Duplo Clique

#17 Trump x Advogados e a Mudança Democrata

Andrea Janer e Fernanda Belfort

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A democracia americana está sob ameaça, e poucos estão prestando atenção. Trump desencadeou um ataque sem precedentes aos escritórios de advocacia que ousam defendê-lo ou representar causas progressistas, aplicando sanções que incluem bloqueio de contratos governamentais e restrição de acesso a prédios públicos. Enquanto alguns escritórios tradicionais cedem à pressão e enfrentam revoltas internas, outros resistem heroicamente, defendendo o Estado de Direito.

Por trás dessa guerra jurídica, emerge uma discussão fundamental sobre o futuro do liberalismo nos EUA. O livro "Abundância", de Ezra Klein e Derek Thompson, propõe uma reformulação radical do pensamento progressista: menos burocracia, menos obsessão com processos e mais foco em resultados concretos. Os autores argumentam que a mentalidade de escassez fabricada por regulamentações excessivas está na raiz de problemas como a crise habitacional, transformando cidades que antes eram "escadas sociais" em vitrines exclusivas para os ricos.

Links:

Why My Firm Is Standing Up for the Constitution

Exclusive | Venerable New York Firm That Struck a Deal With Trump Is Losing Lawyers

How law firms targeted by Trump are responding to White House pressure | 60 Minutes

Ezra Klein and Derek Thompson: Politics, Trump, AOC, Elon & DOGE | Lex Fridman Podcast #462

Abundance: Klein, Ezra, Thompson, Derek: 9781668023488: Amazon.com: Books

And, This is Ezra Klein | This is Gavin Newsom



"As opiniões expressas aqui são estritamente pessoais e não devem ser interpretadas como representativas ou endossadas pela Salesforce, empresa onde a Fernanda Belfort trabalha."

Fernanda Belfort:

Fala, galera, bem-vindos a mais um duplo clique E, como vocês podem ver, tá mais pra ser um clique único, né Se a gente for pensar que a Dea não tá aqui. Mas calma, a Dea não desistiu do podcast. A gente não brigou, tá tudo bem. A Dea só tá de férias. Ela foi pra formatura da filha dela nos Estados Unidos. A agenda tava insana E eu já tava começando a receber mensagens. Fernanda, cadê o episódio dessa semana E eu falei vou gravar sozinha, mas semana que vem vai demorar um pouquinho mais, porque a gente vai gravar no domingo, mas a Dea vai estar de volta. E o que a gente vai falar essa semana A gente não né Eu. O que eu vou falar essa semana A gente vai ter dois tópicos principais Um falando sobre o Trump versus os escritórios de advocacia. Tem uma coisa acontecendo nos Estados Unidos que nem todo mundo está atento, que eu acho que é super relevante. E depois entrar num tema que eu já estou querendo trazer. Já comentei várias vezes e nunca deu tempo. Dessa vez a Dé vai ter que ouvir e ela vai ficar pensando todos os comentários que ela quer fazer. Vai ter que ficar me mandando áudios, mas sobre um livro chamado Abundância. Abundance, que foi escrito pelo Ezra Klein e o Derek Thompson, e eles trazem muito sobre quais são as mudanças que os democratas, os liberais, precisam fazer nos Estados Unidos. Então tem dois assuntos super interessantes e vamos lá para mais um Duplo Fique. Bom galera. Começando pelo Roundup, o que aconteceu essa semana, acho que o assunto que estava em todos os lugares foi o Papa. O Papa é americano pela primeira vez E o Papa não é o Trump. Um monte de gente me mandou pelo Instagram o post que o Trump fez, até na conta oficial da Casa Branca com um deepfake, uma imagem feita por Iá com ele como Papa, e é sempre o Trump, né Querendo lacrar nas mídias sociais, mas não, não é o Trump, mas temos um Papa americano.

Fernanda Belfort:

Acho que esse assunto foi o assunto mais coberto dessa semana. Acho que impossível alguém não ter visto isso. Eu pessoalmente achei muito bom, achei legal ter um Papa americano e trazer um pouco do lado bom dos Estados Unidos, porque realmente as pautas globais falando sobre Estados Unidos não estão positivas ultimamente. Acho que vai ser algo bom E para a gente na América Latina ele é praticamente peruano. Falaram que ele é o menos americano dos americanos, então acho que vai ser bom para a gente também. Fora isso, a gente está vendo o início de mais uma guerra.

Fernanda Belfort:

A gente viu a Índia bombardear o Paquistão, o que aconteceu civis, principalmente hindus, na Caximira, que é um território principalmente muçulmano que é dividido entre os dois países. Já existe uma disputa histórica sobre esse território, mas a Índia acusou o Paquistão de apoiar esses homens que atacaram e bombardeou o Paquistão. O Paquistão contra-atacou e virou realmente um conflito grande ali na região. Além da parte militar, também tem sanções diplomáticas, fechamento das fronteiras e também toda a parte diplomática. Então expulsaram os diplomatas do país.

Fernanda Belfort:

Começou tudo isso E a parte econômica E nessa parte econômica, além de suspender comércio a Índia suspendeu o Tratado de Compartilhamento Fluvial de 1960, porque os rios que hoje levam água para o Paquistão nascem na Índia, e isso é algo super importante ali na região e o Paquistão inclusive nascem na Índia E isso é algo super importante ali na região. E o Paquistão inclusive falou que se eles desviarem esses rios, a água desses rios, eles vão considerar isso um ato de guerra. E o que preocupa é que a Índia e o Paquistão são dois países que têm armas nucleares. Então tem aí mais um conflito começando e todo mundo esperava que a coisa já estivesse melhor do que está hoje. A coisa está escalando. Espero que em breve eles consigam chegar a não cessar fogo, mas é algo para a gente ficar de olho.

Fernanda Belfort:

Mais um acontecimento essa semana e vamos ter que falar do Trump de novo. Mas o primeiro-ministro do Canadá esteve na Casa Branca e naquele estilo de negociação e de bullying até do Trump que ficou falando que o Canadá deveria virar um Estado americano e tudo isso, e acho que o que o Mark Carney, que é o primeiro-ministro do Canadá, chamou atenção foi que ele soube, acho que, levar a situação muito bem. Ele tem um estilo de negociação super tranquilo. O Trump falou esse negócio do Estado do Canadá virar um Estado americano e ele virou e ficou falando never, never, never para os jornalistas enquanto o Trump falava. Então acho que ele conseguiu salir ali com um pouco de bom humor e tal, mas mais uma saia justa.

Fernanda Belfort:

A gente está vendo alguns acordos comerciais acontecendo no mundo, um deles, Índia e o Reino Unido. Então os países estão se fortalecendo contra os Estados Unidos, contra não né, mas para conseguir viver sem uma influência tão grande dos Estados Unidos. E além disso, teve um acordo né o primeiro acordo dos Estados Unidos, que foi um acordo com entre eles e também o Reino Unido. A própria Casa Branca chama esse acordo de conceitual, porque eles estão ainda nesse primeiro momento, mas falando que eles vão ter um acordo. Esse acordo envolve etanol, carne, aviões, peças de aeronave e também vários pontos para carros, para a indústria automobilística. Mas a gente vai ter que esperar tudo isso aterrissar e nesses dias vão se encontrar na Suíça representantes dos Estados Unidos e da China para começar alguns acordos.

Fernanda Belfort:

Então isso também está acontecendo para esse lado. E é isso aí, galera, chega de roundup e vamos pra dentro. Dá um respiro. Né Porque só eu falando Jesus amado, vocês estão me aguentando? gente Fala, vocês vão largar esse podcast agora ou vocês vão continuar comigo? Que falta faz a Andréia? né, que falta faz Até o Mig tá falando aqui. Vai Fê, tá tudo bem, vai, obrigada, mig, e vamos em frente, queridos, mas vamos lá pra esse primeiro tema.

Fernanda Belfort:

Né, esse é um tema que eu tinha preparado até na pauta pra trazer na semana passada, mas no fim foi bom porque não deu tempo. A gente acabou falando né se estendendo nos outros temas e acabou não conseguindo chegar nesse. Mas eu achei que foi até bom não ter conseguido, porque mais coisas aconteceram essa semana. Saíram outras notícias, mas existe um conflito entre o Trump e o governo e os escritórios de advocacia. Muitas vezes não é novidade, a gente já fala isso. Acho que desde o início do podcast, que foi mais ou menos quando o Trump assumiu o governo nos Estados Unidos, que a gente fala da importância e da ameaça que está acontecendo nos Estados Unidos contra o Estado de Direito ou o Rule of Law. E o Estado de Direito tem como uma das grandes premissas estava até consultando o meu advogado, meu marido, aqui em casa antes mas a divisão dos três poderes e o equilíbrio entre esses três poderes, e não existe justiça sem advogado Se você não tiver alguém que tenha liberdade de defender direitos e tudo isso. Não existe democracia sem isso. E o que aconteceu O Trump, desde fevereiro, começou uma série de lançar uma série de ordens executivas punindo escritórios de advocacia que estariam politizando, segundo ele, a justiça.

Fernanda Belfort:

Eles ele fez sanções que incluíram bloqueio de contratos com o governo, restrição de acesso a prédios públicos e exposição obrigatória de clientes que usassem esses escritórios. E tem três matérias interessantes. Tem uma matéria que está no The Atlantic há um tempo, algumas semanas atrás, falando de um advogado de um dos escritórios que está brigando contra o governo, contra essas sanções, falando do porquê que eles resolveram stand up cadê a D aqui para me ajudar com o português que eles resolveram stand up, mas quer dizer realmente lutar pelos valores e tudo e brigar com o governo americano. O 60 Minutes, que um dos temas do 60 Minutes na semana passada, que saiu no domingo passado, foi este tema e está uma matéria super legal. Eu vou deixar esses três links para vocês aqui. E saiu uma exclusiva essa semana também no Washington Post falando sobre uma empresa, um dos escritórios de advocacia, que fez um acordo com o governo e o que ele está sofrendo por ter feito esse acordo. Porque o que acontece?

Fernanda Belfort:

O governo começou a ir atrás de vários escritórios de advocacia e alguns deles resolveram fazer acordos. Os que resolveram fazer acordos, parte do que tinha no acordo era os escritórios serem obrigados a trabalhar pró-bono, ou seja trabalhar de forma gratuita para prioridades alinhadas com o governo antissemitismo, então algumas pautas específicas e tem um problema super grande, porque a hora que esses escritórios não defendem a lei e os princípios e falam não, a gente não vai aceitar que você proíba gente ou coíba, ou iniba não sei qual seria o termo correto de trabalhar e defender as causas que a gente acredita que deveriam ser defendidas e que o povo americano tem o direito de ter advogados defendendo, você está indo contra princípios básicos da democracia e do Estado de Direito E fazer um acordo então é compactuar com tudo isso. E aí, escritórios que fizeram acordo. Então essa matéria que saiu essa semana fala de um escritório chamado porque eu também não conheço os escritórios americanos né gente Cadwey Lurder, e ele é um escritório um dos mais antigos dos Estados Unidos. Ele foi fundado em 1792, ele teve uma receita enorme no ano passado, mas agora está enfrentando uma crise porque ele fez um acordo com a Casa Branca. E o que está acontecendo agora Vários sócios super importantes estão saindo do escritório, está tendo um monte de protesto interno.

Fernanda Belfort:

Então os próprios advogados agora estão, eles estão com uma crise enorme, os que trabalham lá e vários saindo do escritório porque não concordam com tudo isso. E aí a gente tem outros escritórios que resolveram brigar E esses escritórios que resolveram brigar já teve uma juíza que já bloqueou, quer dizer quatro ordens. Quatro juízes bloquearam ordens executivas contra escritórios e uma juíza, a Barry Howell, inclusive declarou que os advogados que resistiram, eles vão ser lembrados como defensores da Constituição. Então está começando a ter uma conversa ali. O 60 Minutes encontrou apenas um advogado disposto a falar, porque obviamente quem que vai pegar e falar contra o governo E esse é o tipo de coisa que acontece em ditaduras Você não tem um advogado que te represente. Eles, essas sanções contra escritórios foram contra escritórios que tinham processos contra o Trump, contra aliados do Trump que estavam defendendo causas ou de DI, seja trans, sejam coisas assim.

Fernanda Belfort:

Então coisas de ideologia. E existe agora uma grande briga acontecendo nos Estados Unidos E nas conversas que eu tive aqui internamente. Internamente é ótimo, né, gente, me myself and I, não Com outras pessoas, com a própria ideia, tá, essa, eu posso falar, mas eles precisam realmente stand up. Acho que tem uma coisa grande acontecendo. Um amigo advogado estava contando até que quando teve a ditadura aqui no Brasil, a OAB teve assim manifestação que queriam entrar na OAB e os advogados foram para frente Não, e teve briga assim. Então os advogados têm que realmente ter essa posição muito forte, defender isso E o governo.

Fernanda Belfort:

Parte do que eles estão fazendo é se o escritório trabalha para alguma empresa, eles não contratam mais essa empresa. Então, além de tudo que eles estão fazendo não deixar entrar em prédios públicos, imagina que assim eu sou no escritório de advocacia, eu tenho um cliente, o cliente A, que é uma empresa. Se essa empresa quer ou presta serviços para o governo americano, só de saber que ela está contratando o meu escritório e eu tiver nessa sanção e não fizer um acordo, eles automaticamente param de contratar a empresa Ou seja não tem mais cliente. Então tem coisas super sérias acontecendo. Eu acho que a exposição que isso está tendo na mídia versus a seriedade que tem é preocupante e achei que era um tema bacana pro duplo clique, dando um respiro né gente pra mim e pra vocês. Mas entrando agora no nosso último tema, potencialmente esse vai ser um duplo clique mais rápido né gente, vamos ver. Talvez seja o primeiro duplo clique que a gente não vai chegar em uma hora, porque também só eu falando não tá fácil né Mas gente, eu queria muito trazer esse tema.

Fernanda Belfort:

Né Eu assisti um podcast do Les Friedman, que é um podcast que os episódios duram tipo três horas, desesperador. Né gente. Acho que esse foi o único que eu consegui chegar no final. Na verdade, geralmente quando tem alguém que eu gosto muito, eu adoro o papo, assisto uma hora, uma hora e meia. O Ian Lecun conseguia assistir duas horas, mas é um desafio, mas esse foi o Ezra Klein. O Ezra Klein é um jornalista do New York Times que eu adoro, a Dea também, e o Derek Thompson que é o CEO da The Atlantic. Então também é uma revista, um meio super bacana E esse cara também é super legal E eles juntos escreveram um livro que chama Abundância E eles foram no Lex Friedman.

Fernanda Belfort:

Eu já assisti isso há um mês atrás. Eles estão agora fazendo um book tour em vários podcasts e tudo para falar do livro. Mas eles foram justamente para conversar sobre isso E foi interessante porque o Lex Friedman é um dos caras, um dos podcasts, que recebeu o Trump, que recebe muitos republicanos, e esse tipo de podcast teve uma importância muito grande na eleição do Trump e tem uma importância muito grande para os republicanos E esse foi um dos primeiros temas que eles conversaram Do quanto. E o próprio Lex Friedman no começo ele falou olha, eu vou. E o próprio Lex Friedman no começo ele falou olha, eu vou.

Fernanda Belfort:

Hoje o podcast é sobre política, geralmente é sobre computação, ciência. Por isso, até que eu assisto, vocês sabem que eu tenho esse meu lado nerd e que eu sou atualmente uma tech person, talvez até mais do que uma marketing, mas ele fala, dessa vez eu vou falar de política. Eu sei que esse é um tema polêmico que vai ter bastante repercussão. Se você não está aberto para falar sobre isso, bacana, não ouve esse, pula para o próximo. Mas eu acho que é importante e é um assunto que dessa vez eu resolvi trazer. E ele traz esses dois caras que são democratas de carteirinha para o podcast E eles começam falando isso E ele falando assim. Não é que eu só apoio os republicanos, eu convido um monte de democratas, mas é super difícil conseguir trazer alguém pra uma conversa, num podcast longo e tudo, e eles até conversam bastante sobre isso, né que, no fim do dia, hoje os democratas, eles estão sempre muito preocupados, néados com o impacto, com o que pode ser dito e tudo. Eles acabam tendo conversas um pouco menos autênticas, abertas e tal sobre o que está acontecendo.

Fernanda Belfort:

O Bernie Sanders foi que é um famoso E o Lex fala me fala o que eu preciso para conseguir a AOC. A AOC é uma das Acho que ela é senadora nos Estados Unidos. Ela chama Alexandra Ocasio-Cortez, mas ela é super Conheci dela que estava fazendo o tour falando de oligarquia e tudo com o Bernie Sanders. Agora Ela fala super bem E ele fala meu, o meu sonho é chamar ela aqui. Não é o meu sonho, mas eu quero muito, mas assim eu não consigo trazer ela para uma entrevista de três horas e eles falam bastante disso. E o Ezra fala que acha que hoje alguns já estão começando a se abrir. Ele fala do Gavin Nielsen que é o governador da Califórnia. Depois ele no Book Tour foi o governador da Califórnia que é o Gavin. Ele tem um podcast E ele foi no book tour, no podcast do Gavin.

Fernanda Belfort:

E até engraçado porque ele fala nossa é um pouco desconfortável essa troca de papéis, porque de repente tá o Gavin, que é o governador, né entrevistando o Ezra Klein que é um jornalista do New York Times. Então tem essa divisão de papéis. Mas ele é um democrata. Ele fala que ele já está mais aberto a isso e que no fim do dia os democratas precisam entender que eles precisam trazer esse tipo de autenticidade de ter conversas longas, mais abertas. Acabam sendo ambientes menos oxis do que uma conversa na televisão, alguma coisa, assim acabam sendo conversas mais longas e do quanto isso é importante E que os americanos os americanos não desculpa gente, os republicanos eles já entenderam muito bem, principalmente o Trump, essa política toda e essa dinâmica de poder e tudo da indústria da atenção.

Fernanda Belfort:

Então os democratas estão ainda muito trabalhando nesse conceito do dinheiro, enquanto os republicanos já entenderam que a dinâmica é diferente e essa dinâmica realmente da indústria da atenção e o quanto eles fazem isso. Bem Passada essa conversa né que eu achei interessante sobre a participação e tudo isso, e ele até fala né assim bastante desse ponto da falta de autenticidade da esquerda e que não vai ter mudança sem coragem de ir contra outras pessoas, né Que o Obama tinha autenticidade, mas que hoje em dia isso não existe E que a gente está num momento de anti-establishment. A gente está num momento de realmente mudança. Os americanos querem isso, as pessoas querem isso E os democratas não podem virar os defensores do status quo, que é um dos problemas que está acontecendo. Então acho que tem alguns insights super interessantes E quando começa um pouco sobre a conversa sobre o livro, o Derek Thompson conta que ele começou a ter a ideia desse livro e desse conceito quando ele estava na fila para tomar a vacina do Covid E ele estava pensando na escassez naquela época, que tinha pouco teste, tinha pouca vacina e como essa escassez toda estava sendo um problema para a economia, e ele começou com esse conceito de escassez e de abundância.

Fernanda Belfort:

Esse é um conceito que eu pessoalmente adoro. Eu vários de vocês sabem né que eu meio que tinha, porque eu não estou gravando atualmente, talvez um dia eu volte, mas eu já tive um outro podcast chamado Tribos de Marketing E quando eu comecei esse outro podcast e comecei um grupo de gente do mercado. E tudo foi no momento que eu saí da Mondelez, que era a empresa onde eu trabalhava. E uma das coisas que me motivou a fazer isso é porque eu tinha tido, num ano anterior, uma conversa. Um dia eu estava com uma pessoa com quem eu tinha uma relação profissional e essa pessoa tinha uma pasta com um monte de relatórios de inovação eu trabalhava com inovação de produto. Né, um monte de relatórios de inovação, um monte de coisa. Eu falei gente, que incrível, essa pasta posso copiar? E ela falou não, claro que não, isso é algo que eu tô juntando há anos. Né Tipo parecia que eu tinha pedido pra beijar o marido dela, assim tipo ficou indignada E eu falei nossa desculpa, né, tudo bem.

Fernanda Belfort:

E eu pensei gente, qual o problema? E depois eu até comecei o podcast dessa mentalidade de dividir conhecimento. A mentalidade de escassez é quando você acha que você tem que limitar conhecimento. A mentalidade de escassez é quando você acha que você tem que limitar que se você, se eu venho aqui e conto um conhecimento pra vocês e eu passo a ter metade dele, né ele diminuiu, e na verdade não né assim. A mentalidade da abundância é que você ter acesso a conhecimento do mesmo jeito que eu tenho não faz com que tenha menos valor disso pra mim, porque tem o suficiente pra todo mundo e foi muito daí. Hoje eu tenho uma pasta que eu tenho.

Fernanda Belfort:

Todos os estudos de inovação e tal que passaram por mim sem brincadeira desde essa época, nos últimos cinco anos, meu, todos os meus amigos, é uma pasta aberta no Google, sabe assim, compartilho com todo mundo. Então é muito dessa mentalidade. Então acho que também, quando eles começaram a falar de abundância, eu até já me conectei, falei nossa, concordo Por aí mesmo o mundo. E na verdade eles falam de abundância até de uma forma diferente. Obviamente.

Fernanda Belfort:

Eles falam de abundância como a ideia de que cada vez mais existe uma mentalidade de escassez nos Estados Unidos, que é uma escassez fabricada, então, não necessariamente por alguma coisa mal intencionada, mas existe uma vontade, por exemplo, de você manter o meio ambiente. Então, por que você tem que manter o meio ambiente, vários estados que são estados democratas acabam tendo leis muito mais restritivas e regulamentações e tudo que impedem em N situações a construção civil E isso está levando a um aumento de preço de moradia nesses estados enorme. Então eles vão, eles focam, eles contam que focam no livro mais em moradia e em energia, porque são dois tópicos ali que eles entendem que são bastante importantes. Mas ele fala assim não adianta você como governo falar puxa, a moradia está muito cara, então eu vou dar um voucher para te ajudar a pagar aluguel, porque isso vai piorar o problema. Vai ter mais dinheiro para pagar pela mesma quantidade de lugares para morar, o que só vai fazer com que o preço suba ainda mais. Então o que a gente precisa é voltar a ter essa mentalidade de abundância.

Fernanda Belfort:

E eles vão até na conversa com o Lex Friedman, que e eles vão até na conversa com o Lex Friedman, que é uma conversa um pouco maior eles vão até citando coisas e nessa conversa, que é uma conversa mais nerd, o Lex Friedman vai até abrindo as referências e tal. Eles vão mostrando no podcast. Mas eles mostram, por exemplo, um paper que eu até peguei um print, estou pegando aqui para colar. Mas eles mostram por exemplo, um paper, uma matéria escrita, na verdade é um artigo que chama The Housing Theory of Everything E ele fala do quanto essa escassez de habitação, de moradia, ela acaba impedindo não só que você consiga comprar uma casa, mas também ela é um driver de inequalidade.

Fernanda Belfort:

Meu Deus, do céu, não sei falar isso né, não. Desigualdade a pessoa. Querendo ler em inglês e traduzir para o português né, mudança climática, baixa produtividade, obesidade. eles trazem né, e daí a gente vai ter que parar para ler o artigo para entender o fundamento disso tudo, mas que esse, o custo da moradia, é um dos drivers de uma série de coisas na economia. Então, algo super importante, por isso que é uma das coisas que eles puxam E que existe um movimento nos Estados Unidos que eles chamam de Not In My Backyard.

Fernanda Belfort:

Tem até uma sigla N-I-M-B-Y. Eles adoram essas siglas nos Estados Unidos e ele fala que movimentos locais que acabam resistindo a novos empreendimentos que é uma coisa que acontece nos Estados Unidos dificulta a construção de novas casas e infraestrutura, isso faz com que os preços subam e agrave a crise habitacional E que esse tipo de coisa precisa ser cuidado. E que muitos desses temas, dessas restrições, vieram no passado para proteger o meio ambiente, para proteger a qualidade de vida, mas hoje eles estão travando o crescimento e isso gera aumento de custo. E eles vão para um tema interessante que eles falam que hoje os democratas estão muito focados nos processos, muito mais do que nos resultados, e aí puxa um tema de burocracia, puxa um tema de uma série de coisas E que muitos dos políticos hoje têm como passado background. Começaram, estudaram direito, foram advogados. Você pega Obama. Obama e a Michelle se conheceram no escritório de advocacia.

Fernanda Belfort:

Os dois são advogados, e advogados têm uma tendência muito grande a conhecer os processos, a saber como fazer as coisas, e muito do que o governo Trump está fazendo é meio que né go fast and break things, como se falava no Facebook há anos atrás. Eles estão meio que quebrando as instituições todas para gerar mudança E que é realmente necessário ter uma mudança mais drástica. A forma que está acontecendo acho que não é boa. E ele mesmo fala eu não quero virar republicano, o que eu quero é que os liberais sejam mais obcecados pelos resultados, pelos fins do que pelos meios, mas que isso é um grande ponto. E ele depois foi num outro podcast que é o All In, que também tem uma galera né Alguns deles são republicanos, outros são democratas, e que os republicanos nessa hora viraram e falaram então bem-vindos ao Partido Republicano.

Fernanda Belfort:

E ele falou não, não quero ser republicano, mas muita gente que não necessariamente concorda com a parte extremista da agenda do Trump apoia o governo republicano e está de alguma forma apoiando o Trump porque vê essas mudanças e vê essa necessidade. E aí ele acaba puxando isso para falar que tem um monte de coisa que precisa quebrar a burocracia E essa semana eu assisti uma entrevista do CEO da Amazon, que agora eu não vou lembrar o nome, mas ele contando o quanto a Amazon quer operar como uma a maior startup que existe E que ele quer tirar o red tape. Ele usa essa expressão E eu estava vendo uma outra do JP Morgan que ele fala que ele não chama mais de red tape, ele chama de blue tape porque esse tipo de burocracia está muito mais ligado aos democratas do que aos republicanos. Mas o CEO da Amazon fala que ele fez um e-mail, fez um e-mail para o pessoal da Amazon enviar quando estiver acontecendo alguma coisa, algum processo, que é uma burocracia que não deveria existir. Ele fala que obviamente tem um monte de e-mail. Ele já recebeu sei lá mil e-mails desde que ele fez esse e-mail. Segundo, ele Diz ele que leu todos, que muitos estão falando de processos e que processo não é uma coisa ruim, processo tem que existir.

Fernanda Belfort:

A burocracia quando é um processo é o que não te leva a lugar nenhum E que a eles mudaram tipo 300 processos na Amazon ao longo do tempo de coisas que simplesmente não deveriam existir, porque estão fazendo com que demore né As coisas não saiam do papel E o Ezra e o Derek contam de vários projetos nos Estados Unidos, falando cara, não adianta você começar a fazer um projeto falando que você vai colocar tomada para carros elétricos em todos os lugares dos Estados Unidos e você vai ter um incentivo se por outro lado é uma mega burocracia. Você pegar uma empresa para fazer isso, você começar um negócio, você fazer a coisa acontecer. Então que tem mudanças fundamentais que tem que existir. E há uns meses atrás eu também vi esse lance que tem a gente já comentou várias vezes aqui do MAGA Make America Great Again, e começaram a sair várias coisas daí.

Fernanda Belfort:

Né várias variações, e uma das variações que começou a ser usada e graças a Deus não vingou, era o de Make America Normal Again. Né que obviamente alguns democratas começaram a usar, e por que, graças a Deus não pegou, porque isso dá a percepção de que estava tudo bem E o que eles falam justamente é que não estava tudo bem no governo Biden. Tem um monte de coisa que precisa, sim, mudar nos Estados Unidos, mas para isso acontecer a gente precisa ter democratas que estejam menos preocupados em não irritar pessoas, não falar as coisas, que tenham uma postura mais agressiva. Eles precisam aprender, sim, com os republicanos a ter esse tipo de coisa. E aí ele fala também nessa necessidade que a gente precisa evoluir, o liberalismo precisa evoluir de uma postura que apenas protege, conserva para uma que também constrói e promove o crescimento, e que isso é também reconhecer quando o governo está falhando em agir efetivamente e reformar instituições para que elas possam entregar grandes projetos e soluções para os problemas atuais como habitação, energia limpa e infraestrutura, e que no fim do dia, não dá para colocar em todas as causas sociais, para colocar todas as causas sociais dentro de cada projeto.

Fernanda Belfort:

E eu acho que esse é um tema também, que parte desse backlash que a gente fala, desse movimento pendular, de estar voltando para essas agendas de diversidade, equidade, inclusão, que é o DI que a gente fala, é um pouco porque algumas coisas começaram a ir para outro extremo. E eu também tenho essa sensação de falar cara, a gente já está também indo um pouco longe demais, né nesse negócio. E eu sou assim mega DI, tá, super, acredito, defendo, acho que a gente tem que realmente evoluir, ser uma sociedade melhor, nisso, mas tem temas que não são sobre isso. Não dá para misturar tudo aí. E eu acho que foi muito legal e eu gostei muito desse livro e da postura deles porque pela primeira vez eu comecei a ver gente falando coisas que fazem sentido, gente que tem um poder de influência, que são bons comunicadores e conseguem passar essas mensagens de uma forma efetiva, começando a construir uma agenda para que a gente tenha uma posição aí, para que a gente tenha representantes e ideias que possam realmente acabar com o que está acontecendo nos Estados Unidos nas próximas eleições em relação ao Trump. E tudo isso Porque a grande verdade é que hoje, nesse cenário bipartidário que existe nos Estados Unidos, o Trump está nadando de braçada porque os democratas estão realmente tendo uma performance péssima.

Fernanda Belfort:

E uma coisa que o Ezra fala que eu também achei superinteressante é que a esquerda teme injustiça e valoriza mudança, que a esquerda tolera certos excessos em pró da justiça social, enquanto a direita teme desordem social, valoriza tradição e tolera mais desigualdades naturais. Até porque geralmente para essa direita mais elitista a desigualdade está tudo bem. E por isso que acaba sendo uma surpresa quando a direita vira o partido das massas. Acho que as massas não entenderam muito bem E que a esquerda está mais confortável com grandes governos que buscam corrigir desigualdades.

Fernanda Belfort:

Existe um tema econômico aí, o próprio Ray Dalio no começo do ano acho que a gente comentou isso também no podcast em algum momento ele está falando bastante sobre isso o tamanho do governo, qual é o limite do ponto de vista de endividamento que um governo pode ter. Então existe uma necessidade de equilíbrio de contas. Acho que tem um tema grande acontecendo no meio disso tudo. Acho que tem um tema grande acontecendo no meio disso tudo e a direita acaba falando com esse discurso de Estado mínimo mas por outro lado confiando muito nesse aparato de força do Estado a parte toda, militar, policial. E tal é interessante também quando a gente pensa nesse tema de moradia das cidades. O Scott Galloway tem falado bastante sobre isso, sobre o quanto hoje está super difícil.

Fernanda Belfort:

As gerações mais velhas estão com muito dinheiro. Precisa ter uma transferência de renda de alguma forma para os mais jovens. Está muito difícil para os mais jovens comprarem uma casa ou alguma coisa assim. E quando você olha o papel das cidades, nisso tudo. As cidades sempre foram escadas sociais. Né isso até as ideias do Ezra. Tá, não é nem do Scott. Mas esse lance de que você tá na cidade, você tá perto de onde as coisas tão acontecendo, você tá no seu emprego, você tá conhecendo gente, você é onde a coisa acontece. E hoje, como está tão caro morar nas cidades, ainda mais com o trabalho remoto, as pessoas longe. Cada vez mais as cidades estão virando as vitrines dos ricos E não mais um lugar que as pessoas podem ir para crescer e se desenvolver, e tem um tema também entre gerações acontecendo nisso tudo Me lembrou um artigo que eu li no New York Times também, talvez há um mês, dois meses atrás, que falava da quantidade de pessoas jovens que moram em Nova York que na verdade tem algum tipo de subsídio dos seus pais, ou moram num apartamento que é do pai, ou acabam tendo uma ajuda para pagar o aluguel do pai e da mãe ou alguma coisa assim.

Fernanda Belfort:

Né Que é um fenômeno de alguma forma interessante e até mesmo preocupante e triste, né Porque você vê que essa mobilidade social e essa escada social está realmente quebrada E a gente também está vendo um êxodo muito grande, né De gente que está saindo de estados como Califórnia e Nova York porque o custo de vida está impraticável e indo para estados republicanos. Uma coisa que tem me chamado muita atenção é Austin. Tudo bem que a gente vai para Austin por causa do SXSW, mas eu tenho ouvido muita gente que está mudando para Austin. Está morando em Austin. Tem uma pessoa do meu trabalho, né Um super VP e tal importante nos Estados Unidos, que está morando em Austin. A gente está vendo um monte de gente, uma indústria de tecnologia acontecendo lá. A gente brinca que Austin é um pouco a Califórnia, no Texas, mas assim existem vários pontos relacionados a custo de vida, a burocratização e tudo que está levando para esses estados.

Fernanda Belfort:

Então é isso, pessoal. Espero que vocês tenham ficado até aqui de mãozinha dada comigo, tá, senão eu vou achar que vocês só gostam da ideia. Mentira. Eu gosto da ideia, ideia. Estou com saudades. Tudo bem, não posso ter esse tipo de Eu ia falar volta amiga, mas não. Tudo bem, não posso ter esse tipo de Eu ia falar volta amiga, mas não. Você tá de férias. Tá bem, tá feliz, Então tudo bem, fica, mas não vejo a hora de você voltar. Quero saber se você ouviu até o final o podcast, entendeu. Quero ver se você vai colocar lá no seu stories e falar Fê, eu ouvi até o final, sim, o podcast. Se vocês aguentaram até aqui, e pessoal, e pessoal. Super obrigada, não por ficar com a gente, mas por ficar comigo nesse duplo clique E até a semana que vem, que a gravação vai ser domingo, hein, com a Deia, obrigada, beijo, tchau, tchau.

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