
Duplo Clique
A Andrea Janer da Oxygen, e a Fernanda Belfort da Tribo de Marketing, são duas amigas apaixonadas por lifelong learning. Toda semana, elas se juntam para dar um Duplo Clique nos principais temas de tecnologia, negócios e tendências. Conversas gostosas e descontraídas, mas cheias de conteúdo para você ganhar repertório e estar sempre atualizado.
"As opiniões expressas aqui são estritamente pessoais e não devem ser interpretadas como representativas ou endossadas pela Salesforce, empresa onde a Fernanda Belfort trabalha."
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#25 O Veredito de Diddy, a Aprovação da Big Beautiful Bill, e os Novos Layoffs da Microsoft
Mergulhamos no controverso julgamento de Diddy, onde apesar de evidências contundentes incluindo vídeos de agressão, o influente produtor foi absolvido das acusações mais graves. Este caso representa um momento simbólico para movimentos como o Me Too, sinalizando um preocupante retrocesso nas conquistas sociais dos últimos anos. Quando poder e dinheiro ainda prevalecem sobre justiça, percebemos que a luta pela igualdade e contra a violência de gênero ainda tem um longo caminho pela frente.
A aprovação da Big Beautiful Bill nos Estados Unidos promete reconfigurar completamente a economia americana com consequências globais. Analisamos como esta legislação de 887 páginas, assinada simbolicamente no Dia da Independência, representa um "Robin Hood às avessas" - retirando recursos de programas sociais essenciais enquanto beneficia principalmente os mais ricos. Com um déficit projetado de 5 trilhões de dólares e cortes em energias renováveis justamente quando a demanda energética aumenta, esta lei cria uma perigosa bomba-relógio econômica que afetará gerações futuras.
Links:
The Most Perverse Part of the 'Big, Beautiful Bill' - The Atlantic
The Disaster That Just Passed the Senate | The Ezra Klein Show
Trumponomics 2.0 will erode the foundations of America’s prosperity
The Most Perverse Part of the 'Big, Beautiful Bill' - The Atlantic
CEOs Start Saying the Quiet Part Out Loud: AI Will Wipe Out Jobs
What labor market data isn’t telling you—yet | McKinsey
hold for approval AI and the Human Spirit
Trump’s Defiance of TikTok Ban Prompted Immunity Promises to 10 Tech Companies | WIRED
Acompanhe mais com agente:
Oxygen Club - Andrea Janér
Tribo de Marketing - Fernanda Belfort
"As opiniões expressas aqui são estritamente pessoais e não devem ser interpretadas como representativas ou endossadas pela Salesforce, empresa onde a Fernanda Belfort trabalha."
Eu sou a Fernanda Belfort e eu sou a Andréa Janer, e bem-vindos a mais. Um duplo clique E aí Dea.
Andrea Janér:Pelas minhas roupas, vocês veem que eu estou em São Paulo, né.
Fernanda Belfort:Cheguei com esse casaco assim morrendo de frio Todo mundo.
Andrea Janér:Eu tava no Panamá, acho que tava sei lá 35 graus né.
Fernanda Belfort:Então assim meu corpo não tá entendendo mais nada Sorte a sua, tava congelando aqui mesmo.
Andrea Janér:Ah, mas 35 também não é bom né, Lá é muito úmido. Você tá com o ar-condicionado trabalhando, vai Então, mas acho que é isso que acaba com a saúde da gente. Né Porque você entra e sai do ar-condicionado assim polar, né uma temperatura que acho que é 15 graus. Sei lá, a hora que eu entrei no quarto do meu hotel eu fui olhar a temperatura tava 15 graus, nem precisa 15, né 17, 18, tá bom, não precisa ser 15 e aí você fica morrendo de frio dentro do quarto, tem que desligar o ar.
Andrea Janér:Essa coisa da temperatura e desses extremos realmente é muito, muito louco pro corpo, né? Acho que daqui a pouco a gente precisa entender melhor, tentar ficar pelo menos numa média, um pouquinho melhor, né. Mas enfim, estou de volta. Foi uma semana ótima e também aconteceu bastante coisa.
Fernanda Belfort:Não teve assim nada bombástico, mas desdobramentos de coisas que já estavam acontecendo né Pra mim a Big Beautiful Beauty, aprovada, foi bombástico, viu, e dizem que ele vai, já estavam acontecendo. Né, ah, pra mim a Big Beautiful Bill, se aprovada, foi bombástico, viu E dizem que ele vai assinar hoje, né Já 4 de julho, ah, mas essa semana.
Andrea Janér:Eu acho que isso Bom, ganhou um pouco né.
Fernanda Belfort:Eu acho que se a gente for pegar o que mais apareceu na mídia, foram dois assuntos né O julgamento do Dini que esse eu sei que você acompanhou e vai contar pra gente e a Big Beautiful Bill. eu fiquei lendo tudo porque eu fiquei muito impactada. Então, eu sei que a gente já falou desse assunto aqui, mas hoje vamos detalhar, mas conta desse julgamento né.
Andrea Janér:É um julgamento que estava todo mundo esperando que acontecesse. Né Acho que era uma história que mexeu, mobilizou com muita gente, principalmente os movimentos que enfim falam sobre violência doméstica, sobre defesa dos direitos das mulheres. Essa coisa do Me Too voltou tudo à tona e, honestamente, a gente esperava, todo mundo esperava, um outro desfecho para essa história toda. Então, só para quem não acompanhou aqui essa semana, o Didi foi absolvido das acusações mais graves. Ele tinha três acusações principais e das duas mais graves ele foi absolvido. Então, transporte de pessoas com propósitos de prostituição E uma outra acusação referente a Cassie Ventura. Cassie Ventura, só para ligar o nome à pessoa, foi aquela mulher que apareceu sendo agredida por ele no chão do corredor de um hotel. Parece ele chutando, puxando pelo cabelo. É uma cena que ficou muito emblemática, é a cena que acho que todo mundo mais lembra quando a gente fala do caso do Didi. O júri deliberou por três dias. Estava super difícil chegar a um consenso. Na véspera eles ainda disseram que tinham pessoas dos dois lados que eram vamos criar uma nova palavra aqui inconvencíveis, cada uma muito.
Fernanda Belfort:Cada semana a gente vai ter uma meta. Cada semana a gente vai criar uma palavra que a gente está bem gratível.
Andrea Janér:Inconvencíveis, inconvencíveis, você acha que devia existir, inconvencível, eu acho que devia existir. Mas enfim, algumas pessoas estavam absolutamente convictas das suas posições e estavam um pouco inclinadas a mudar. Então o júri chegou até um impasse na véspera e acabou chegando a um veredito ontem E depois disso o juiz negou fiança. Pelo menos isso né. Então ele vai ficar detido até a sua sentença, que foi marcada provisoriamente para começo de outubro aqui desse ano, o que, resumindo aqui o que aconteceu, ele poderia ficar preso for life, assim para sempre, se essas acusações todas tivessem sucesso. Então na prática o que aconteceu foi o melhor cenário para o Didi. A defesa dele conseguiu realmente um feito, com toda a opinião pública contra ele, a pressão popular nesses jurados E no entanto ele saiu-se com o melhor cenário possível. Ele mantém boa parte da sua fortanto, ele saiu-se com o melhor cenário possível. Ele mantém boa parte da sua fortuna.
Andrea Janér:Ele não vai precisar abrir mão de seus bens. Ele perdeu um pouco de valor, digamos de mercado, mas ele continua com uma fortuna de 400 milhões de dólares ou seja, está muito bem. Claro que vai perder contratos com marcas, algumas vão. Obviamente vai ficar mais difícil para ele se reconstruir depois disso, mas muitas matérias na mídia criticando todo esse processo e dizendo que ele é capaz de se sair disso com uma, de se sair com uma narrativa de redenção, uma reconstrução da vida. Ele vai agora provavelmente ter um trabalho de PR aí pra mostrar como ele ficou na prisão. Ele deve pegar de dois a cinco anos de prisão. Né, isso é o pior de tudo. Acho que ele tá, eles estão convencidos de que ele vai pegar uma pena de 10 a 15, daí ele vai ter uma série de benesses e vai acabar ficando dois a cinco anos na prisão e vai sair um homem transformado, um homem arrependido e vai.
Andrea Janér:Vida que segue. Isso é uma tragédia para todos esses movimentos como o Me Too. Talvez tenha sido um momento muito emblemático para essa luta. A gente já estava vendo esses movimentos perd. O Me Too. Talvez tenha sido um momento muito emblemático para essa luta. A gente já estava vendo esses movimentos perderem força. Nos últimos anos, eu diria, e agora, com a chegada do Trump ao poder, a gente sabe que esse tipo de pauta perdeu mais força ainda. Então, acho que essa história do Didi vai ser lembrada por muitos anos como talvez mais um sinal, mais uma evidência de que a gente está vivendo novos tempos, mesmo que toda aquela luta que começou ali em 2016, 2017, que teve o Me Too como uma grande bandeira, não só nos Estados Unidos, mas no mundo inteiro. Isso tornou uma pauta global. Isso realmente vem perdendo força e a gente está voltando para 2015, em termos de conquistas.
Fernanda Belfort:Algumas coisas me chamaram a atenção. Nesse caso, eu concordo com você, é um absurdo. Todo mundo esperava algo maior. Parece que, como era de se esperar, existem muitos outros processos. Esse era o maior de todos, o mais importante esperar. Existem muitos outros processos. Esse era o maior de todos, o mais importante. Mas existem muitos outros processos. aparentemente estimam que mais de 60 ações civis estão em andamento de agressão sexual, de um monte de tipo de abuso. Então talvez essas coisas vão ser. Eu não sei como funciona bem a justiça americana, mas entendo que tudo isso vai impactar também. E uma coisa que me chamou atenção, além disso tudo, é que esse é o tipo de narrativa que a gente faria de um homem branco, assim, tipo Sem dúvida Sabe aquela coisa que a gente fala Esse negócio, né Errar, é um privilégio Fazer essas coisas e sair liso. É um privilégio Se fosse uma mulher, se fosse negro, se fosse não sei o que lá. E a gente vê que cada vez mais não é uma questão de raça, é uma questão de dinheiro e poder.
Fernanda Belfort:Mas acho que foi realmente impactante E tem tanta coisa acontecendo hoje, né Que, de certa forma, a gente considera que a gente dá três passos pra frente e dá 25 pra trás? né, sim sim, sim.
Andrea Janér:Acho que tem muita coisa que ainda precisa mudar. Por isso que quando a gente ouve as pessoas dizendo que a gente exagerou, quantas vezes a gente ouve pessoas dizendo que essas pautas enfim de DI em geral diversidade, equidade, inclusão quantas pessoas argumentam que isso foi longe demais, que a gente o pêndulo foi muito para o lado. E acho que vem um episódio como esse do Diri para mostrar que não que ainda tinha muito chão pela frente, a gente ainda tinha que conquistar muitos outros espaços enfim de legislação, também, coisas um pouco mais sistêmicas. Porque eu acho que essa Enfim de legislação também Coisas um pouco mais sistêmicas? né Porque eu acho que essa situação em que a mulher é sempre Enfim o que ela fala é difícil de provar, fica sempre essa discussão de que a mulher é sempre a ponta fraca E que ela se colocou nessa situação de alguma forma.
Fernanda Belfort:Exatamente Essa narrativa. E que ela se colocou nessa situação de alguma forma É exatamente Ela que não devia ter bobeado e entrado num negócio desse e topado numa festa que não sei o que lá Sempre tem uma coisa do tipo, né assim….
Andrea Janér:A mulher é sempre culpabilizada. Ela é sempre culpabilizada porque ela podia ter feito alguma coisa diferente E ele fez o seu papel como homem. Né, então? essa narrativa é muito perigosa e esse episódio do Didi mostra que a gente avançou um pouquinho, mas acabamos retrocedendo de novo. Né, então? acho que isso ainda vai ter muita repercussão, como você falou, acho que tem outros processos que vão rolar, mas esse era o mais importante, esse era o que estava todo mundo esperando que ele funcionasse como uma mensagem, como uma grande, uma coisa emblemática, um momento emblemático que não aconteceu. Então.
Andrea Janér:Acho que foi aí um balde de água fria para todo mundo que estava esperando um avanço, o que tem, se você olhar o Big Scheme of Things, tudo que está acontecendo nos Estados Unidos, trump e tal não é surpresa, não deveria ser surpresa. A gente não deveria estar surpreso com isso. Acho que o clima, o ambiente nos Estados Unidos hoje justifica esse tipo de desfecho. Acho que é um pouco isso que eu sinto. Eu estou me sentindo assim. Quando eu recebi a notícia ontem, eu estava assistindo a CNN e eu vi os jornalistas da CNN, as mulheres principalmente, que estavam narrando ao vivo a sentença, na verdade o veredito. Não a sentença, mas o veredito. Elas ficaram em choque E a gente vê que, de fato, esse é o novo normal nos Estados Unidos. Voltamos para 2015.
Fernanda Belfort:Mas De fato esse é o novo normal nos Estados Unidos. Voltamos para 2015. Mas isso não foi uma coisa que o executivo fez O poder executivo. Isso foi algo que foi Não, mas acho que é o clima.
Andrea Janér:É o clima Fê. Acho que é o ambiente. É o ambiente. Acho que, desde que o Trump venceu no ano passado, o ambiente nos Estados Unidos é esse.
Andrea Janér:As pessoas voltaram a achar natural, a naturalizar o machismo, alguns absurdos que não eram mais Alguns absurdos, que a gente já não era mais tolerados, né Eles eram talvez até enrustidos, mas eles não eram mais naturalizados. A gente agora tá voltando pra um momento em que assim as pessoas têm mais liberdade, se sentem à vontade para falar ufa, que bom, agora eu não preciso mais ser politicamente correto, eu posso dizer o que eu penso. Então esse ambiente é propício para esse tipo de decisão como essa.
Fernanda Belfort:Quem decidiu foram os jurados, foram pessoas comuns, tem Que acabam vivendo um pouco essa pressão É, e acho que tem muito esse negócio. imagina, eu jamais deixarei uma filha minha estar num ambiente desse, numa situação dessa, sabe coisas né? e daí tem o vídeo pra mim que mais impressiona é aquele que ele tá batendo numa namorada no corredor do hotel, no corredor de um hotel. Aquela é uma das cenas mais violentas e puxa ela pelo cabelo de volta.
Andrea Janér:É um negócio inacreditável e isso acontece todos os dias com mulheres de todas as classes sociais em várias partes do mundo.
Fernanda Belfort:Então, assim.
Andrea Janér:Isso é uma vergonha e a gente ter ignorado, por mais que tecnicamente, juridicamente, esta acusação não estivesse nesse escopo. Eu acho que é o conjunto da obra. Né Ele não poderia ter saído ileso não digamos ileso ele vai ter uma pena né Mas ele não poderia ter sido. Ah, mas tá barato pra Debel, né Perto do que devia ser tá bem barato né Tá, bem barato Tá muito Dea falando em barato e caro.
Fernanda Belfort:Acho que é outro assunto que dominou a mídia essa semana, foi a tal da Big Beautiful Bill. A gente já falou disso, então não é uma novidade, mas acho que agora já primeiro o Trump deve assinar a lei hoje. Hoje é 4 de julho, estamos gravando no dia 4 de julho, feriado nos Estados Unidos, a independência americana E é o dia Gente, até nisso é tudo dele né.
Andrea Janér:Muito emblemático Como aniversário no dia da bandeira, daí faz aquela parada militar, aí vai assinar a Big Beautiful Bill no dia do 4th of July. Certamente vai ter todo um, deve ter toda uma coisa. assim um evento né pra marcar a assinatura da Big Beautiful Bill no dia 4 de julho.
Fernanda Belfort:é uma doideira, isso mesmo é o jeito né, e acho que vale a pena a gente voltar pra falar um pouco mais, porque esse foi um assunto que teve muito presente na mídia essa semana.
Fernanda Belfort:E assim, essa lei né é uma lei de 887 páginas. Ela tem um monte de coisa ali no meio, então tem muitas matérias saindo falando de cada uma das coisas, cada um dos temas ali dentro provavelmente já geraria muita discussão né, e o que acontece é que eles estão aumentando né, eles estão diminuindo impostos, estão cortando impostos e por outro lado, eles estão diminuindo o custo de várias coisas. Se você for pensar de um ponto de vista e todo mundo começou a criticar a lei, eu falei gente, mas assim, quem fez essa lei fez pensando no quê? Não é possível? Qual era o racional por trás? E uma coisa que eu entendi foi que quando eles fazem esse tipo de análise, obviamente o pensamento por trás que é um pensamento bem entre aspas, republicano é de que o cidadão não deveria ter coisas de graça, ele deveria trabalhar para ter as coisas, que é a essência do capitalismo. Então, se você pega e tira impostos, desonera de alguma forma o custo de investimento e tudo. As pessoas acabam investindo mais nas empresas e tudo isso ativa a economia, tem mais empregos. Isso faz a economia crescer.
Fernanda Belfort:Você, por outro lado, desonera o Estado, que é um problema que os Estados Unidos está. Ele está com nível de endividamento de dívida interna grande. O próprio Ray Dalio a gente já falou isso em outras ocasiões tem toda uma teoria de que os Estados Unidos tem que chegar em 3% de dívida, o percentual de dívida versus o PIB, que é o percentual saudável. Ele está muito acima disso E ele desoneraria de outras formas. Então tem um pouco desse racional que faz sentido nessa narrativa.
Fernanda Belfort:Mas a forma que eles estão fazendo isso é primeiro, eles estão cortando impostos. Os impostos são cortados a partir de agora mais rápido do que o resto e tem muito corte de imposto que acaba favorecendo os ricos, e eles estão tirando incentivos e coisas de várias áreas, mil complexidades no meio disso tudo. Mas eles estão tirando bastante dinheiro do Medicaid, que é o plano de saúde lá que eles têm, como se fosse o Bom é a saúde deles nos Estados Unidos. Eles estimam que vai ter uma redução de 1,2 trilhões de dólares disso porque eles vão passar a exigir comprovação de trabalho, aumentar a burocracia, um monte de coisa.
Fernanda Belfort:Ali E eu estava ouvindo um podcast super legal vou deixar o link aqui do Ezra Klein discutindo um pouco esses efeitos e falando que no fim do dia eles acabam criando tanta coisa, tanta coisa processual, tanta burocracia e tudo que eles vai de alguma forma obrigando as pessoas ou levando as pessoas a não conseguirem mais ter o seguro. E isso não é que eles estão aumentando a eficiência e eles vão continuar atendendo as pessoas por um custo menor. Eles vão deixar a gente doente, efetivamente sem atendimento médico. Eles estão tirando a parte de incentivo de alimento, os cupons e as coisas para as famílias que precisam. Então eles estão tirando uma série de coisas que na verdade eles estão chamando de a lei do Robin Hood às avessas, porque eles estão tirando dos pobres para dar para os ricos. Então acho que tem aí uma discussão que por si só já é muito grande. Além disso, eles estão E teve essa discussão.
Fernanda Belfort:Toda essa lei foi aprovada pelo Senado. Deu um empate de 50 votos a favor, 50 contra e quem foi o voto de Minerva? foi o JD Vance. Ele que desempatou aí foi pra Câmara. Ganhou de 18 votos, desculpa para 214, então quer dizer por 4 votos ganhou. Todos os democratas votaram contra, dois republicanos votaram contra, todo o resto votou a favor e mesmo os que votaram a favor de alguma forma, vários deles deram entrevistas ou coisas falando mal da lei. Você fala gente que loucura o que os caras estão fazendo E eu acho que tem alguns aspectos aí que são importantes da gente conversar. Eu acho que tem um aspecto que é toda a parte do impacto que isso vai ter na economia americana. Então eu juntei também com uma outra matéria do The Economist interessante E o próprio Wesley Klein.
Fernanda Belfort:Ele vai explicando que existem dois tipos de análise para esse tipo de coisa de lei. Tem uma análise que eles chamam de scoring estático, que o que eles fazem, eles simplesmente pegam ali o que está na lei e estimam tá bom, se a gente tirar todos esses impostos, quanto que a gente vai perder de receita e de arrecadação para o Estado. E se a gente implementar tudo que está na lei que vai gerar economia para o Estado, cortes quanto que isso dá E eles fazem um total. E aí tem a segunda visão, que é o scoring dinâmico, que leva em consideração aquela dinâmica dinâmico. Dinâmica, aquela dinâmica que eu estava falando De você falar bom, bacana, mas se isso tudo estimular o crescimento de emprego da economia e tudo você está falando de um percentual de imposto menor sobre uma pizza maior Então talvez essa arrecadação cresça.
Fernanda Belfort:Só que mesmo se você faz com um scoring dinâmico E nesse caso a estimativa estática deu que vai ter um custo direto de 4,6 trilhões de dólares em 10 anos E a estimativa dinâmica deu que o custo final vai ser de 5 trilhões de dólares, ou seja, vai ser maior o custo com análise dinâmica do que com análise estática, e isso é uma loucura. Já teve um momento de ter discussões e ter aprovações de leis que na estimativa estática estava ruim, mas na dinâmica fazia sentido. Agora uma lei que não faz sentido nenhuma das duas e o Trump que vinha falando em desonerar o Estado, em fazer o Doge, em fazer tudo isso, assim a coisa não faz nenhum sentido E isso gera uma bomba relógio da dívida. Então aqui, até pegando os dados dessa matéria do The Economist, o déficit atual dos Estados Unidos é de 6,7% do PIB, então está quase em 7%. Segundo o Ray Dalio, ele devia ir para 3%. Esse é um dos maiores da história em tempos de paz. Com essa situação toda, ele deve ultrapassar o valor que estava na Segunda Guerra Mundial, que foi o pico.
Fernanda Belfort:Então as projeções indicam que para reverter esse rombo seria necessário cortar gastos ou subir impostos em 5% do PIB ao ano, que é pior do que assim é muito, muito grande. Isso tem um risco macroeconômico enorme e uma possibilidade de inflação forçada, de repressão financeira para lidar com essa dívida. E por que tudo isso impacta? Porque assim o governo precisa pegar dinheiro emprestado. Se ele precisa pegar dinheiro emprestado e ele tá com uma dívida grande, ele tem que pagar uns juros mais alto.
Fernanda Belfort:E aí esse pensamento todo da dinâmica de ah, eu vou investir mais nas empresas, eu vou ganhar dinheiro, eu vou gerar emprego, vai, eu vou ganhar dinheiro, eu vou gerar emprego, não acontece, porque daí você fala bom, se eu posso colocar o dinheiro no Tesouro Americano e ganhar mais juros, por que eu vou investir na economia, e isso tudo entra num ciclo muito ruim. Então eu acho que, além de todo lado, do quanto está tirando dos pobres, das pessoas que precisam mais e privilegiando muitas vezes os muito ricos, e essa inversão toda, mesmo do aspecto macroeconômico, a coisa não faz nenhum sentido. Ou seja, gente, olha, eu tento ser uma pessoa imparcial, entender os dois lados de tudo, mas eu não consigo entender o porquê dessa lei E acho que é por isso que o Elon Musk está tendo um surto, né Dé.
Andrea Janér:Total, que o Elon Musk está tendo um surto na ideia Total. Essa semana inclusive, num enorme plot twist, o famoso feitiço virou contra o feiticeiro. O Trump até disse que estaria inclinado a pensar sobre uma possível deportação do Musk. Ele falou ah, we will look into that. Eu vou pensar nisso. Isso tudo porque o Musk veio a público criticar mais uma vez a Big Beautiful Bill, só pra gente relembrar esse.
Andrea Janér:Foi aí um ponto de fratura na relação dele com o Trump lá atrás. Foi ali que começaram, pelo menos ao que parece na mídia, foi ali que começaram os desentendimentos entre eles, o Trump indo em frente com essa lei e o Musk alertando para que isso era uma tremenda estupidez, que ele jamais deveria ter feito isso, e o Trump. E o Musk fez isso diversas vezes, fez vários posts no X falando sobre isso, irritando profundamente o Trump e levando o Trump a chegar agora a esse ponto de dizer que vai colocar o doge em cima do Musk ou seja, vai investigar todos os benefícios, todos os incentivos que o Musk teve para suas empresas, então vai rever contratos que ele tem com o governo. Então, de fato, essa amizade azedou de vez. Mas eu acho que, de uma certa forma, acho que o Musk tem uma visão.
Andrea Janér:Também os vieses que ele tem econômicos são diferentes. Eles tem visões de economia muito diferentes. Os dois sempre tiveram, e eu acho que o maior problema que a gente vai ver agora essa discussão vai perdurar por muitos e muitos anos é que essa Big Beautiful Bill é muito mais do que apenas uma reorganização fiscal. Ela evidencia uma mudança profunda de valores na forma como o Estado americano enxerga o seu papel na proteção social.
Fernanda Belfort:É profundo e cruel.
Andrea Janér:Cruel. Quando você olha, por exemplo, para não sei Suécia, dinamarca, os países nórdicos que são conhecidos por serem welfare states, ou seja estados super inchados, onde se conhecidos por serem welfare states, ou seja estados super inchados onde se paga impostos altíssimos média 50% de imposto Mas o Estado oferece uma infraestrutura social, de educação, saúde, apoio, por exemplo, aos cidadãos para que eles possam empreender, para que eles possam trabalhar, em outras coisas. Tudo isso é feito de forma tal que eles acabam sendo países onde existe uma sensação de segurança muito grande. Por isso os índices de felicidade sempre têm esses países no topo, porque a segurança, saber que tem um Estado cuidando de você não necessariamente criou uma nação de pessoas acomodadas. Isso é muito interessante porque eu tive a oportunidade de visitar a Suécia um tempo atrás com um olhar de negócios. Não foi apenas turismo.
Andrea Janér:A gente visitou empresas, visitou hubs de aceleração de startups e tal, e a Suécia, por exemplo, é um país extremamente inovador. Quando você olha a quantidade de empresas hoje globais que nasceram lá. Isso desafia essa assumption, esse mito de que quando o Estado é muito provedor, as pessoas se acomodam e não crescem, não têm ambição e o país não vai para frente. Acho que a Suécia e a Dinamarca especialmente desbancam esse mito porque você tem um Spotify, você tem uma Electrolux, você tem uma Klarna Unicornius. A Klarna é um unicórnio europeu. Né e nasceu porque as pessoas lá sabem Novo Nordisk, né.
Fernanda Belfort:Devemos um OZP que além da Lego Exato exato.
Andrea Janér:E por quê? Porque quando você sabe que você pode falhar, que você vai continuar tendo comida na mesa e seu filho não vai precisar sair da escola, você tem outro apetite pra risco então as pessoas? empreendem porque elas sabem que elas podem.
Fernanda Belfort:Pode não dar certo e elas vão continuar tendo o básico ali resolvido mas concordando com você e te desafiando um pouco, eu concordo, mas assim também o ideal do que são os países nórdicos, e tal é uma coisa que está muito longe do que a maior parte do mundo. Agora, cara, a gente não está nem querendo a garantia de que você vai ter um Estado cuidando de você num sistema desse de welfare e tudo. Cara, é assim. talvez eu tenha câncer e eu não consiga ter tratamento de quimioterapia, Talvez eu tenha Cara, assim são coisas.
Fernanda Belfort:Não, mas é que pra mim na pirâmide de Marvel a gente tem coisas muito básicas, que a gente, que eles vão tirar Coisas, que aliás, no Brasil a gente pode questionar a qualidade ou não, mas a gente pode questionar a qualidade ou não mas a gente tem SUS, a gente tem várias coisas que lá não existem. Assim não existem.
Andrea Janér:É, mas eu acho que a gente vai ter que examinar mais de perto esses sistemas, né Que são um capitalismo socialista, um socialismo capitalista, alguma coisa assim, porque eu acho que a gente agora, com essa proximidade de uma verdadeira revolução no trabalho, com o aumento das ferramentas de inteligência artificial, aí se tornando cada vez mais onipresentes e mais poderosas porque elas vão evoluindo, vão crescendo, vão melhorando e certamente vão ameaçar os empregos, a gente vai ter que olhar para algum tipo de apoio, que é algo tipo uma renda básica universal, um bolsa família, algo que enfim, que tenha uma boa estrutura, como é por exemplo na Suécia, que o seguro-desemprego não é algo que você simplesmente vai receber para sempre. Você aplica para receber um seguro-desemprego e você tem um valor que é reduzido com o passar do tempo, justamente para estimular a pessoa a buscar uma recolocação, para ela não ficar eternamente recebendo aquele valor e sendo apenas um ônus para o Estado. Então a ideia é que ela tenha uma segurança e essa segurança vai sendo diminuída com o passar do tempo para que ela possa se recolocar no mercado. Então eu acho que essa discussão da Big Beautiful Bill, ela é uma discussão que sempre vai dividir as pessoas, que têm uma visão mais liberal do mercado de estado menor.
Andrea Janér:Mais enxuto população que tem que se virar, tem que correr atrás. Mais enxuto a população que tem que se virar, tem que correr atrás, versus uma visão um pouco mais do Estado mais humanitário, que está ali para ajudar entendendo as diferenças, os privilégios, as origens das pessoas. O Estado que pode ser considerado mais paternalista, como os republicanos gostam de falar, o.
Fernanda Belfort:Estado paternalista. E por isso que eu fui atrás dessa explicação econômica Dea, porque eu concordo que tem uma parte que é meio conceitual E daí tem gente que acredita numa coisa, tem gente que acredita na outra, e tudo bem. Agora, quando a conta econômica não fecha assim, cara, é muito doido. Né Dea Porque o Trump fez uma campanha falando em diminuir o Estado, né Os red states são os Estados republicanos são os que mais vão sofrer com tudo isso. Então quer dizer a coisa tá totalmente torta. Né Totalmente torta.
Andrea Janér:É, mas é uma aposta dele, né Fê. Eu acho que assim e tudo isso, o objetivo dele não mudou o Make America Great Again passa por cortar talvez mais fundo. Então acho que isso tudo eu tô falando assim é a narrativa dele. Né a narrativa dele é de que pra chegar nessa Great America que ele quer ter de volta precisa passar por, né precisa tomar esse remédio amargo aí. Então essa é a narrativa. A gente vai passar por um momento turbulento, um momento difícil, mas lá na frente tudo isso vai se justificar.
Andrea Janér:O problema é que ele não tá entendendo enfim, pelo menos é a minha visão. Ele não tá entendendo que o pelo menos é a minha visão. Ele não está entendendo que o mundo daqui a dois anos vai ser completamente diferente. Ele tem uma visão muito antiquada, muito dos anos sei lá 80, das coisas. Né, então, esse mundo que a gente está vendo agora, que está nascendo a partir dessas novas tecnologias, ele vai agravar essa situação. A gente vai ter mais pessoas que vão precisar da ajuda do Estado. O papel do Estado já teria que ser revisto anyway. Essa é a realidade.
Fernanda Belfort:E a gente precisaria tirar riqueza das grandes empresas que vão lucrar com tudo isso. Para passar para o resto Sim, sim, exato.
Fernanda Belfort:E você sabe que eu estava comentando com você que eu assisti um painel que teve o Asper Ideas semana passada, e eu assisti um que ainda está assim né Wait for approval ou hold for approval no meio do título, mas que é da Brenner Brown lá E tem uma parte, até que elas comentam que assim, de todas as revoluções industrial, né Todas as revoluções que teve, nunca teve uma revolução como a de A, que tivesse com o poder todo da transformação e tal tão concentrado em poucas pessoas, em poucas empresas, em poucas coisas. Então, assim já tem. Concordo com você. Eu não estava nem juntando o Big Beautiful Bill com esse outro aspecto, mas tem tudo isso acontecendo do outro lado.
Andrea Janér:Sim, e a gente estava. Eu imagino que as nações vão ter um papel muito mais protetivo da sociedade. Deveriam ter um papel muito mais protetivo da sociedade do que elas vinham tendo, porque é inevitável que isso aconteça. Né, eu acho que pra mim o que me preocupa é o Trump não enxergar isso, a equipe dele não enxergar isso. Parece que eles estão vivendo num vácuo. Assim eles estão olhando.
Fernanda Belfort:Ah, eles estão pensando no deles. Né Dea, a verdade é essa. E você verdade é essa, sim, mas Eu estava lendo também uma matéria que me chamou a atenção. No The Atlantic tem uma matéria falando que a parte mais perversa do Big Beautiful Bill E pra mim eu estava esperando ouvir do Medicaid, eu estava esperando ouvir de alguma coisa assim E no fim a matéria é sobre energia limpa E ela fala que quem segurou de certa forma né assim do ponto de vista de oferta de energia nos últimos anos nos picos e tudo foi a energia limpa, e que o que eles estão tirando né então parece que o que tem nessa Big Beautiful Bill é que eles estão revogando os créditos fiscais para novos projetos de energia solar, eólica, armazenamento, estão colocando restrições severas de produção nacional que tornam quase inviável a construção de novas usinas limpas, e eles exigem que projetos comecem até 2026 e estejam operacionais até 2028, ou eles perdem os incentivos E com isso eles estimam que os projetos futuros vão ficar 50% mais caros, muitos vão ser cancelados E eles vão falando por que tudo isso é autodestrutivo, porque eles falam que já falamos várias vezes aqui que a demanda de energia de IA, dos data centers e tudo é bizarra é enorme, né a gente tem mais veículos elétricos.
Fernanda Belfort:Aí tem uma relação até, obviamente, entre Tesla e tudo isso. a gente tem temperaturas mais altas, então uma dependência muito maior de ar condicionado, e que desde 2022 as contas de luz aumentaram 13% ao ano nos Estados Unidos, versus uma média né que antes era de 2,8%, então, sim, de quase 3 para 13, mais de quatro vezes maior. E que as renováveis que estavam segurando a onda, que 93% da nova capacidade elétrica veio de energia renovável nos Estados Unidos e que a hora que eles pegam e que inclusive se não tivesse esse tipo de energia, eles não iam ter segurado os picos de energia e eles teriam tido apagões em N situações lá E aí eles trazem a estimativa de quanto eles imaginam que vai ter de aumento na conta de luz. Então eles estimam tem lá um estudo do Energy Innovation, tem lá um estudo do Energy Innovation que projeta que até 2035 vai custar 777 dólares a mais por ano na conta de luz de alguém no Texas, e daí eles vão colocando todos os estados que vai ter um mega risco de apagão e instabilidade na rede elétrica e que tem vários impactos disso, não só na indústria de tecnologia, mas para as pessoas todas Que tem os efeitos de geopolítica, porque tem toda a parte de A e tal, e é uma coisa muito doida, porque eles falam segundo ele.
Fernanda Belfort:Ele fala que ele acha que no fim do dia tudo isso é quase como uma vingança contra os democratas, porque assim, por que atrás de energia limpa também Umas coisas que para mim não fazem tanto sentido, não tem uma ligação tão grande. E o pior de tudo isso é que provavelmente os efeitos de tudo isso vão começar a aparecer daqui a cinco anos E existe uma possibilidade de daqui a cinco anos ser um democrata no poder nos Estados Unidos E daí a bomba está armada, gata Entendeu?
Andrea Janér:Vai estar o negócio, entendeu?
Fernanda Belfort:A questão toda é que daqui a dois anos tem eleição de congresso americano.
Andrea Janér:Então o Trump tem muito pouco tempo, na verdade, na prática, para demonstrar os resultados dessa revolução que ele está fazendo. Ele tem basicamente um ano e meio para poder se garantir e mostrar que esses efeitos vão aparecer rápido. Eu acho difícil, por isso que muita gente está falando, mas foi quase que um suicídio político que ele fez, porque ele soltou essa bomba. Agora isso vai estrangular a economia americana por um bom tempo e vai ter impactos globais enormes. Todos esses impactos sociais, ambientais também vão ser sentidos e daqui a um ano e meio tem eleição. Então como é que isso vai acontecer? né?
Fernanda Belfort:Então, mas aí, assim, não revertendo essas coisas em dois anos daqui a quatro anos, isso já tem uma dimensão que você não resolve em um ano, em dois anos.
Andrea Janér:Não, não sem dúvida.
Fernanda Belfort:O próximo presidente vai sentar numa cadeira.
Andrea Janér:Não, o mal está feito.
Fernanda Belfort:Exato. o próximo presidente vai sentar numa cadeira, O mal está feito. O próximo presidente republicano-democrata ou do novo partido, como o sul-africano Elon Musk, quer se não for deportado. hashtag piada, Mas que essa é muito boa Entendeu. Quando eu vi essa notícia, eu falei nossa, me deu até vontade de fazer uma pipoca, porque realmente é delicioso.
Andrea Janér:Só lembrando aqui o que a Fê tá falando, que foi muito bem lembrado, Fê, o Musk tinha avisado que se a Big Beautiful Bill passasse, ele ia criar um novo partido político, um terceiro partido político nos Estados Unidos.
Fernanda Belfort:E voltou a falar disso agora, né Exato. Ele vai cumprir a promessa E virou e falou que ele vai garantir que nenhum dos senadores, dos deputados que votaram a favor da lei vão se reeleger. nem seja a última coisa que ele vai fazer na vida, porque agora ele vai atrás, quer dizer bom pela primeira vez Ele leva isso pro pessoal também.
Andrea Janér:Né Vira uma coisa meio pessoal, agora vai virar uma questão E eu acho que assim, de fato, a gente tá assistindo a história acontecer. Né, porque eu acho que não houve nada tão grande como essa Big Beautiful Beauty desde o New Deal, né Então, assim agora é uma nova era, até porque a gente está vindo de um de algumas sequelas ainda de pandemia. Os Estados Unidos, assim como vários países, criou muitos programas de apoio à população na época da pandemia, então assim acabou, acabou, e isso vai dar uma sensação de insegurança para a população americana que a gente vai sentir isso muito de perto. Acho que vamos ouvir muitos relatos dramáticos de pessoas, de desemprego, de aumento na desigualdade, de falta de acesso a questões básicas de saúde, de moradia.
Andrea Janér:Vai ser muito duro para os Estados Unidos, vai mesmo, e isso vai afetar as marcas todas porque o consumo vai mudar. Acho que nesse primeiro momento já vai se sentir, acho que um choque aí Enfim se fala em recessão, as pessoas vão perder seu poder de compra, enfim uma série de impactos aí que vai ser economicamente importante não só para os Estados Unidos mas para o mundo todo. É um experimento, vamos assistir esse experimento de perto.
Fernanda Belfort:E aí Dé a gente vai falar agora das demissões e do futuro do trabalho, ou a gente vai falar de gadgets de viagem. Me conta Como tá a sua vibe gata.
Andrea Janér:Eu acho que essa história do trabalho é super conectada com esse tema da Bill né, então vamos continuar pra essa vai que a gente tem várias pautas prontas, aqui, gente, vamos lá Eu acho que essa história da Microsoft essa semana ela também é muito emblemática, né.
Andrea Janér:Acho que só para aqui, trazer aí o contexto para todo mundo. Essa semana a Microsoft que, se vocês lembram bem, em março tinha anunciado uma demissão de mais ou menos 6 mil pessoas, né 3% da sua força de trabalho Agora essa semana anunciou mais um corte, né Dessa vez de 9 mil pessoas. Globalmente, então agora é uma demissão de aproximadamente 4% da sua força de trabalho, o que soma, só em 2025, mais de 15 mil postos eliminados da Microsoft, num ano em que a Microsoft está muito bem. Não é que ela está enfrentando dificuldades, não é que ela está precisando cortar custos para fazer algum turnaround, ela está muito bem, ela está ganhando muito dinheiro, o que leva a gente a se perguntar então, por que isso? isso ainda é também sequela de pandemia, quando eles ainda contrataram muita gente para expandir. Agora estão calibrando melhor as suas posições, né Enfim.
Andrea Janér:Acho que essa é a discussão E a gente sabe, no fundo, que isso já é reflexo de muitas posições que estão sendo substituídas por inteligência artificial. A Microsoft está fazendo isso de uma forma muito transparente, muito aberta, mas acho que de novo a gente está vivendo um momento, desde o início do ano também em que mais e mais CEOs estão vindo a público para tornar mais clara essa transformação que eles estão fazendo nas suas empresas. Deixou de ser constrangedor fazer isso. Eu lembro que a gente teve ano passado alguns layoffs. As empresas ficavam muito naquele discurso de que não, a inteligência artificial vai potencializar a criatividade humana, ela vai aumentar a nossa produtividade, ela vai ser o nosso co-pilot E a gente sempre falou aqui no Duplo Clique gente, eu também falei sempre isso na auction.
Andrea Janér:Isso é narrativa. A verdade não é bem essa. A verdade é que nós vivemos num sistema capitalista e sempre que a gente puder fazer mais com menos, a gente vai fazer. Então esse é o mandato dos CEOs. Hoje em dia eles estão sendo pressionados, inclusive pelos seus investidores, a cortar custos exatamente. Vamos lembrar, vamos fazer um step back aqui. Vamos lembrar que quando o Elon Musk comprou o Twitter e transformou o Twitter no X, ele cortou 80% da força de trabalho do Twitter. Na época Isso foi amplamente criticado na mídia E três, quatro meses depois, alguns analistas começaram a observar que o Twitter naquela época já tinha se transformado em X.
Andrea Janér:Continuava operando, continuava estável. Teve aí uma ou outra intercorrência de plataforma, mas no geral continuou funcionando E eu me lembro que isso virou um mantra entre alguns CEOs. As pessoas citavam o Elon Musk como exemplo. Você está vendo, ele conseguiu operar a empresa com 20% do que ele tinha. Então por que a gente não faz isso aqui também?
Andrea Janér:Tipo, gerou um movimento de gente. Ele é um visionário, a gente pode operar uma empresa mais leve E acho que de lá para cá ele fez escola. Não estávamos ainda nesse auge da inteligência artificial como a gente está agora, em que isso virou realmente a pauta do momento. Mas de uns dois meses para cá eu tenho visto cada vez mais os CEOs admitindo, como da Duolingo, como Shopify a gente comentou aqui sobre esses casos específicos o CEO da Shopify que fez uma carta para os seus funcionários dizendo quem não usar inteligência artificial está fora.
Andrea Janér:E qualquer nova vaga que vocês queiram abrir, vocês primeiro têm que justificar por que essa vaga não pode ser feita por uma IA. Então esse vai ser o novo normal gente, essa é a música. Daqui para frente A gente vai ter que tocar essa banda aí. É assim que vai funcionar. Então, assim eu tava na sei lá. O Andy Jassy da Amazon é o outro que também não teve o menor pudor em dar uma entrevista dizendo a gente tá passando um pente fino nas nossas posições e transformando tudo que a gente pode transformar em inteligência artificial.
Fernanda Belfort:Então assim gente não tem mais dúvida É, mas eu acho que o que aconteceu agora é assim. Nós já sabemos, né O mercado está de alguma forma apontando para isso, falando de que não é hype, não é nada, que no fim do dia as pessoas não estão entendendo o que está acontecendo. Eu às vezes vou também, sabe, paro para tomar o café, para almoçar com meus amigos que são super por dentro de ar, além das minhas conversas com você me amusa e a gente fala cara a galera, ainda não entendeu o que está vindo. O que está vindo é muito grande a galera de tech. Não quero te interromper mas pode me interromper?
Andrea Janér:estamos numa conversa, vai. Eu acho que a galera de tech ela percebe, mas ela tem uma perspectiva muito romântica e quase Não é ingênua, mas quase alienada né De dizer não, você não entendeu. Claro que vai eliminar muitos empregos, mas vai criar outros, vários, Outros tantos serão criados.
Fernanda Belfort:Veja o que aconteceu, por exemplo. Mas Bé, eu não sei até que ponto isso é defesa, né Assim mais do que Eu acho que tem um lado de você ver, tá claro que não será na mesma proporção.
Andrea Janér:Não vai ser na mesma proporção, gente.
Fernanda Belfort:Mas eu acho que assim o que tá acontecendo agora é que antes tava todo mundo nesse discurso meio que de de negação não vai mudar, vão aparecer alguns, mas vão aparecer outros e tudo. Agora a gente está ouvindo efetivamente. Tem uma matéria no Wall Street Journal dessa semana vou deixar o link aqui também interessante, falando isso, falando que agora os CEOs estão falando claramente, abertamente, como você acabou de colocar, e a gente já está vendo isso acontecer, e que eu ouvi também uma análise interessante outro dia de que essas evoluções aconteceram ao longo da história. É interessante a gente olhar para trás, mas que até quando teve a industrialização, antes a maior parte das pessoas trabalhava no campo, tinham empregos rurais, tinha um monte de filho, trabalhava de segunda a segunda para fazer as coisas não sei quantas horas no sol, não sei o que. Lá De repente veio uma máquina que vai lá e colhe todas as coisas e gera um mega desemprego porque tem alguém mais eficiente fazendo isso. Obviamente teve um período difícil no meio de desemprego, porque tem alguém mais eficiente fazendo isso. Obviamente teve um período difícil no meio aí de desemprego e tudo.
Fernanda Belfort:As pessoas foram para as cidades, foram trabalhar na indústria. No começo tiveram uma qualidade de trabalho péssima, depois foram ganhando direitos E hoje a jornada padrão na maior parte dos países ocidentais aqui tudo é de cinco dias por semana. As pessoas têm uma qualidade de vida em teoria melhor do que elas tinham quando elas trabalhavam no campo e as coisas se readaptaram. A gente vira e fala puxa, que empregos não estão desaparecendo, hoje Os empregos que a IA não pode substituir. E é muito doido, porque tem empregos que eu não vejo a IA substituir tão fácil ou de nenhuma forma, porque envolvem o contato humano ou são coisas muito manuais que ainda não tem tecnologia para fazer.
Fernanda Belfort:Mas tem coisas que assim motorista tá bom, então de repente vai vir o carro lá, os Weymouths, que dirige os robotaxis e daí não vai mais ter emprego de Uber. Mas também esses empregos foram inventados pela indústria e pela tecnologia tipo dez anos atrás, porque também antes não tinha quem dirigisse Uber. Então tem uma outra coisa que vai acontecer Agora. Essas transições nunca são suaves, né e existe essa discussão toda de que já está claro que tem menos vagas iniciantes. Né isso é uma coisa, tem um artigo da McKinsey até interessante também falando isso né Que assim menos vagas para iniciantes, existe desemprego entre os recém-formados Você estava comentando isso.
Andrea Janér:Outro tema que a gente falou muito isso aqui no. Também falamos muito aqui no.
Fernanda Belfort:Duplo, Clique essa coisa do entry-level jobs né. Perfeito E que tem esse lance, lance que até eu e você, a gente, estava comentando no esquenta desse episódio. Né, deade, que tem coisas que tudo bem, se automatiza a parte, né que vai continuar existindo a função para menos gente, mas vai continuar existindo aquela máxima de que você não vai perder o emprego para IA. Você vai perder o emprego para quem usa IA melhor do que você, mas também tem um outro. Você estava me dando, dando o exemplo dos tradutores Conta aqui Dé.
Andrea Janér:É uma entrevista super interessante que o CEO da Klarna. Klarna é uma das maiores fintechs da Europa hoje em dia, talvez a maior né. Eu não me arrisco a falar o nome dele porque é um sobrenome super complexo, mas vou me ater ao primeiro nome dele, que é o Sebastian, e ele estava dando uma entrevista.
Fernanda Belfort:Ah, não, agora, eu quero ouvir você falar o sobrenome Vai, pode falar.
Andrea Janér:Ai Fê vou ter que falar É o CEO da Klarna, Sebastian Siemiatkovski.
Fernanda Belfort:Ó, não foi tão bem. Né Não tem uma vogal né Tipo, é impossível.
Andrea Janér:Na pauta. Eu nem escrevi, eu dei um copy-paste com medo de perder alguma letra, mas enfim. Ele deu uma entrevista super interessante para a Economist porque mais ou menos um mês atrás saiu que eles estavam substituindo o atendimento ao cliente por inteligência artificial E ele voltou atrás umas três semanas depois dizendo que não tinha dado certo que eles aceleraram muito essa substituição.
Andrea Janér:Tiveram alguns episódios negativos, portanto eles iam voltar com um atendimento humano E isso é muito engraçado porque rapidamente a mídia já veio assim tá vendo, é nisso que dá você acelerar todas as funções rápido. você precisa de pessoas nessas funções e tal, o que na verdade não é bem assim, porque a gente já teve aí o telemarketing sendo substituído pelos bots. a gente já viveu esse momento e vai ser cada vez mais comum. E aí ele deu uma entrevista agora para a Economist para de uma certa forma colocar isso em pratos limpos e explicar como foi esse processo e por que ele fez. depois voltou atrás E ele deu uma entrevista muito assim clara, muito franca, dizendo assim de fato a gente mudou algumas coisas que a gente tinha feito porque achamos que ainda não estava na hora. Mas gente, vamos colocar aqui o bode na sala. Não tem outro desfecho para essa história.
Andrea Janér:Muitas funções, mais do que a gente imagina, vão ser substituídas. Essa vai ser a grande pauta dos próximos anos E acho que os políticos que estão no poder hoje vai ser no mandato deles que essa bomba vai estourar. Como é que a gente vai lidar com uma sociedade em que boa parte das pessoas não vão ter outra profissão? vai ser um. é o próximo grande desafio que a gente vai ter que resolver como humanidade. E ele explicou, por exemplo ele usou um exemplo que é bem enfim, é um exemplo quase meio óbvio dos tradutores, que é uma profissão que a gente já falou várias vezes, que é uma das mais que serão mais facilmente impactadas pelas ferramentas que já existem hoje de tradução simultânea. Mas ele explicou, por exemplo, que Bruxelas, na Bélgica, que tem ali toda a estrutura da União Europeia, tem cerca de 10 mil tradutores que moram lá e trabalham lá pra União Europeia. Então essas pessoas daqui a 4, 5 meses não tem mais trabalho, se é que ainda tem né gente.
Andrea Janér:Se é que ainda tem, porque tem gente que tem uma coisa da presença física de lá e tudo mais.
Fernanda Belfort:O tradutor que tá usando IA ele vai mandar traduzir, vai começar a ter prompt de revisar aquilo, vai depois dar uma lida pra ver se o negócio tá fazendo sentido, porque imagina o que tem que ter no negócio e é isso beijo. Mas assim não vai ter emprego pra toda essa galera, né. Vai ser uma pessoa efetivamente gerenciando agentes de tradução e checando a qualidade pra ver se tá tudo certo né.
Andrea Janér:Então pensa são, a gente tá falando do universo de 10 mil pessoas? tá, não é. Mas se a gente for extrapolar isso pra outras funções, se a gente fizer aqui um brainstorm e pensar em 15 profissões que provavelmente vão ser afetadas aí nos próximos seis meses, vai, a gente tá falando de 2025. Essas pessoas não vão ser, como o próprio Sebastian disse, um tradutor de 55 anos que mora em Bruxelas. Ele não vai. Quando ele perder o emprego de tradutor, ele não vai virar um influencer no YouTube, tipo. Ele não tem nem como ser reskilled upskilled, não tem mais muito ser reskilled upskilled, não tem mais muito o que fazer para uma pessoa dessa idade. Então o Estado vai ter que provavelmente sustentar essa pessoa E mais os outros 10 mil ali que perderam seus empregos. Desses 10 mil, talvez 100 consigam se recolocar em algum trabalho, talvez 100, 200, 300. Mas a grande verdade é que essas pessoas vão depender de alguma coisa do Estado. Vão depender do Estado.
Andrea Janér:Então, se a gente extrapolar isso pra sei lá, 80, 100 profissões que a gente já viu, que vão se tornar obsoletas nos próximos seis meses a um ano, começa a pensar em números e como é que essas pessoas vão viver, então aí isso volta no Big Beautiful Bill. Porque assim como é que os estados, como é que os estados, os governos vão se virar pra atender toda essa massa. Somado a isso envelhecimento populacional, a gente tem aí uma pirâmide se invertendo as pessoas vão trabalhar, vão trabalhar até sei lá 70, 75 anos. Na França acabou de subir essa idade. Agora Os governos estão se mexendo para aumentar a idade mínima de aposentadoria porque eles não têm mais condições de atender toda a população que está vivendo mais e não necessariamente melhor. É uma população que está adoecendo, então é uma grande. Quando a gente olha o big picture, tem muitos desafios pra gente resolver E aí quando eu vejo a big beautiful bill, eu falo poxa, mas que decisão isolada de um contexto de mundo.
Fernanda Belfort:Que decisão egoísta, isolada de um contexto de mundo E essa posição do Trump também, que é a mesma coisa. Teve o AI Action lá, que era o AI Safety, que foi em Paris, foi na Coreia. Depois, não desculpa Paris, não primeiro foi UK, aí foi na Coreia, agora foi em Paris e que dessa vez os Estados Unidos falaram vou assinar. Aí UK falou bom, se você não assinar, eu também não vou assinar, entendeu? aí a França falou bom, então também, eu vou investir pra construir data center E a coisa vai. Então é um conjunto de coisas que o mundo não tá se preparando e deveria estar se preparando pra isso, porque tá aberto.
Andrea Janér:É e assim essa colaboração, esse multilateralismo que a gente precisava, agora a gente tá vendo isso dar passos pra trás porque o Trump não tem diálogo, não quer conversar, e acho que isso vai tornar a situação bem complexa. Bom, não gostaria de acabar o nosso podcast nesse mood um pouco mais pessimista, mas acho que a semana não foi fácil, né Fê, então vamos esperar que semana que vem a gente tenha notícias melhores.
Fernanda Belfort:Ah, mas eu acho que não é pessimista. Gente Está tudo bem. Quarta que vem tem feriado, entendeu, eu vou viajar, que meu irmão que mora fora tá aqui, depois eu vou passar uma semaninha fora. Então é isso aí.
Andrea Janér:Gente, eu não lembrava desse feriado. É verdade, quarta-feira é gata, é E aniversário de minha pequena bibi também, dia 9.
Fernanda Belfort:Oh, delícia, entendeu, inesquecível, dia, importantíssimo no ano. Mas eu vou gravar com vocês de todos os lugares que eu tiver. Agora, você, eu vou gravar uma vez aqui, do interior de São Paulo. Aí, eu não vou ter gravação em Londres, mas eu vou ter gravação diretamente de Paris. Você, eu que vou estar chique. Você vai estar onde, amiga, você vai pra Suíça de novo.
Andrea Janér:Eu vou domingo pra Genebra pro AI for Good, onde eu espero ouvir discussões sobre esses temas aí Extremamente relevantes.
Fernanda Belfort:A ideia vai voltar cheia de ideias, né, e a gente depois vai começar a fazer uma sessão só de coisa boa, do podcast. Né, amiga, a gente vai fazer uma parte de notícias assim, uma outra parte de meu, e vamos agora contar todas as coisas otimistas e coisas legais que a gente viu, mas otimistas e coisas legais que a gente viu, mas é isso Semana que vem a gente não vai conseguir gravar sexta, mas gravamos domingo.
Fernanda Belfort:Tá bom, a gente vai dar um jeito nas agendas Queridos. Muito obrigada, obrigada por mais um episódio e até a semana que vem. Beijos, obrigada, tchau, tchau.