses dados serem expostos. Neste caso específico, o dado não está em nenhum lugar E é uma coisa que até a Meredith explicou isso também no SX, falando assim e como o código é aberto.

Fernanda Belfort:

Se de repente amanhã quem estiver cuidando dessa empresa for uma evil person ela ainda não usou o termo evil uma pessoa do mal lá vai, assume essa empresa e fala agora vamos copiar todos os dados. Meu, não tem como isso acontecer sem as pessoas saberem porque o código. Alguém vai ter que ir lá e vai ter que mudar o código. Agora, quando a Fernanda mandar uma mensagem, eu quero copiar o negócio E daí não. Então isso vai estar Então, além dessa parte de não ser usado para anúncio, não ser usado para uma série de coisas que também depende muito no quanto você confia e acredita naquela empresa.

Fernanda Belfort:

Então, bacana, já deram um duplo clique em Signal E agora vamos para o bafafá. Mas eu vou começar a contar um pouquinho e te passo. Mas assim né acho que todo mundo. Acho que esse assunto ocorreu tanto que não tem quem não tenha visto. Mas a gente saiu uma matéria no The Atlantic, que é uma revista que, aliás, eu e a Dea amamos. Né Minha mãe até assinou o The Atlantic essa semana. Por causa disso acho que muita gente assinou The Atlantic essa semana por causa dessa matéria.

Andrea Janer:

Isso foi um impacto inclusive mensurado. Foi a notícia de língua inglesa mais lida do ano, foi essa matéria da The Atlantic em que o Jeffrey Goldberg revela.

Fernanda Belfort:

Aí vou deixar você terminar ele conta que ele estava no estacionamento do supermercado e de repente ele foi adicionado num grupo do Signal e ele foi ver que nesse grupo do Signal tinha o vice-presidente dos Estados Unidos, o secretário do Estado, um monte de gente super importante e começou uma conversa. Ele falou que ele olhou aquilo e falou não, não é possível, não é possível ter me adicionado num grupo. E ele falou que ele até começou a pensar não, isso aqui deve ser alguma pegadinha ou é algum tipo de ação para espalhar desinformação, e eles estão tentando meio que me pegar no meio desse negócio todo. Eu vou ficar aqui quieto e vou ver o que está acontecendo. E começou uma conversa sobre o ataque que seria feito pelos Estados Unidos no Iêmen, lá no canal de Suez.

Fernanda Belfort:

E aí começou essa confusão porque ele foi, foi, foi, foi, começaram a mandar os planos do que seria feito, como seria o ataque, em que momento cada coisa aconteceria e tudo. E ele assim, tipo meu Deus do céu, eu fico imaginando. Ele né Nesse estacionamento ficava olhando e falando não, cara, não é possível. E ele é divertido, né, não sei se você já fez as entrevistas dele, eu fico pensando Jesus amado, Muito bom, muito bom.

Fernanda Belfort:

E ele deixou rolar né Ele percebeu, E ele falou gente, deixa eu ver o que é isso, porque ele mesmo não acreditou. Porque ele fala, se eu tivesse de cara sabido que era um negócio, que tinha né Tipo o e-mail que não é pra você, você responde o e-mail e fala gente, eu acho que eu fui colocado, né Foi um erro, esse e-mail não era pra mim E duas horas depois o ataque aconteceu E aí ele entendeu que tudo aquilo era verdadeiro e que tinha acontecido uma brecha de segurança muito grande. Demorou aí alguns dias. A matéria saiu, acho que segunda ou terça. Então demorou alguns dias para ele escrever a matéria, publicar a matéria no The Atlantic, e ele deu esse furo de reportagem gigantesco sobre essa falha de segurança.

Andrea Janer:

Continua aí, dea, eu acho que tem vários pontos aqui pra gente avaliar. Primeiro, que assim uma conversa como essa apesar de o Signal ser de fato um aplicativo de segurança máxima, digamos assim não é comum que uma decisão como essa de bombardear um país seja feita num grupo de mensagem. Isso é um tipo da conversa que tem que acontecer.

Fernanda Belfort:

Não é, nem que não é comum, né Assim. Tem regras e leis e não sei o quê. E eu estava até lendo que geralmente esse tipo de conversa, de ataque, não sei o quê, essas pessoas, eles montam meio que um quarto alguma coisa de segurança máxima de comunicação Até na casa das pessoas Se eles não estão num lugar específico, lá aquela sala que aparece em filmes que o presidente manda atacar os países, mas eles têm todo o negócio.

Fernanda Belfort:

Não é uma coisa que você está com o seu celular no meio da rua com um aplicativo comercial que pode passar um assaltante aqui no Brasil podia passar alguém de bicicleta, roubar seu celular ou qualquer coisa assim e de repente está ali no grupo ordenando um ataque.

Andrea Janer:

Acho que o primeiro ponto é esse não é uma decisão ou uma conversa que poderia estar sendo feita num aplicativo comercial. Isso tinha que ser num war room, num salão oval, em algum lugar cercado. Essas pessoas tinham que estar presencialmente juntas discutindo essas informações. Então acho que esse é o primeiro ponto que chama atenção, que pode ser discutido longamente aqui sobre se isso já não são mudanças do futuro do trabalho. As pessoas estão cada uma num lugar. Então essa coisa do remoto e isso tem implicações né Essa questão de como a gente também está decidindo. Provavelmente muitas decisões hoje jurídicas são feitas assim, decisões de empresa, quer dizer como é que a gente está lógico guardando as propostas, mas aí né existem sistemas específicos que eles poderiam usar, né E proprietários E do mesmo jeito que assim sei lá né.

Fernanda Belfort:

Vou usar um exemplo muito menos importante, obviamente, mas tipo na Salesforce onde eu trabalho aliás a Salesforce é dona do Slack, né, mas assim a ferramenta é Slack, não é WhatsApp né. Então o Slack é o que é considerado a rede segura pra gente considerar conversar as coisas, colocar coisas confidenciais, informação de cliente, coisas. assim Você tá no WhatsApp, você tá numa rede aberta. Tem esse risco de você colocar uma outra pessoa onde você Então quer dizer mesmo um cenário do futuro do trabalho. teriam sistemas, Até porque precisa mandar.

Fernanda Belfort:

Manter também. Né É obrigatório que as conversas fiquem on record. Nesse tipo de coisa nos Estados Unidos não possa ser apagada. Então acho que tem uma série de pontos, né.

Andrea Janer:

Sim, mas eu acho que, em termos de comportamento, como a gente se habituou a decidir muitas coisas em grupos enfim distribuídos, o trabalho distribuído não estou nem falando de trabalho remoto né O trabalho distribuído. Não estou nem falando de trabalho remoto. Acho que o trabalho distribuído, que é uma das maneiras, né Que a gente chama esse trabalho que a gente desenvolve hoje, que as pessoas estão em diferentes pontos, às vezes, do planeta, né Cada um está num país, cada um está num fuso horário diferente. Então às vezes a maneira como a gente se habituou a tomar decisões de uma forma mais ágil, então acho que talvez esse tenha sido o motivador para essa conversa acontecer. Não conseguiu voar todo mundo a tempo para Washington, então vamos resolver por aqui mesmo. Então acho que isso mostra um pouco o modus operandi dessa turma que está entrando na Casa Branca, uma turma que vem de tecnologia, é uma turma que é remote first muitas vezes. Né.

Andrea Janer:

Então acho que esse é o primeiro ponto aqui que me chama atenção nessa história né Se isso não é fruto de um hábito que a gente adquiriu pós-pandemia de fazer tudo de forma remota, em aplicativos e tudo mais. Então acho que esse é o primeiro ponto né A importância de resgatar rituais como esse, de reunir todo mundo na Casa Branca para tomar uma decisão como essa, que foi uma maneira muito leviana de tratar um assunto tão grave, no mínimo. O segundo ponto que me chama muito a atenção nessa história é que ninguém reparou que tinha um estranho naquele grupo. O Jeffrey conta que muitos deles estavam com as iniciais, apenas não estavam identificados, e ele foi identificando ali quem era sei lá JV. Jv deve ser o vice-presidente, tg deve ser a Tulsi Gabbard, que é a head da inteligência. Ele foi linkando os nomes às iniciais E ele estava lá como JG e não passou pela cabeça de nenhum dos talvez 12, 13 pessoas que estavam nesse grupo quem era esse cara que ficou quieto Porque todo mundo ali estava se manifestando.

Andrea Janer:

Eles estavam ali montando uma força-tarefa para poder juntar uma equipe. Ele pediu o Jake Vance pediu por favor, indiquem quem é a pessoa importante da sua área para estar envolvida nessa força-tarefa nesse time. Então cada um indicou uma pessoa e essas pessoas foram sendo acrescentadas no grupo E ninguém percebeu que tinha uma pessoa ali que estava muda no grupo. Ninguém clicou ali em membros para entender o que estava acontecendo. Então ele não foi descoberto. Ele ficou, eu acredito, quase 24 horas no grupo. Eu não lembro agora exatamente quantas horas ele ficou lá dentro, mas eu imagino a tensão que ele deve ter vivido como jornalista.

Andrea Janer:

A sensão barra euforia, sim, adrenalina de você estar nesse grupo, acompanhando, algo desse tamanho Agora foi um erro, né Assim.

Fernanda Belfort:

acho que foi um erro.

Andrea Janer:

Mas é muito doido, né Dea, é muito doido, cara, vou colocar o editor-chefe do The Atlantic entendeu.

Fernanda Belfort:

Mas eu acho que o Signal não é uma rede que está todo mundo no Signal, né Eu, mas eu acho que o Signal não é uma rede que tá todo mundo no Signal. Eu entrei no Signal, tinha lá, né tem gente que tá no Signal e não deixa o nome aberto. Né achei sei lá uns 10 amigos lá, incluindo uns amigos advogados criminalistas do meu marido morri de risco porque faz todo sentido, eles estarem no signo.

Fernanda Belfort:

Vamos combinar, entendeu, mas não é uma rede também que está com todo mundo? então isso é um limitador. Mas gente que loucura né. Eu fico imaginando a euforia, barra, o quanto ele ficou chocado, barra.

Andrea Janer:

Não é possível Provavelmente a The Atlantic fez uma war room pra discutir o que fazer com essa informação. O Nick Thompson, que é o CEO da The Atlantic, que é nosso muso máximo, o Nick Thompson eu sou group do Nick Thompson, onde ele vai, eu vou lá, falo com ele, tenho selfie com ele e tudo mais. Minha selfie ele é um na mão dele. Atlantic Isso é um outro assunto também, mas assim a The Atlantic está se tornando talvez a publicação, o veículo de imprensa mais respeitado nos Estados Unidos, no momento em que o Washington Post, por exemplo, que tinha um viés muito político, que tem uma história linda, né O Watergategate de tudo uma história que se confunde com a política americana Washington Post hoje perdendo muitos dos seus jornalistas mais importantes que não concordam com a ingerência do Jeff Bezos na parte editorial do jornal.

Andrea Janer:

A Atlantic está contratando jornalistas do Washington Post. Ela acabou de contratar do jornal. A Atlantic está contratando jornalistas do Washington Post. Ela acabou de contratar dois jornalistas super tarimbados do Washington Post para o seu time. Então, enquanto os outros estão enfim escolhendo o seu lado para colocar de uma forma mais suave aqui, a Atlantic está partindo para cima E vamos lembrar aqui acho importante dar esse contexto a Atlantic hoje pertence a grande parte da Atlantic é da Lorraine Powell Jobs, que é apenas a viúva do Steve Jobs, então a Atlantic também é uma publicação muito antiga, e a Lorraine como parte dos seus investimentos em empresas que ela considera de impacto.

Andrea Janer:

Podemos colocar assim. Eu acho que a The Atlantic não deixa de ser um veículo aí que tem uma linha editorial de centro-esquerda, de questionamento de pautas mais progressistas, de pautas de costumes. Então a Atlantic é uma referência nesses temas. Trouxe o Nick Thompson que era da Wired. O Nick Thompson era editor-chefe da Wired antes e foi assumir como CEO da The Atlantic há mais ou menos cinco anos. Ele é um cara genial com uma cabeça, super de negócio. Então não é apenas um jornalista, mas é um jornalista que sabe, entende de marketing, entende de venda, entende de comportamento. Então ele conseguiu atrair para a Atlantic um grupo muito bacana de pessoas e a revista dessa semana, como você mesmo falou, fê, ganhou milhares de novos assinantes de pessoas que admiram o trabalho investigativo que eles estão fazendo. Eles têm esse jornalismo raiz. Talvez e eu imagino como deve ter sido interessante acompanhar cresceu uma mosquinha para estar dentro da The Atlantic quando o Jeffrey Goldberg contou que enfim tinha sido colocado nesse grupo e como ele deve.

Fernanda Belfort:

E o que ia primeiro ser uma mosquinha para estar no carro com ele, e ele fala não, não é possível, não, e as coisas começaram a acontecer. eu juro que eu fiquei imaginando tudo isso. Sim, deve ter sido uma experiência incrível.

Andrea Janer:

E agora o que está acontecendo é que, enfim, obviamente, isso abriu uma avenida de investigação e agora estão descobrindo que vários tem vários breaches, tem várias janelas abertas no sistema de segurança americano. Essas pessoas que hoje ocupam esses cargos importantes, né no sistema de segurança americano, nunca passaram por um treinamento de segurança.

Fernanda Belfort:

Então elas estão descobrindo as senhas da Tulsi Gabbard, descobrindo que o Vimol, que é aquele aplicativo de passar dinheiro, de uma pessoa para outra de pagamento Nos Estados Unidos não tem PIX, são apps, mesmo proprietários, para você fazer esse tipo de transação, E Vimo é o mais famoso lá, mais comum.

Andrea Janer:

Então, tudo isso está sendo descoberto agora E os Estados Unidos estão perplexos com o fato de que as maiores autoridades do sistema de segurança americano não têm os seus dados protegidos, não se importam, não se importaram com a gravidade dessas. usam aplicativos comerciais para fazer conversas. Então, assim isso está levantando nos Estados Unidos uma grande questão sobre privacidade de dados, sobre o que é seguro, o que não é, o quanto que essas pessoas estão sendo negligentes, estão sendo displicentes com informações de segurança máxima.

Fernanda Belfort:

Isso que eu ia comentar a reação No primeiro momento o Trump, não estou sabendo não sei o que lá depois, tal Aí, eles admitiram que isso realmente aconteceu e começaram a fazer É uma estratégia de gaslighting. Admitiram que isso realmente aconteceu e começaram a fazer.

Andrea Janer:

né É uma estratégia de gaslighting Total, que é super Trump Tipo. não, isso é.

Fernanda Belfort:

Imagina se isso não aconteceu. Imagina se isso não foi. Imagina né De te fazer duvidar do que está acontecendo. Então, acho que tem esse ponto, e eu estava vendo uma entrevista, né Hoje de manhã, até do Jeff Goldberg, super interessante, porque agora ele está em todas, está em todos os meios, está em todas as coisas e tudo, e ele até falando isso. Assim, se eles tivessem virado e falado nossa sim, isso aconteceu, estamos começando uma investigação, teve consequências, e tivessem mostrado seriedade em tratar isso, mas de certa forma, graças a Deus que eles estão sendo quem eles são E eles estão agindo nesse caso, que é um caso sério, da mesma forma que eles estão agindo com todo o resto, que é basicamente não importa. O que importa é o que eu quero. A regra só existe para mim, e a gente vê o Bernie Sanders junto com a AOC lá que é a outra senadora.

Andrea Janer:

A.

Fernanda Belfort:

Renato Cássio Cortes É fazendo esses comícios pelos Estados Unidos para brigar contra os oligarcas e tudo isso e trazendo essa visão, porque é exatamente isso, como que está tendo um desmonte, colocando isso com a democracia americana. E eu acho que o que eu achei muito boa dessa história é que essa história não está passando barato. E o Trump depois disso entrou com uma nova tarifa de 25% de imposto em cima de todas as peças de automóveis ou carros importados nos Estados Unidos, que é uma coisa assim. Né mega repercussão global e tudo, mas ele não conseguiu flood the zone, ele não conseguiu tirar isso da agenda. Isso virou o Signalgate. Tá tendo uma coisa bipartidária nos Estados Unidos, assim né de todo mundo pedindo explicação. Já tá tendo hearings no Senado E eu acho que talvez seja a primeira coisa que vai fazer realmente. Eles hold them accountable. Estou esquecendo como se falasse português. Ah, meu Deus do céu, como se meu inglês fosse melhor que meu português. A gente fica lendo tanta coisa assim, mas como que vai fazer? eles tomarem a responsabilidade? Me ajuda?

Andrea Janer:

né, eu acho que é meio isso Desse negócio todo, desse negócio todo. Eu acho que o curioso foi, acho que você tocou num ponto importante, essa questão do gaslighting, que foi a primeira reação dos republicanos, foi minimizar o incidente, desqualificar o jornalista dizer que ele já estava até atl Atlantic e tudo mais.

Andrea Janer:

E o mais curioso foi que o Trump, a primeira reação dele, uma das primeiras entrevistas que ele deu sobre esse assunto, foi dizer que o Signal não é um aplicativo tão bom. Mas ele disse I use Signal, you use Signal, everybody use Signal, but it must be malfunctioning né. Então assim ele deu uma. Ele falou eu uso Signal, você usa Signal, todo mundo usa Signal, but it must be malfunctioning né. Então assim ele deu uma. Ele falou eu uso o Signal, você usa o Signal, todo mundo usa o Signal, mas ele deve estar com algum problema Que nem é né.

Fernanda Belfort:

Infelizmente o Signal não é tão.

Andrea Janer:

Mas interessante, assim como ele acabou enfim de uma forma, ele não pensou foi leviana, né Colocando o Signal nesse lugar, de que todo mundo usa o Signal, todo mundo usa o signo. Então assim o signo bombou e foi interessante porque a gente tava semana passada, semana retrasada, no SXSW e a Meredith foi uma das keynotes, né Então o timing de ela ter estado lá, inclusive quem tiver ouvindo e tiver curiosidade de assistir essa palestra do SXSW, ela tá disponível no YouTube do SXSW, no canal do SXSW, no canal do SXSW. No YouTube. Ela foi entrevistada pelo Gaia Kawasaki, que é uma figura também lendária lá no Vale do Silício. Ele não foi um bom entrevistador, eu acho. Acho que a entrevista deixou um pouco a desejar, mas ele é muito, ele é uma figura meio midiática, né ele é super conhecido e ele entrevistou a Meredith e ela fala um pouco do que a gente contou aqui. Ela fala bastante disso na entrevista dela. Então, quem tiver curiosidade de conhecer melhor o Signal e a Meredith, que acho que nesse momento em que o Signal virou esse assunto Virou pauta Virou pauta.

Andrea Janer:

Acho que vale a pena entender um pouquinho melhor quem ela é.

Andrea Janer:

A gente coloca o link.

Andrea Janer:

Ela foi objeto de uma matéria bem extensa na Wired, se não me engano, de janeiro ou de dezembro do ano passado. Então a Wired também já foi atrás do Signo, ou seja, o Signo já estava vindo. Por conta de tudo isso que a gente está assistindo, esse declínio das redes sociais, o X esvaziando por conta das últimas iniciativas do Elon Musk o próprio, depois que o Mark Zuckerberg também retirou todos os sistemas de checagem de dados das redes da meta também fez com que as pessoas se desencantassem com o Threads. Então assim eu falo isso bastante acho que a gente está vivendo um momento de um momento bem crítico para as redes, em que talvez a gente esteja começando a assistir talvez um declínio mesmo das redes consideradas tradicionais, essas redes que a gente usou até hoje Instagram, snap, ox e tudo mais e a gente esteja começando a assistir um nascimento ou talvez a nova onda, que são redes mais descentralizadas e mais com cara de praça pública, que é onde as pessoas discutem as coisas de forma livre, mais com cuidado para enfim, assim como uma praça pública, ninguém pode chegar e dizer qualquer coisa.

Andrea Janer:

Aquilo tem consequências. Isso também vai acontecer nas redes, então acho que isso vai ser um momento bem interessante de assistir um movimento bem interessante de 2025.

Fernanda Belfort:

Dea. Vamos pro próximo assunto que, pra variar, nossa conversa tá muito boa e a gente tá gente tentando não passar de uma hora. Mas meu Deus do céu, eu e a Dea isso Deca, depois eu preciso te contar. ainda não sei se vai ser num podcast ou não do Lex Friedman com a Esla Klein, mas tudo bem, gente, eu achei maravilhoso e tem mil coisas a ver com esse assunto, mas eu vou.

Fernanda Belfort:

Eu queria falar mais tanta coisa desse assunto que a gente tá. Mas tudo bem, gente, vamos sair desse, vamos pro próximo porque esse outro assunto é quente. Mas teve um. Tá tomando também né as redes e os comentários e os grupos e tudo. Uma série do Netflix que chama Adolescência Eu assisti.

Andrea Janer:

Né A Dea tava na mudança, né Dea Não sei se você já conseguiu, eu não vi gente, eu não vi ainda, então ótimo. Então vai ser interessante, porque a gente vai ter uma conversa de quem viu e quem tá tá só vendo a repercussão.

Fernanda Belfort:

Acho que vai ser rico né E que tá assim todo mundo falando né. Primeiro, eu acho a série incrível. Ela é muito bem feita. Você começa a assistir, você não desgruda dela né Assim. Então é realmente como a arte. Eu acho que uma das coisas maravilhosas da arte é ela trazer conversas e trazer reflexões pra sociedade.

Fernanda Belfort:

Né Eu acho que o filme da Barbie fez isso maravilhosamente bem E a hora que ela faz isso ela alcança outras audiências né Não é todo mundo que leu The Atlantic, né gente Entendeu, mas assim se acaba alcançando muitas novas audiências e eu acho que essa série conseguiu fazer isso de uma forma incrível porque realmente assim parte dela tá sendo tão assistida é porque ela é excelente. Se fosse um documentário ela não estaria sendo tão bem assistida, então não é tão assistida, mas assim ela é muito realmente bem feita E eles filmam as coisas como se fossem num plano único, assim numa continuidade. Os atores são incríveis E é uma história. Vou contar o que acontece no primeiro dez segundos da série. Dez.

Fernanda Belfort:

Não vai um minuto da série, mas ela começa com um policial né Invadindo uma casa, né Pra fazer uma prisão, invadindo, invadindo, estourando a porta pra entrar, né E prender um menino de 13 anos Por um crime, e o pai, a mãe, a irmã, todo mundo desesperado e tal, e é assim que começa. E depois né e tomando um cuidado aqui para não trazer muitos spoilers, mas depois o que acontece é que ela consegue trazer uma série de temas né que para mim que sou mãe de filho de 13, 16, leio as coisas. Eu acho que não teve temas tão novos, mas eu acho que levou isso para uma audiência muito maior e faz isso de uma forma muito forte e de uma forma muito assustadora, porque você pega um caso extremo de coisas que podem acontecer e aí depois assim, a acusação Ai meu Deus, dou spoiler ou não dou spoiler. Bom, a acusação envolve misoginia, que assim envolve atos cometidos contra uma menina. Vamos colocar assim, eu não dou tanto spoiler E ele traz uma série de coisas, depois, assim tem cenas do que estava acontecendo naquela escola, da relação do policial com o próprio filho, né Do que acontece, do Não só da importância de você saber o que está acontecendo, mas assim do quanto esses adolescentes e tudo tem códigos próprios, não adianta.

Fernanda Belfort:

Ah, você lê as mensagens do grupo do celular do seu filho, meu, assim o significado que cada emoji tem, que cada coisa tem nesses grupos, é diferente. Né, então vai trazendo uma série de coisas ao longo dessa conversa e todo o sentimento em volta disso, né Todo o sofrimento, né E um foco também grande nesses pais, né No final e tudo né De qual que é o sentimento Eu podia ter feito mais, eu não podia né o que que é e que vem até uns desdobramentos interessantes de né o quanto que é responsabilidade realmente do pai e da mãe, né o quanto é porque a gente tá num modelo de paternidade e maternidade que o pai e a mãe.

Fernanda Belfort:

Mãe sempre teve, sempre teve culpa de tudo, né gente, isso continua isso aqui já não é novidade né, tipo gente, você não sabe de quem a culpa é minha, porque eu sou a mãe e a culpa é minha, não tem problema. Mas eu acho que essa responsabilização excessiva, né e essa vontade de controle que nós pais temos, porque um dia você tem um filho, que é uma criancinha linda que vem pro teu colo e tal e de repente chega na adolescência e passa a ter milhões de riscos e milhões de coisas, então eu acho que também ele pega num medo muito profundo. E eu lembro né minha cunhada falou ai meu Deus, eu nem quero começar a assistir minha irmã, quem tem filho menor. Né Eu falei gente não precisa assistir, não precisa assistir, entendeu? Porque tá todo mundo assustado. E eu até falei pra elas assim, gente calma.

Fernanda Belfort:

Né Eu até brinquei, falei ouve o duplo clique, vocês vão estar por dentro de várias conversas Quando chegar na idade. Me liga que eu te conto aqui as coisas que tem que fazer, mas assim tem um lado também que ela é muito angustiante e tá assustando muita gente que tem filhos menores. Essa é uma coisa que eu queria trazer um pouco também, mas que ela está trazendo para a pauta e para o mainstream conversas muito importantes. Bom Tidea.

Andrea Janer:

Eu acho que assim eu li obviamente muito sobre a série. Acho que fazia muito tempo que eu não via uma série causar tanta comoção, não só nas pessoas físicas, nossos conhecidos, nossos grupos da escola, grupos de WhatsApp que a gente está, mas veículos né Eu vi assim, não passou assim, não teve um veículo desses que a gente consome, que não tenha feito matérias e matérias sobre o tema. Desde o Washington Post, new York Times, atlantic, todo mundo escreveu, todo mundo falou sobre essa série porque ela realmente virou um fenômeno cultural, ela virou uma conversa nas redes, enfim, nas famílias. Então acho que nas escolas, vários países, por exemplo o Reino Unido, está querendo fazer com que todas as escolas assistam e que essa série seja passada em todas as escolas como uma forma de educação.

Andrea Janer:

Então, que essa série seja passada em todas as escolas como uma forma de educação. Então acho que essa série realmente tocou em pontos muito sensíveis e trouxe à tona muitas, evidenciou coisas que não eram tão conhecidas de tanta gente, como termos o que é um incel, um involuntary celibate? né Um celibato involuntário, né Aquele homem que não consegue se relacionar com mulheres.

Fernanda Belfort:

Que gostaria de se relacionar e não consegue né E culpa as mulheres, Exato.

Andrea Janer:

Então, assim isso tudo está na raiz da misoginia e tudo mais. Então eu acho que são pontos que foram passaram a ser conhecidos de muita gente, né, mas eu acho que ele é uma série que vai muito além de quem tem filhos adolescentes E muito além ainda de quem tem filhos homens, que eu acho que é uma questão das pessoas.

Andrea Janer:

Às vezes acham ah, não, não tenho ainda, não passei por que. Eu acho que é uma questão das pessoas. Às vezes acharem ah não, não tenho, ainda, não passei por isso. Eu acho que teve uma frase do ator que faz o pai, que também, enfim, tem um papel importantíssimo né na produção da série, também É produtor e coautor. Isso Ele fala.

Andrea Janer:

Ele deu uma entrevista muito bonita em que ele disse it takes a village to raise a child, que é um ditado muito antigo que fala que você precisa de uma aldeia inteira para criar uma criança. E aí eu acho que isso para mim é o mais importante dessa série ela sair do lugar de uma série que os pais tem que ver para uma série que todo mundo tem que assistir, porque ela está tocando num ponto que é a sociedade que a gente construiu e a sociedade que a gente está permitindo existir, ou seja desde redes sociais, desde o que acontece lá, até enfim a forma, como a manosphere, que é esse universo onde habitam estes incels, ou seja esses homens que ficam em fóruns, que ficam em grupos, que ficam se retroalimentando com esse ódio às mulheres, com essa maneira de pensar super retrógrada e misógina. Eles proliferam nesse universo que hoje em dia é chamado de manosphere Não tem nenhuma tradução. Assim, manosphere no sentido de Homem-esfera.

Fernanda Belfort:

Homem-esfera, sei lá né De universo De esfera e não de fera de monstro.

Andrea Janer:

E esse mundo é o mundo do Joe Rogan, né é o mundo desses podcasters desses bros que estão conversando e estão criando conteúdo pra esses caras consumirem. Então esse é um assunto que vai muito além de você ter um filho e seu filho conviver ou ouvir essas coisas, né isso é a sociedade que a gente está permitindo que exista.

Andrea Janer:

São podcasts que muitas vezes pregam desinformação. Veja o Joe Rogan, por exemplo, pra pegar um exemplo bem óbvio. Nem vou falar de outros nomes que são menos conhecidos, nós vamos pegar o Joe Rogan. O Joe Rogan é o podcast mais ouvido dos Estados Unidos, talvez um dos maiores. Acho que a maior audiência do Spotify foi contratado pelo Spotify num contrato histórico. Quando ele foi contratado com exclusividade pelo Spotify para ser um criador de conteúdo exclusivo para o Spotify, ele foi um contrato que nunca tinha acontecido. Foi um marco na história dos podcasts, né, e ele foi um cara que era antivacina.

Andrea Janer:

Então assim, na época a gente discutiu muito e a gente já esqueceu desse tema né Mas na época foi muito discutido, quando o Spotify dá um espaço desse e valoriza nesse nível uma pessoa que tem atitude não vou nem dizer política, porque não é uma questão de política, né Acho que é uma questão de ciência, de progresso humano Uma pessoa que tem a postura que ele tem, não só sobre vacina mas sobre uma série de outras coisas.

Fernanda Belfort:

Numa situação de pandemia não é dez anos antes só a favor da vacina disso ou daquilo.

Andrea Janer:

Então, na medida que um Spotify dá palco, dá poder, dá voz, dá microfone para uma pessoa que fala esse tipo de coisa. Essa é uma sociedade que a gente está permitindo existir coisa. Essa é uma sociedade que a gente tá permitindo existir Né. Então, quando a gente fala de adolescência, não é um problema do adolescente, é um problema que a gente tem que pensar como sociedade. O que a gente tá construindo Né, que tipo de voz tá tendo espaço nesse mundo, que vozes a gente tá permitindo, que voz a gente tá dando audiência?

Fernanda Belfort:

Então, gente, escutem mais Duplo Click, menos Joe Rogan tá vendo Com certeza, odé, e você tocou alguns pontos super interessantes. Mas assim, primeiro falando, eu acho que quem tem filhos de dois anos e tá com medo que vai ficar angustiado não precisa assistir. Tá tudo bem também né porque, dependendo da relação que você tem com ela, é assustador. Mas eu concordo que a paz de adolescente precisa E concordo também quando você fala que esta é uma conversa que precisa estar né E quem tem emocionalmente preparo pra lidar com esse negócio… Tem que ter estômago. Não porque eu assisti, achei super interessante tudo, mas não é que eu fico mal três dias pelo que aconteceu. Os meus amigos ficam mal sabe assim.

Fernanda Belfort:

Tem gente que fica mais sensível. Com certeza tem que ter um certo cuidado, ainda mais quem tem filho pequeno, porque aquilo é uma coisa tão distante, é um medo tão assim. Mas eu acho que todo mundo que tem filho adolescente tem que ver, e eu acho que você toca num assunto super importante também, que é isso. Eu fiz puxei no meu cérebro sabe, aquele negócio que a gente falava antigamente briga de marido e mulher ninguém bota a colher. E depois isso mudou E falou assim não, não, não, não Bota a colher. Sim, porque pode estar tendo uma situação de uma casa, de uma mulher que está sofrendo abuso, que não sei o quê, não sei o que, lá, e a gente mudou as coisas. Né, não estou falando que a mãe vai invadir a escola seu filho, não, mas assim, cara, eu acho que os pais se envolverem. É uma coisa muito importante. E existe uma coisa de falar cara, isso aqui é problema da escola ou isso aqui é problema do não sei o quê e as pessoas não se unirem. Eu já vivi situações, não com a minha filha, mas outras crianças isso aí especificamente era na Lourenço e tudo mas que estava tendo uma situação super séria. A escola não tava conseguindo gerenciar, entendeu, com uma criança e tal, até um dia que uma outra mãe, entendeu, me ligou, falou ó, acho que não sei o que, não sei o que lá vamos ligar pra outra, vamos ligar pra outra e tal. E a gente começou a se falar e cada um chamou seu filho em casa e explicou o que tava acontecendo na escola, sabe assim? e as próprias os pais tomaram isso como um problema deles E através dos seus filhos minha filha não tinha nada a ver com a história, graças a Deus, mas assim, mas só de virar assim cara, assim, né, e é uma coisa que eu falo, a responsabilidade também, né, a sua responsabilidade é do tamanho do seu privilégio, é do tamanho da sua popularidade na escola, é do tamanho da sua sabe? Então acho que tem um monte de coisa, então acho que tem esse lado de valores, desse papel social. E entra um outro tema que a gente vai ter que trazer no próximo Duplo Clique, que é um pouco esse tema que o Scott Galloway fala bastante sobre como criar meninos hoje em dia e qual o espaço que os meninos têm. E acho que existe, continua existindo uma desigualdade no mundo. Obviamente, claro que nós somos duas mulheres, o que acontece com mulheres, o que acontece com tudo isso, mas a gente também não pode olhar para os homens sem empatia e sem entender como está sendo criar meninos hoje e tudo.

Fernanda Belfort:

Acho que tem uma conversa interessante aí e o próprio Pedro Doria, que eu adoro do do Canal Meio, fez um vídeo e está puxando um pouco essa teoria já há um mês talvez, de falar do como existem, do papel dos homens periféricos no meio político, na vulnerabilidade que eles estão tendo porque eles não têm espaço, e eu acho que tem uma série de coisas, quais são as mensagens que a gente tá dando pra esses meninos. Eu já tô saindo um pouco da série, indo pra uma conversa maior, mas que é uma coisa que o Scott Gallo aí fala. Ele fala assim, meu, por um lado, assim um menino ir lá e chamar uma menina pra sair ou fazer alguma coisa, assim pode ser visto como uma coisa horrível, ela pode acusar que ele está isso que ele está assediando. Por outro lado, as mulheres tem expectativa que eles convidem elas para sair ou não.

Fernanda Belfort:

Quando ele vira e fala gente, saiam, bebam, se divirtam, vivam, porque também assim vamos combinar que todo privilégio está a favor. Mas não está fácil ser homem na sociedade atual e ser jovem, e acho que isso é uma coisa que não se fala, porque não Todo holofote tá pra mulher, tá pro negro, tá pra não sei o que, tá pra não sei o que. Lá, do mesmo jeito que a gente vê situações acontecendo com os judeus nos Estados Unidos, nas universidades, por exemplo, que se tivesse acontecendo com uma mulher, com um preto, com não sei o que, a reação que a sociedade já tá tendo e o tamanho está muito diferente.

Andrea Janer:

Então acho que tem uma conversa aí para a gente puxar, tem mesmo, a gente vai precisar encerrar porque já faz mais de uma hora que a gente está aqui de papo. mas assim acho que esse é um tema super importante. Eu acho que a adolescência vem coroar um movimento que começou a crescer com a geração ansiosa do Jonathan Haidt e agora eu acho que isso vai realmente mexer com as estruturas de toda essa questão das redes sociais que a gente vem falando. né, então, acho que esse é um tem um momento aí muito propício, né A tempestade perfeita pra uma mudança talvez de paradigma.

Fernanda Belfort:

Mas é, isso é o que você falou, né Assim quando a gente fala do Jonathan Haidt, o momento e o livro foi o estupim. Agora, Apesar da ideia, já tá aqui né Desde o Tristan Harris lá em 2019, não sei quando foi né O, O dilema das redes. O dilema das redes e tudo Esses assuntos já estavam em pauta mas agora que?

Fernanda Belfort:

era o momento dessa coisa. Então acho que a adolescência tem talvez E essa que é a beleza da arte, né talvez e essa que é a beleza da arte, né, e também depende do momento cultural pra ela ecoar e do quanto a sociedade tá pronta pra atuar em cima daquilo. Mas eu também acho que tem uma oportunidade muito grande de isso virar um movimento. Bom gente, a gente se traiu na ideia, a gente falou e a gente passou de uma hora, mas a gente vai continuar tentando ficar abaixo de uma hora nos próximos, né Vamos tentar. A gente vai continuar tentando ficar abaixo de uma hora nos próximos, né Vamos tentar. E até o próximo Duplo Clique galera. Obrigada gente, beijos.

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